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Mostrando postagens de agosto, 2010
CERTOS DIAS & OS OUTROS DIAS Há dias que ficam tão dentro da gente que não há como esquecê-los, sendo que pode até mesmo acontecer de se tornarem faca de dois gumes, pelo fato de chegarem ao ponto de nos incomodar e prejudicar porque, a partir deles, todos os outros devem ser confrontados, de uma forma ou de outra. Esses tipos de dias, menos comuns, senão raros, falam alto, falam linguagem de solidão, por paradoxal que possa parecer, de solidão, não obstante evocarem só coisas boas como um passeio sem igual, uma resolução pessoal definitiva, enfim, algo verdadeiramente extra, cabal (pra mim, basta um dia, um meio dia).  Os Trabalhos e Os Dias é a famosa obra do grego Hesíodo (cerca de 700 a.C), no qual ele narra suas pendências com o único irmão, Perses, sobre o pequeno terreno que o pobre pai lhes deixara de herança. Sim, todos temos os nossos trabalhos, os dias azuis ou cinzentos. Assim é que nada mais desejável do que guardar sob sete chaves um passeio memorável,
SOLILÓQUIO Acho que vou morrer em casa, mas nunca se sabe, quase nunca. Os suicidas sabem. Só eles detêm esta sapiência, este deboche supremo contra o meio, o garrote vil social. Só eles. Não recomendo. Não vou em contra. Eu mesmo me vi morto, inúmeras vezes me vi morto: morto estive no quarto só meu, morto estive viajando de trem, morto estive, assentado num parque, matutando desesperadamente a ver como conseguir algo para mitigar meus vícios, nenhum deles reconhecido, nenhum deles com a sopeira cheia, o bolso de armazém. Eu quis, sim, matar pulgas e piolhos em mim, de modo absolutamente não convencional, nunca antes feito, mas me esqueci de como é, após anos de pesquisa severa, ultra secreta, particular. Esqueci-me por completo, e isso é coisa do Inconsciente, que quer me ter  por perto, sempre subjugado a ele. Texto e foto: Darlan M Cunha
AS TELHAS, A PONTE Do meio do nada um grito ecoou (seria a lanterna dos afogados dando alarme ?). Súbita hora, dia nenhum a se lembrar com mais vagar e fundura das coisas que virão, sim, o dia esteja aqui bem exposto, e ainda mais o amanhã, porque devemos cuidar das nossas telhas, devemos olhar as estrelas, mas não através das telhas, e, sim, através do sentimento, mas voltemos às raias “de asfalto e gente que corre pela calçada, e entope o meio fio”, até porque não há nada mais interessante do que a desinteressante coisa de nome ser humano, sua arquitontura é - pelo menos para mim e para mais meia dúzia -, é algo digno de nota, mas amanhã será outro dia, nada será como antes, isso embora todo dia seja um dia sem nota de maiores esclarecimentos quanto à feitura de uma ponte sólida e linda que nos leve um ao outro. Texto: Darlan M Cunha Arte e Foto: Tânia Filippo
RAUCHEN VERBOTEN Proíba essa mão de tocar nesta face, de tomar a si o ventre da questão entre ambos, isso pelo repetido cansaço que dás à mente e ao coração de quem agora te diz: proíbe essa mão de querer o que não possa. Ah, e apaga o pigarro.
IMENSO CHIP Relendo umas páginas de O Homem e seus Símbolos, do C. G. Jung e colaboradores, lembrei-me da Biblioteca de Alexandria, construída no século 4, por Alexandre, O Grande. Sempre tive-a no imaginário, e o arrojo dos homens que iniciaram obra deste porte, enchendo estantes e mentes, como hoje se faz, embora a miniaturização, a web. Fala-se do incêndio que acabou com ela, embora tenha sofrido terremotos, saques, desleixo, abandono, e guerras. É de se notar que eram raríssimos os que sabiam ler àquela época. A Fundação Biblioteca Nacional é a sétima maior do mundo, com 9 milhões de livros (orgulho-me de ter registro meu lá), e documentos de todo tipo. Sim, os humanos temos fôlego até mesmo para nos matarmos. Fôlego e fogo, fogos de artifício, fogos de armistício (estes são mais raros do que pergaminhos egípcios, ou ainda mais raros do que encontrar cabelos de uma mulher etrusca, por exemplo, ou um muiraquitã, amuleto dos marajoaras, pequena pedra verde de
IDÉIAS, VISÕES, DELÍRIOS, MIRAGENS Aquele torpor ou ilusão talvez nem tenha mesmo existido (licença para dois), pois o corpo que ao lado estava: tinha ou não tinha uma tatuagem ? Poema: DARLAN M CUNHA Foto: TÂNIA FILIPPO