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TURISTA EM VIAS DE


ondas e rochas vivem seu tempo (clausura
ou fobia, catre ou ambivalência: tudo é
anseio), o tempo que lhes dá e tira o vigor
(pensou nisso, debaixo da cascatinha,
no Caraça), ambas sempre lutando contra ele
até se perderem no redemoinho
que faz a rocha ser areal, e a água
evolar-se (mas essa é teimosa: volta)

o tempo também luta contra ele mesmo
sabendo que a rocha hoje granulada
vai no vento a favor do esquecimento

é também um amor numa esquina
antiga (tinha olhos curtos, mas limpos)  
esperando noutros possíveis e impossíveis ângulos


Foto e poema: DMC

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