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Mostrando postagens de fevereiro, 2010
  Pintura sobre papel, by TÂNIA FILIPPO (Rio / Bahia) 1. DEPOIS DA ÁGUA, O ARTESANATO Depois da água, há outro encantamento que me fascina de modo cabal, desde o meu mais tenro vislumbre das coisas: o artesanato. Isto porque, para mim, (eu só viria a saber disso, de fato, tempos depois, pelos estudos continuados, viagens, pessoas e também pelas imitações de gente que eu conheci), para mim, as paredes das cavernas, onde a primeira arte pictórica encostou-se, ou achou abrigo, achando a tela mais lógica onde estabelecer-se e esperar pelos futuros humanos, são contemporâneas do meu entendimento do que seja a vida, melhor dizendo, do que foram as primeiras passadas humanas, seus dedos rasgados em busca de vegetais, até aprenderem a fazer triângulos de pedra e encaixá-los nalgum tosco e curto, depois longo, pedaço de pau, servindo assim de lança para caçar bichos e para matar invasores. Sim, os primeiros tempos foram tenebrosos, iguaizinhos ao de hoje, esse tempo no qual procuramos bolha
  O ANVERSO O anverso da cidade é o que quer o cidadão porventura ao lado de alguma estátua de quem a construiu (foram, são muitos), mas repto é ser docente dela, repto é estar entre o seu corpo discente, pois a cidade é mutante, alisa os zelos mórbidos de um, do mesmo jeito em que atiça sobre os galgos, pitbulls e outros cães estereótipos de felicidade, a língua ferina da paz. Foto e texto: DARLAN M CUNHA
ATÍPICAS MEMÓRIAS Deixem que eu me apresente, e à minha irmã. Eu sou Iço, esta é a minha irmã Issa. Somos de Içada - terra sem fim e mar sem contorno, céu de tantos e deus nenhum. Não descobri o fogo, o afeto, a insônia de ser pai. Memórias de mim, em sua maior parte, são tristes, céticas, ácidas, coléricas, e o meu medo menor é o de entrar na inenarrável algazarra da morte apenas com o círculo vicioso de filho de algo, de nada, do Nada. Sou biliar. Tornei-me ossudo, ossada, ossama. De um livro, lembro-me de uma frase caótica: o diabo no meio do redemoinho, e poucas outras frases de outros livros, tais como: todos nós somos culpados de tudo, e assim por diante; lembro-me do dia em que o meu pai brigou com um tipo, numa cidade do interior, e o meu irmão tomou a si luvas e facas, aos quinze anos, eu não lutei, não matei ninguém, a não ser eu mesmo, só depois cometi crimes assim, de morte, e lhes direi mais, que não fiquem aí com essa cara de asco, vão todas danarem-se, vão todos pôr