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Mostrando postagens de outubro, 2007
Pequena trilha de sépalas é o que nos dá a manhã, e nos faz prolífera a tarde, e de algodão a noite. GOSTAR DE TI É UM POEMA, DIZ A CANÇÃO * Ainda que não acorde no ano que vem, por você esperaremos, melhor : por você daremos voz às canções. Nas panelas e camas desta família, temperos da abjeção e do ódio nunca tiveram quarador, nenhuma guarida tiveram os membros de alguma disputa que não fosse clara como a primeira noite de um homem e de uma mulher, sim, nesta família comum (incomum, como todas, por seus delírios, grandes os campos do “a fazer”, colinas e montanhas onde uma água sem igual, decerto, espera-se sempre encontrar)... dizia eu que a parceria com as perdas é mais que sintoma, e é fato que a família em questão também passou por bons bocados, e que ecos de sempre nas quinas dos telhados dão conta de quantas glórias subiram paredes e pisos da casa, quanta doceria e quantos salgados noites fora e noites dentro fizeram o acervo familiar, glosas subindo degraus (primeir
Achas que sabes tudo acerca desta série ? O DESESPERO ROAZ DA INSÔNIA, A INSÔNIA CRUEL DOS ECOS Campos de ouro na boca do touro o marasmo não tem vez alguma, mas vez que outra na boca do mouro entra sal e sai um sol esturricando acres e abelhas, e logo se vê, pela casta desconversa entre si, que os homens e os touros se equivalem e se gostam de tal forma a se vestirem uns aos outros, mestres antigos em trocarem de formas e amantes da mitologia que inventaram para a si mesmos enganarem através da casca e do miolo das Eras, os homens-touro não aplacam o nunca de sua desrazão, nada neles fica de bem com a poeira por eles próprios levantada, e assim as arenas latejam por mais ingressos mais areia nos olhos dos touros porque os homens, há tempos, estão cegos de não saberem onde o touro onde o homem completam o dia e a noite à beira de areias e estrelas, astrolábios para minotauros, ira & desespero entre gralhas e gafanhotos, levas de chiptroncos (cé
Heber Matos Cunha (19-12-1952 / 21-10-1986) A VIDA E A MORTE EM CADA UM Hoje, 21 anos depois do seu falecimento, lembro-me do meu irmão Heber - rebelde inato, preso ao momento, generoso como poucos e, quando preciso, capaz de enfrentar batalhões. E esta relembrança parece dizer que não o conheci bastante, que não saímos juntos tanto quanto seria de se esperar entre pares; ir juntos, por exemplo, ao futebol ou para bebericar umas e outras. Éramos bem diferentes. Ele era, de fato, uma pessoa boa, muito dada aos outros, mal ligava para si mesmo. Dentro de um livro reencontrei a folha nº 2 da Lista de Presenças do seu enterro, ou gurufim, sim, porque gurufim é um enterro alegre, hábito muito comum principalmente nas rodas de sambistas no Rio, também na Bahia não era incomum ter velório em que o morto era louvado com genuína alegria; e se relembrava um caso e outro, peripécias, harmonias e desarmonias. Isto ainda existe, mas é pretexto para imbecis e vadias de todo
SANFONA PARA O CÉU ou SKY IN THE ROAD ou Ich bin ein Weltbürger A NOIVA DA NOITE Salta de dentro de si, como se chuva inesperada fosse sobre a espera . Algo de extremo sabor vive mais além destes muros, na entrada desta casa tudo trabalha para que não erre o caminho o amado, entre o olho da samambaia e os dentes da espera estou. DMC ***** Foto: ZANASTARDUST
"Por la blanda arena que lame el mar / su pequeña huella no vuelve mas / Un sendero solo de pena y silencio llegó / hasta la espuma" DE SE RECORRER AO PEITO Após algum tempo, ouvi uma das minhas canções preferidas, que vem comigo desde a nossa primeira vez, e uma sensação muito boa veio-me, embora desnecessário pareça-me dizer o já dito logo nas primeiras palavras deste texto. Além disso, chamou-me a atenção o fato de que a noção ou a lembrança primeira que tive, logo nos primeiros acordes, foi a de como era ouvir música em long-plays : levantar-se a cada 20 ou 25 minutos, para virar o disco e, com isso, parte de sua concentração ia embora. Caramba ! Foi ontem esta eternidade. A canção é a comovente Alfonsina y el Mar ( Ariel Ramírez y Félix Luna) , na gravação original de Mercedes Sosa – uma canção que fala da muito querida poetisa modernista argentina Alfonsina Storni (1892-1938), suicida – para quem o povo argentino ergueu monumento na praia La Perla , Mar del
Para mim, tem nome o assombro: mar, pois a tessitura da água sempre me aturde, une o terror ao fascínio. EMBORA CURTO O VENTO Onda após onda, permitir-se querer sempre estar à deriva no mar que leve ao barco avariado, ainda que numa angra de tormentos te vejas lançado, ainda que sempre te aturda a tessitura da água ao unir ao terror o fascínio, sim, ainda que numa baía de fundo pedregoso encalhado esteja o barco, afinal. DMC ***** imagem: Da série Conchas , desenho com lapis aquarelado. LIZKASPER