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Aqui, as decisões vêm de cima para baixo, entram por todos os lados, nenhum ângulo a salvo Já aqui as tensões vão de baixo para cima, pelo fato de se ter o voto validado, numerado e intransferível, mas atado a uma antiga crina Pois aqui e mais além de todo este entorno visível não há decisão inferior conhecida, é cada qual por si tua casa é a tua casamata, meu terreno é o teu lamento, este é o único conceito que existe no vocabulário geral desta aldeia. Darlan M Cunha
Maria Sylvia Cordeiro. Menina lendo. Óleo sobre tela: 80 x 100           Um vizinho meu, escritor bissexto que, na opinião de alguns, é apenas outro que desistiu do dinamismo edificante, reside do lado sul da ponte da ponte, de onde inalamos o primeiro espanto do dia. Ele me disse que o fato de ter escrito sobre um assunto inusitado - romance de órfão -, segundo ele, o faz manter-se mais a postos devido a que o livro trata da história de um natimorto, do qual naturalmente ele sabe tanto quanto o resto da comunidade, ou seja: não sabe nada; mas mesmo assim foi capaz de inventar dados sobre este alguém, ele diz, sempre satírico quando o assunto é sociedade, até porque não há como fugir do sol, segundo sua cartilha ou evangelho. Texto: Darlan M Cunha
 SINA pés de pato sempre na água há pés de ida sem vinda, fé remoendo velhos e novos espinhos, pés de doloroso parto, mãos levadas ao solo de um infarto ou de outro hiato, um tempo ruim sopra o mundo, às vezes, não, às vezes, sim, o mundo troca de pés e mãos, salva o dia pela noite, e vice-versa, eis o homem dentro da mulher: enlace de longo alcance querem ambos, a montante e a jusante, os pés no mundo Arte e poema: Darlan M Cunha
CERTOS DIAS & OS OUTROS DIAS Há dias que ficam tão dentro da gente que não há como esquecê-los, sendo que pode até mesmo acontecer de se tornarem faca de dois gumes, pelo fato de chegarem ao ponto de nos incomodar e prejudicar porque, a partir deles, todos os outros devem ser confrontados, de uma forma ou de outra. Esses tipos de dias, menos comuns, senão raros, falam alto, falam linguagem de solidão, por paradoxal que possa parecer, de solidão, não obstante evocarem só coisas boas como um passeio sem igual, uma resolução pessoal definitiva, enfim, algo verdadeiramente extra, cabal (pra mim, basta um dia, um meio dia).  Os Trabalhos e Os Dias é a famosa obra do grego Hesíodo (cerca de 700 a.C), no qual ele narra suas pendências com o único irmão, Perses, sobre o pequeno terreno que o pobre pai lhes deixara de herança. Sim, todos temos os nossos trabalhos, os dias azuis ou cinzentos. Assim é que nada mais desejável do que guardar sob sete chaves um passeio memorável,