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cria fama e... THE OSCAR GOES TO… O artista da fome é um livreto, mas tenho um vizinho que é, ele também, como todos os seus pares, de certa forma, um artista da fome, que sempre está com uma perna quebrada, a outra está luxada, ou com os braços em má situação, ou com um corte no queixo, não fala nada o artista, mas isto é algo antigo nele, porque sempre foi só um fantoche o artista com suas pinceladas, partituras, esculturas, gosta de mostrar que está por dentro das recomendações explícitas e subreptícias de amos e amas: god save the king, god save the queen (more), save the eurotunnel, eurodolar (o país dos dez mil "li" vem aí, vem aí a lavoura de mandarins). Foi nos bailes da vida... Aqui perto de casa há uma grelha enorme no chão de cada pista da avenida, que não dão vazão à água e, principalmente, aos mil dejetos plásticos, sofás, pneus, portas de casas, tijolos, geladeiras e fogões, sanitários e baús. Tudo é lixo, gente. Voltemos ao artista:
                                                                                                                                       FOGUEIRA viu uma fogueira em cada porta de um lugar do qual não se lembra, madeiras e ossos estalando, porque delícia pouca é besteira, porque inferno pouco é bobagem, o fogo é a estalagem na qual aqueces a comida, vai contigo à montanha, recobre de cinzas tuas pegadas, sim, o viajante viu fogueiras em cada rua, o rosto e a bunda da dúvida, o bafo da carne rasgada e bem temperada, sete goles de sorrisos com limão e gengibre, crianças com varas de marmelo nas mãos, correndo atrás do próprio riso, correndo atrás dos pais, de avôs e avós, ó, a vida é um caracol, espiral que não se pode desprezar,   caro amigo, se nenhum de nós tem ninguém em quem confiar; então, confiemos em nós mesmos, pactuemos entre nós mesmos Poema: DMC Imagem // Image: (?)
FROM DIGITAL AGE TO STONE AGE (to wake up or not?) O meu amigo Opabília tem cinco olhos com os quais preserva-se de um mundo todo ele olhos, mais para malévolos (os do mundo) do que para outra intenção. Expressões como pedra sobre pedra, olho por dente, dente por olho e a educação pela pedrada ele segue-as à risca, segue o tema para jovens enamorados mais de si do que do seu entorno, pelo que está bem longe de mim reprovar-lhe tal atitude, que também eu me previno assim, por sempre escamoteado, espicaçado, mas sou carne nua e crua, e só mesmo um tempero adequado para a ele adequar-me eu mesmo, carne dura, fibra por fibra, carne de pescoço – como diz o povo, embebendo-se ele mesmo numa estopa cheia de combustível de imprevisível ascenção, de ignição destemperada, que o povo vive sua pedra, sua pedreira, sua educação pela pedrada na era digital. Foto e crônica: DMC
TURISTA EM VIAS DE ondas e rochas vivem seu tempo (clausura ou fobia, catre ou ambivalência: tudo é anseio), o tempo que lhes dá e tira o vigor (pensou nisso, debaixo da cascatinha, no Caraça), ambas sempre lutando contra ele até se perderem no redemoinho que faz a rocha ser areal, e a água evolar-se (mas essa é teimosa: volta) o tempo também luta contra ele mesmo sabendo que a rocha hoje granulada vai no vento a favor do esquecimento é também um amor numa esquina antiga (tinha olhos curtos, mas limpos)   esperando noutros possíveis e impossíveis ângulos Foto e poema: DMC
SÍNDROME DE FEVEREIRO os pés inquietos de fevereiro reviram-se na lama que os cobre, que é tempo é tempo de chuva, do que restou dela em dezembro e janeiro, a cólica feroz das nuvens nos pés de fevereiro, eis o assunto do dia nos jornais, mas outros assuntos logo serão a bola da vez, porque já é de novo fevereiro, e só algumas pessoas dão por exato conta disso: que os cabelos já não são os mesmos do fevereiro passado, mais calmos estando talvez os dedos das mãos, menos motivos talvez para sorrir tendo as criaturas do dia e da noite, insones e dorminhocos, todos tendo nos ombros os fevereiros que fizeram por merecer, a canção diz: "não viemos por teu pranto", então, resta ir aos vinte e nove dias deste mês (há dele de vinte e oito), e abrir-lhe o leque, porque fevereiro é a época dos pés soltarem de um jeito único a sua mania, sua ânsia anual por folia, que os pés, em fevereiro, são reis melódicos: adeus, bigodes da seriedade; adeus, sutiãs e outras barbari
A LAVRA: FOGO refutando com palavras (por que não com atos violentos?), lavras de fogo e água de beber (envenenada), se causam espécie nos mais e nos menos favorecidos, melhor é tirar proveito do silêncio, arguindo no proscênio das ruas a omissão ferrenha das leis, a ablução diária numa pia com água suja - que o poema sujo da água é a sede Foto e poema: Darlan M Cunha
O RATO DE BOTAS resisitir a este ofício meretrício é fava mal contada que se desconta da letra morta  da leviandade, letra de próprio punho  é a necessidade postada numa esquina onde uma antiga porta de joalheria dá acesso ao rubi do momento e talvez também de amanhã, e assim o rato de botas sobe os degraus de sua alegria mesclada com tristeza crônica lá fora, a cidade e suas armadilhas para ratos e gatos Foto e poema: Darlan M Cunha
ESCULTURA (Aeroporto de Confins // BH, MG, Brasil) DONA CHUVA Enfim, após temporada memorável, porque desastrosa, sem igual, Dona Chuva foi a outras paragens, desandar lágrimas noutros páramos, criar pátina noutros monumentos, noutros museus, no telhado de outras igrejas e hospitais, lojas e repartições públicas, sem falar no mofo e no descascado que deixou por aqui, nesta casa de onde vejo duas ruas do mundo – agora cheias de ouro matinal. Enfim, num dia em que estava especialmente absorto, sentado à beira do mundo, vendo e ouvindo o rio das velhas levar troncos e pensamentos, estava especialmente cheio de desânimo, mas recolhi uma lágrima da chuva com o teu semblante nela: sinal de sol à vista. Foto e texto: Darlan M Cunha
  Alberto Santos Dumont (Aeroporto de Confins //BH - MG, Brasil)   AÉREO vive em seu labirinto o inventor, metido em seus parafusos, avesso ao barulho do mundo, carrega nos ombros uma pergunta ainda não respondida, sempre alerta, mesmo quando dorme, mesmo sob insônia, o inventor sente asas nas mãos, trabalha e retrabalha nelas, até que outros possam também ter asas nas mãos e nos pés Foto e poema: Darlan M Cunha
Igreja de Santana, Rio Vermelho. SALVADOR, BAHIA, BRASIL. BAHIA COM Fazia muito tempo que eu não ia à Bahia, muito tempo mesmo. Aceitei um convite, rezei ave maria, e criei coragem para entrar no avião. Passei uns dias lá. Devo dizer que a água sempre me fascinou de maneira única, sempre tive a percepção do que ela representa. E assim é que tenho fascínio e medo, ao mesmo tempo, dos rios e dos mares, é verdade, eles me atraem na mesma medida em que que me afugentam; e por mais que eu saiba da psiquê, ainda não consegui, digamos assim, fugir desta ambiguidade, deste temor nato, deste amor pela água. Sou de ferro, das montanhas. Para baianos e baianas, e também para os "estrangeiros" nacionais e internacionais que lá moram, a capital Salvador é Bahia. Parodiando a canção do Caimmy (morador de Pequeri, MG, nos seus últimos tempos, com a Dona Estela), digo que já fui à Bahia, e digo também que trouxe de lá novo encantamento, fui muito bem recebido numa casa mara
The brazilian singer ÂNGELA FRANCO ***** FLORAL E TANTO: JARDIM SEM FANTASIA É JARDIM? Não tendo mais tempo para apenas uma flor, que rosa pouca é bobagem no quintal do mundo, pá e picareta e adubo nas mãos, é preciso estar atento e forte, cuidar do jardim de muitas  facetas, é preciso rosar o mundo, pô-lo do jeito do melhor sabor da melhor comida, viajar entre canteiros, viajar  é mais (alguma vertente de espinhos  nos espera), mas viajar é preciso, e nós iremos  e alguém mais irá preparando alamedas aqui e ali, lá e além-lá, enfim, em todo lugar. Foto e poema: Darlan M Cunha
Brazilian Art - Faculdades Newton Paiva. Belo Horizonte, MG, BRASIL HELENA DE TRÓIA helena de tróia foi uma jóia sem igual, por carregar consigo o germe, o sal escuro da guerra. pobre garota entre colinas de vinhas e azeitonas, o linho do seu vestido branco no azul horizonte grego, tempo negro perseguindo a bela da terra onde valores de igualdade foram forjados com têmpera mais severa e mais maleável do que os melhores metais e as melhores nuvens de que a fala é capaz, sim, pobre helena jóia de tróia, presa no olimpo de sua sutileza e beleza, relva de ouro seus cabelos, melena por melena, fez uma tragédia grega essa helena, ponte máxima entre o fervor dos gregos a rixa entre páris e agamênon e o castigo ou desdém dos deuses ***** Foto e poema: Darlan M Cunha
  O ANO TODO SEJA DOMINICAL domingo legal de pé na estrada, chove chove no mundo, e em muitos horizontes há lágrimas, em muitas casas os cupins reviram a fórmica, e os móveis estalam pelo uso e abuso, alguém tira o boné e alguém mata alguém, alguém se lembra de acarinhar alguém, casais há aborrecidos pela demora de entrega das chaves; querendo baixar a ansiedade, médicos aconselham deixem o pigarro as estrelas graúdas ou anônimas do cinema diário das ruas que é o lugar onde as pessoas mais entram e saem de si. escuta: preguiça e macarronada são sinônimos de domingo. chove em todo o horizonte e só então reparam que estão com fome, com fome de algo mais do que simples ritual, do que o simples amor, e vão de novo para as ruas, algo novo os chama, ano bom ou mau, aí vão ambos, também os solitários vão em busca de algo novo no ano novo Desenho e poema: DARLAN M CUNHA Obrigado a todas e todos que aqui vieram em 2011 Thanks to all the people who supporte
gosto de ti, pequena cidade, onde ainda posso assentar-me com meus calos e minha insônia, onde ainda se pode beber algo mais do que o fel cotidiano gosto de ti, do barulho do córrego e das procissões das formigas passando por dentro do gramado, o cheiro bom de um silêncio só quebrado por algum distante riso de criança – talvez seja mesmo a minha distante infância chamando-me Foto e texto: Darlan M Cunha
pai ELVIRO, hoje, 89 anos - na foto, com minha mãe MARIA JOSÉ , 80 anos. (My father and my Mother). Aniversário / Cumpleaños / Birthday / Geburtstag CARTA AO PAI (1) Prezado Pai, Hoje, 24 de dezembro de 2011, você faz 89 anos, e eu me lembro da sua tez sempre fechada, sim, porque você é um homem calado, fechado, de uma honestidade quase inacreditável; mas, o que eu quero dizer, é que aqui estamos para uma modesta homenagem a você. Sim, você vai ganhar muitos presentes, e, acredite, eu fiquei pensando sobre o que eu poderia comprar para você, e eis que me lembrei dos seus pés inchados, e lhe comprei sete pares de lindas meias, ou seja, um par para cada dia da semana. Até porque você tem todos os outros confortos que uma família média do Brasil tem, e eu sei e você sabe que nós nunca nos esquecemos de quem tem menos – inclusive doar nosso sangue, que é O+, ou seja, o que o povo chama de 'sangue universal', nós doamos uma vez por ano. Bom, pai, deixe-me divagar:
O GRITO o grito solta as amarras do medo salvando de si certas sombras de um homem ou de uma mulher porque o grito tem dentes cravados numa resolução inabalável o grito se insurge contra o marasmo deitado nas entranhas, feito olho cego, ou de vidro, o grito quer lamber as botas da vitória porque sabe o caminho da derrota Texto e foto: Darlan M Cunha Sala de troféus do CAM - Clube Atlético Mineiro
ESCULTURA EM DESALINHO não me dês pequenas contrariedades, se me dou muito mais do que revolução com cravos na boca dos fuzis, e nos dentes de leão na lapela das jovens não te dês ao trabalho de me agraciares com nenhuma memória, ainda que enclausuradas em livros quero é a morte vinda do fundo de cada dedo, de cada triângulo ferroso, cada um deles torcendo e retorcendo o pescoço de uma inutilidade assim, tu agora já me sabes capaz de ditar bem o que abomino em ti e em mim, já sabes Foto e texto: Darlan M Cunha Escultura de AMÍLCAR DE CASTRO
BELO HORIZONTE, MG, Brasil: 114 anos. Parabéns / Feliz cumpleaños / Happy Birthday Conheça algo de BELO HORIZONTE, através da minha câmera (151 FOTOS) : https://picasaweb.google.com/darlan.in/BH Eu estou há tempos em BÊAGÁ ou BÊLÔ, que é como nós nomeamos esta criança poderosa, clara e de ruas e avenidas largas, largas porque ela foi a primeira capital programada do Brasil, em 1897 – tendo sido projetada para ter duzentos mil habitantes, o que, para a época, era muita coisa, até porque ninguém imaginaria que o mundo enlouqueceria de tal forma a ter cidades de dez, doze, quinze, dezessete, vinte milhões de habitantes (Ciudad del Mexico). Cada vez que eu voltava de viagem, parecia-me que ela tinha feito alguma estrepolia, tinha-se embelezado um pouco mais, mas de modo discreto, como convém a uma garota que se preze em alto estilo, sem perder a candura, sem perder as malícias. Pois bem, óbvio que fiz amizades, e também que amigas e amigos faleceram; que estive na inauguração
cair, enganar-se é típico de humanos, seja ele e ou ela do tipo psicológico extrovertido ou introvertido, errar é humano, como se diz, mas... errar sistemáticamente, ah, isto é a imbecilidade levada ao último grau, e os entendidos em mente humana, sabem disso. DMC
luz na calma da mão Estava deitado no velho sofá, em Rio Acima, nu, cinco horas da matina, bebendo um cafezinho, pensando outra vez na balbúrdia do mundo, na imensa imbecilidade humana, e então o mestre lembrou-se de uma pestinha, e ouviu a risada de sua sobrinha A..... de dois aninhos, e lembrou-se dela pegando em sua mão e dizendo: " Tí Dáãn, ó, cê i mêu pái num xabe cási nada, êu vô insiná, i eu vô levá cês i minha mãe lá ni Sabalá, na casa da vovó ", e só então o grande mestre riu deste mundo de analfabetos, de gente correndo atrás da morte. Ai ai, só bebendo uma taça de vinho tinto seco e beliscando umas jaboticabas lá de Sabará. Ah... e ai de mim, ai de nós, se não formos passear com a danadinha lá ni Sabalá. Ai de mim, de nós. Texto e foto: Darlan M Cunha