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Mostrando postagens com o rótulo Brasil
                                                                          Alice Shintani - quimera 2007 Quando o primeiro homem sem cabeça apareceu, não houve quem pudesse crer em mais nada, e durante muito tempo as coisas ficaram tão confusas na aldeia, que nem mesmo as crianças - em geral sábias - souberam como utilizar o tempo e o espaço, ou otimizá-los, ou compartilhá-los, segundo a linguagem do momento . Ora, homem sem cabeça é algo tão antigo quanto a água, de tal sorte que muito antes da invenção de deus e do diabo, pelos espertos das torás e suratas da vida, e afins, o famigerado homem sem cabeça já vagava sem maiores percalços pela amplidão do mundo - falésias, furnas, mesetas, istmos, ilhas e pauís ou pântanos. Sim, ele já se estrepava nos cactos, trocava rumos e urros com a caça e a pesca, até que chegou o tempo a partir do qual, premido por instâncias que nem a neurologia, a genética, a antropologia, a sociologia, a arqueologia e muito menos a psicanálise
    Afonso Almeida - pintor naïf. Bahia, Brasil. Pedras & atabaques Daqui até ali é uma instância de luz única, mas nada se compara  à pedra em sua tristeza de matéria polida para a sanha de um dedo. Lá vai a pedra, sem reino, ânsia de sobrevida, mesmo num balcão de penhores, também ele polido. Lá vai, embrulhada em remorsos e vergonha, a senhora, dores pela pedra penhorada. Pelo sim pelo não, distâncias desconhecidas há neste mundo de pedras e pão enquanto couros são esticados e atabaques infletem sobre o areal que um dia foi pedra nua, pedra que foi atabaque  de tiranossauros e hoje vestígio do que o tempo insinua. Texto: Darlan M Cunha Arte: Afonso Almeida - pintor naïf, BA, Brasil
BELO HORIZONTE, MG, Brasil: 115 anos (12-12-2012) NA ÍNTEGRA DA HISTÓRIA ALGO DE SOMBRA, TALVEZ Ombros e armas varando gente passando gente a ferros passando gente a limpo feito porcos ao léu na rua as coisas acontecem: sobem ou descem graus na eleição pública sem que por tal se dêem os vivos e os mortos: “Não te preocupes, que até os mortos sobreviverão” - disse, e afastou-se. Foto e texto: Darlan M Cunha
  jabuticabeira sabará ( Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) Sabará, MG, Brasil Tão comum quanto pipas no céu são as esquivas dos devedores e as mil acrobacias dos vendedores; mas, se anciãos ainda há que jogam bochas e damas, é porque isso é o que lhes resta, ou o que lhes cabe nessa vida de morte severina de tempos modernos feitos só para até os de trinta anos. Ora, quando as formigas esfregam as patinhas na cabeça, é sinal de alguma preocupação, é alguma tática de aviso ou de sinalização pré combate, ou é mera formalidade para cumprimentar uma formiga do mesmo nível social ? Voltemos às jabuticabas, pois entreter-se com tais negrinhas é de bom tom. Foto e texto: Darlan M Cunha
O GAROTO o garoto pedala num beco de casas brancas com portas e janelas azuis e pedras irregulares sobre as quais ele cai mas sorri e continua como que rumo ao céu da boca da mãe Foto e poema: Darlan M Cunha
Itabirito, MG, Brasil PLANO B Na cidade das sombras, o teatro rói as perdas, socorre-se nelas o otimismo ferrenho, porque nada o faz desistir desta espécie de giroscópio que, embora sombrio, é um estetoscópio com o qual se nota o que se sabe entre atores e atrizes: que em tais lugares a abstração não comove ninguém, e assim o circo e o teatro - ases que se querem com luzes sobre o bem e o mal -, às vezes, ambos se abstêm de aqui e ali se cumprirem, mas teimam e desancam fonemas nas escadarias da cidade só sombras, pura taquicardia de assombros saindo de algum improvisado plano b. Foto e poema: Darlan M Cunha
                                                  RELÓGIO QUE "ANDA" PARA TRÁS                                                   (Bar do Valtinho. Medina, MG, Brasil) Perguntas sem resposta estão nas ruas, nos cofres, nas gavetas recôndidas, onde até mesmo o tempo tem medo de ir, sim, perguntas há cheias de pó, de temores, seus donos e donas sabem que precisam protegerem-se dos biliosos, dos curiosos, porque há coisas que são só da gente, a ninguém mais pertence - esquecidos e esquecidas que tiveram de viver com alguém aquela e todas as experiências, sim, há quem, como este relógio aí acima, há quem ande só para trás. TEXTO e FOTO: Darlan M Cunha

Galeria de fotemas

Galeria de fotemas no Flickr. AREIA Tu enfias os pés naquilo que um dia foi montanha, morro, colina, e sentes ali toda a história da Terra, e caminhas sobre ela, e te deitas sobre ela, deitas e rolas, fazes amor na areia (ó céus, que bom!), e ela, a areia, ali está sempre solícita, sempre macia, às vezes e muitas vezes molhada pelo mar, pelas anáguas do mar que são as espumas, e eis que, muitas vezes, tu nem percebes tanta beleza, entre uma caipirinha e uns camarõezinhos. Fotos e texto: Darlan M Cunha
Rua do TIRA CHAPÉU - Centro Histórico de Salvador, Bahia, BRASIL SHOWCIEDADE Tendo morrido aos vinte e sete, desde então tem sofrido mais barbáries, vindas da boca dos bárbaros, até porque, afinal, o que mais pode haver na garganta profunda de um bárbaro, de uma bárbara? Assim sendo, para muitas e muitos, o fato é que o vício acabou com a criatura em questão; para outras figuras do non sense, e para muitas outras também desqualificadas, a integridade com que se dedicou à própria vida foi o que danou a pessoa, e assim é que o número vinte e sete ficou mais generoso e dramático, maldito e acintosamente imantado, sendo um irresistível chamarisco, campo de apostas tornou-se este número, exato e inexato quanto todos os outros, e é bom não esquecer que os números são ou parecem ser infinitos, deuses da utopia, da ganância, o que há de mais sedoso e espinhento na pauta do sexo, evidenciam o inalcançável, e é por isso que a vida e a morte de certas criaturas não têm sossego, mesmo após pr
PAMPULHA PEDRA DA LUA (para Toninho Horta ) Uma pedra caiu da lua rolando feito lágrima na rua a pedra lunar (de onde mais pode vir-nos o espanto ?) uma pedra caiu da lua sobre a arquitetura do choro no meio da rua, uma solidão igual à daquela pedra logo coberta de mãos (a educação pela pedrada) ouço choro de mães pelo que as pedras aos filhos fazem, ouve-se algum riso e muito espanto na rua onde caiu o mineral lunar, mas a um cão uivando para a lua não se presta tanto tento uma pedra rolou da lua até onde um músico limpava as unhas e os poros do mundo, no meio da rua cantou-se a pedra noventa, sim, de tudo se faz canção: horto e horta, jardim ou cinzas: quem mais cantará a pedra da lua ? Poema e foto: Darlan M Cunha (Toninho Horta tem uma música com esse título. SITE OFICIAL: http://toninhohorta.blogspot.com
TÓPICOS PARA A COPA DO MUNDO: A BOLA A bola é espermatozóide em busca do prêmio - o gol.  Muitos na corrida desesperada. A TORCIDA: BAFANA BAFANA / BAFO DE MEL, FAVO DE CANA
  Pintura sobre papel, by TÂNIA FILIPPO (Rio / Bahia) 1. DEPOIS DA ÁGUA, O ARTESANATO Depois da água, há outro encantamento que me fascina de modo cabal, desde o meu mais tenro vislumbre das coisas: o artesanato. Isto porque, para mim, (eu só viria a saber disso, de fato, tempos depois, pelos estudos continuados, viagens, pessoas e também pelas imitações de gente que eu conheci), para mim, as paredes das cavernas, onde a primeira arte pictórica encostou-se, ou achou abrigo, achando a tela mais lógica onde estabelecer-se e esperar pelos futuros humanos, são contemporâneas do meu entendimento do que seja a vida, melhor dizendo, do que foram as primeiras passadas humanas, seus dedos rasgados em busca de vegetais, até aprenderem a fazer triângulos de pedra e encaixá-los nalgum tosco e curto, depois longo, pedaço de pau, servindo assim de lança para caçar bichos e para matar invasores. Sim, os primeiros tempos foram tenebrosos, iguaizinhos ao de hoje, esse tempo no qual procuramos bolha