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BELO HORIZONTE, MG, Brasil: 114 anos. Parabéns / Feliz cumpleaños / Happy Birthday
Conheça algo de BELO HORIZONTE, através da minha câmera (151 FOTOS): https://picasaweb.google.com/darlan.in/BH



Eu estou há tempos em BÊAGÁ ou BÊLÔ, que é como nós nomeamos esta criança poderosa, clara e de ruas e avenidas largas, largas porque ela foi a primeira capital programada do Brasil, em 1897 – tendo sido projetada para ter duzentos mil habitantes, o que, para a época, era muita coisa, até porque ninguém imaginaria que o mundo enlouqueceria de tal forma a ter cidades de dez, doze, quinze, dezessete, vinte milhões de habitantes (Ciudad del Mexico). Cada vez que eu voltava de viagem, parecia-me que ela tinha feito alguma estrepolia, tinha-se embelezado um pouco mais, mas de modo discreto, como convém a uma garota que se preze em alto estilo, sem perder a candura, sem perder as malícias.

Pois bem, óbvio que fiz amizades, e também que amigas e amigos faleceram; que estive na inauguração do então segundo maior estádio coberto do mundo, o Mineirão; que corri das forças de repressão política; que fui "passear" ali na zona boêmia, ou seja, na famosa Rua Guaicurus (o escritor e jornalista Roberto Drummond esreveu crônicas e livros sobre ou com personagens tais e tais; o grande escritor, dono de farmácia e farmacêutico formado, Manoel Lobato, tem ótimos livros repletos de personagens do chamado baixo mundo, as deliciosas pessoas desta cidade, e do Brasil). Ali está a Serra do Curral d'El Rey, que vive em tantas canções, principalmente nas do Clube da Esquina: "e no curral d'el Rey, janelas se abrem ao negro do mundo lunar, mas eu não me acho perdido, do fundo da noite partiu minha voz, já é hora do corpo vencer a manhã"...

A cidade, há anos, está num frenesi de ampliações físicas – vejamos a já famosa internacionalmente Cidade Administrativa, ou seja, a nova sedo do governo, cuja característica foi a de agrupar todas as áreas governamentais num espaço enorme, convenientemente, tirando todo mundo do centro da capital mineira, e levando-os para o bairro Serra Verde, em direção ao aeroporto internacional de Confins / Tancredo Neves. Boas ou más, bem ou mal administradas, as obras estão aí há tempos (não irei aqui refletir sobre isso, pois tomaria muito tempo e espaço). BÊAGÁ prepara-se para si mesma, e prepara-se para sediar a Copa das Confederações, e para ser testemunha de cinco ou seis partidas da Copa do Mundo, inclusive uma semifinal, dado o poderio do Estado de Minas Gerais. Mas as obras são por outras razões também.

BÊLÔ é minha namorada. Uma delas.


Foto e texto: DARLAN M CUNHA

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