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Mostrando postagens de 2006
O Buda sentado de foguinho & fogão entre alhos & cebolas avisa & entra & brinda ao amor violando regras mas levando dos praianos (ho ho ho) a partilha: Feliz Ano Todo ! Trazido do blog MONTREAL TALES (and I couldn't resist to put a smile on my Page !)
Algo me diz da importância de tudo, da suave passada do vento, porém, algo permanece sob Incógnita. As paredes eram enfeitadas com monstros macrocéfalos, ovos de avestruz, peixes-gato e fetos em formol; do teto, acreditou adivinhar a carmelita, pendiam víboras secas, perucas eriçadas que simulavam mandrágoras, uma esfera de ouro perfeita, um camaleão albino, uma iguana de seis patas, embora sem nós nem rabo, e o fêmur direito de Adão. Num canto, sobre um tapete branco, com os atributos de Osíris entre as patas dianteiras e almôndegas avermelhadas numa grande bacia verde esmaltada, entretinha-se, arrogante e burlão, o bichano siamês que corroborava as pertinentes suspeitas da religiosa. SEVERO SARDUY. Colibri. ****** Poema de Darlan Implícita e explícita, numa só gota de plasma teu, irremissível, está a minha caminhada rumo à ilusão de nome felicidade - portanto, sem nada, mas necessário se faz que eu vá. ****** Recomendo: o trabalho de paciência da professora-pianista Beth Ribeir
Tinham consigo que o pântano era real, factível o sonho, terno e também abrupto o desejo, e inevitável a vitória - desde que juntos estivessem. Um dia a porta da casa tremeu de modo único, diferente de tudo de todos que por ali tinham deixado marcas, ou tentado, sim, o meio-fio entupido de sarcasmos ali nunca antes concebíveis, flores cegas, flores tornadas cegas pelas próprias vestes, pássaros todos eles sem pássaro algum na garganta, sol nenhum nas unhas das galinhas, nas escamas dos peixinhos perdidos nalgum aquário de mall, sim & não, o impacto foi avassalador, olhos nos olhos nunca fora mesmo um hábito daqueles habitantes, e muito menos agora o seria, agora que aquela catástrofe maravilhosa cercara o lugar, mulheres sempre elas as mulheres dando tudo de si através daquele riso insuportável de que só as mulheres - e só as mulheres loucas - conhecem os meandros, os travos e os mais íntimos falatórios. Ah, que dia, que noite, que ausência de dia, um dia sem data na porta daquela
Porque o que tenho para nós não é só uma questão de fé no amor, nem o amor vencido em seu tempo de encantamento... é mais A Revista MINGUANTE , de Portugal, que tem nas mininarrativas o lema principal de sua investida no variado elenco de outras revistas não menos importantes, apareceu há poucos meses, e já é, sem favor, comentada com o devido respeito que se deve ter diante de algo não elaborado com pressa, presa que está, desde o início, de uma vontade, de uma percepção que não a destruirá. Embasada nos minicontos, como foi dito logo aí acima, publica também fotos e poesia, sendo que para cada número há um tema préviamente estabelecido. Bimestral. Eis que o autor deste blog teve, pela segunda vez, textos seus selecionados e publicados pela prestigiosa publicação, o que o deixa assaz contente, por figurar entre pessoas de outros países de língua portuguesa, bem como de autores / as da Espanha, que constituem a fonte de textos para a qual a revista está direcionada. Espero-te lá: h
A insônia é arcabouço nosso, a boca formiga, um sexo em compota degela a sombra: Tu, e não eu, sabes atar o céu ao rosto, coar os intentos do mal no ateu. Vejamos: Algumas dizem que não sabem uma técnica de descascar laranjas sem que o chão fique regado pelos pingos, cascas e impropérios seguidos de risadas. Outras dizem que não se empestam mais para tentar novamente uma troca de pneus, embora urgentíssimas em uploads, não se apressam em saber os desejos da aningapara, ainda que seja fácil (mas nem mesmo o amor é fácil, não, nem mesmo esta salada de perdas & danos é fácil de se mantê-la em equilíbrio, devido aos inúmeros temperos cotidiácidos e renitentes que vêm de não se sabe de onde). Vejamos: Há também aquelas que se mantêm mais ou menos afastadas de tais conversinhas amenas, até pelo fato de que se tornam logo umas pimentas - sem reino ou com reino - e então há aquele lacrimejar quase generalizado, e nem mesmo certas crocodilas gostam insistentemente disso, nem as hienas e as
ANDANTE... MA NON TROPPO, UN POCO MAESTOSO. ZEN MA NON TROPPO (io sono pazzo) ****** O responsável por este blog, do qual muito se orgulha - PALIAVANA4 - aniversaria hoje. De meditar e refletir o meditado sempre foi e será tempo, parece-me que cada vez mais. ****** Poema de DARLAN LEVEZA Da boca da noite repenso o dia, flexiono os lábios rumo a algo inaudito, maior porém do que o abismo do esquecimento, o juízo de valor entre águas de dois rios que se encontram e que, teimosos e ranzinzas feito casal jovem, só mais à frente vão se dar as mãos e os pés.
procuro a orquídea de um rapaz berrante, o deserto da moça no túmulo de um soldado desconhecido, ainda vendo no próprio seio a salvação Bocas & Mentes 1. Tremes, Horácio, estás pálido ! William Shakespeare. Hamlet 2. ...mulheres tão desesperadamente lindas, que dá vontade de comer-lhes o retrato. Carlos Drummond de Andrade, poema América 3. La Legge è uguale per tutti. Corte italiana 4. Depois de uma certa idade, acho que o homem não pode se deixar frustrar. Yves Montand, ator 5. Você pode nadar para onde quiser, mas não faça ondas. Provérbio afegão 6. A penny for your thoughts. Li isso, ilustrando foto de um bem-cuidado gato, no FLICKR. 7. An Athlet's Secret Weapon. Propaganda num estádio europeu 8. Mão direita vem por cima, mão esquerda vem por baixo. D. Delza, Rendeiras de Morros da Mariana, PI, mostrando como lidar com bilros 9. O Pequeno Príncipe, uma vez na Terra, ficou surpreso de não ver ninguém. Saint-Exupéry 10. E o Congresso não faz nada contra a vontade de
até que verdadeiros grãos de riso e ecos de gozo se sucedam, nada nosso pertença ao mundo conhecido O LIVREIRO DE CABUL "Nós não iremos a lugar algum, enquanto seres humanos, se não cometermos erros." A jovem jornalista norueguesa Asne Seijerstad trabalhou no Iraque, tendo antes passado cinco meses hospedada com uma família no Afeganistão, cujo chefe se chama Sultan Khan. Com direito às regras locais, às poeiras física e psicológica que sotopõem aquelas mulheres ao que há de tão incompreensível para uma grande parte do mundo, à pesada burka, às compras, ouvindo os dois lados de uma mesma questão que, decerto, comporta mais ângulos, ela, uma vez terminada a sua estadia no país afegão, começou a escrever as suas impressões de tal experiência. Vigiado, perseguido e preso pelo Talibã, Sultan Khan foi livreiro durante 30 anos num país totalmente de analfabetos, tanto na escrita quanto pelo desinteresse em verem à frente, ou sequer periféricamente, e já lhe havia dito que
pálida fonte, a esperança se perde entre as partes, implode em mil Versos taliânicos (Talião) assentaram-se sobre a mesa deste domingo, quando soou a ventania da condenação. Cãodenado à morte, com mais dois (paralelo proposital com o Cristo ?), eis que SADDAM HUSSEIN reclamou com veemência, pelo fato de não aceitar, de jeito algum, uma morte apócrifa por enforcamento. É taxativo: exige ser fuzilado. Exige o seu direito. Certíssimo. ****** Poema de Darlan Ânforas Assenta-se sobre cada intenção um areal, forçando para o lado oeste as palmeiras e tamareiras onde um vento nefasto se diz antigo mas é só de fachada. Sopra entre certos nomes o nome avulso que rirá por último, tudo aqui e ali se faz a pedido, a mando de que não se fira demasiado quem há muito (se) fere em silêncio, quase sempre aos gritos de que Deus é grande, de que a Natureza tudo pode sobre os vermes, enfim, de que é preciso estar atento e forte, não só dual-dual, sempre a vigiar de que lado está a madrugada, para que lado
De quanta cena se faz o futuro, e de massa o passado. NOVEMBRO Está vivo, começa hoje e nada promete, senão irromper diferente de outros idos, trívio, cada vez menos per capita se faz este antecessor de dezembro, indo comigo penetrar no que se deve manter vivo, e nada de restaurações ambíguas nem de dedos amarrados à solércia de um risco calculado, como se faz hoje com tudo, ora melhor deixar pranchetas aos arquitetos de pontes concretas e férreas, o ferraço ao qual se refere o poema é de outra estirpe, não um naipe sobre a mesa verde (Achtung: Die Grüne Tisch), não, nada será como se deseja: nem a salada de legumes nem a de imigrantes, o amanhã vai tropeçar em você, vai conservar fevereiro pensando nas colunas senão nas lacunas a se evitar em novembro. Novembro. ****** (DMC - 01-11-2006, 06:25h) . Foto: Darlan. ****** Tem razão, interessa, faz alguns meses que comecei a suspeitar que interessa mais do que eu pensava. Mas, não me fustigue. A herança é um resultado, um finale. A polí
De se ver de quantos riscos é feito até mesmo o passado THESE KINDS OF THINGS HAVE HAPPENED SEVERAL TIMES Entre corpo e espera, há síndrome de abstinência e sintomas de extorsão pelo Tempo, sim, entre a fuga da moeda e o tom sépia da pintura, a dívida não sacia o arbítrio, entre o provar e o ater-se à loucura de uma só pessoa, velódromos e viadutos, máscaras e tensores psíquicos são construídos, cascas de banana cumprem o alentado papel, sim, esse tipo de coisas acontece muitas vezes entre os entediados, mas tu e eu temos conosco que a cidade é real, mas espera o nosso sonho. (DMC) ****** Tenho a honra e o prazer de informar a quantos e quantas aqui vierem, que um texto meu foi selecionado e publicado no nº 2 (outubro 2006) da prestigiosa e prestigiada Revista Minguante, de Portugal. Caso disponham de algum tempo, por favor, a casa é de vocês, e o texto também. Grato. O endereço: http://www.minguante.com/?textos=darlan_cunha ****** Monti acelerou ainda mais a marcha, mas Agustina seg
Macuna íntima de mim, vou coiseiras e improvísios de Macunaíma adantes de arre-conceber a noiviciada (dmc) Cantando na fala impura... e se lembrou de fazer uma pescaria. Pra disfarçar imaginou noutra coisa. Fazia tempo que pusera reparo num bando de cunhãtãs passeando todos os dias na Praça da República. Perguntou e soube que aquilo eram normalistas. Dormiu sonhando com elas. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que os manos saíssem e levantou, sem reparar, com o pé esquerdo. Tomou banho perfumado com macacaporanga, botou um chapéu fino de ubuçu e deu uma chegadinha no cabeleireiro para pingar essência de pau-rosa no cabelo. Depois foi na Praça da República muito bem disposto. Quando as cunhãtãs vieram saindo da máquina Escola Normal, Macunaíma ficou muito atrapalhado não sabendo qual a mais bonita. Coração batia com saltinhos apaixonados, e Macunáima andava dum lado pro outro sussurrando suavemente : Mani, Mani, filhinhas da mandioca ! Afinal se resolver por uma lindeza
Ein Pakt mit dem Teufel (und es werden immer mehr) Mas, talvez também seja assim: o fim já ocorreu. Nós não existimos mais. Vivemos só de mentirinha, um reflexo, um estrebuchar conclusivo. Ou talvez alguém esteja sonhando conosco. Deus ou um ente superior parecido, um supergrandalhão que nos sonha em capítulos sucessivos, porque gosta de nós ou nos acha engraçados, e que por isso não nos larga, não se farta de ver-nos estrebuchando. Nós perduramos em seus flashbacks e graças aos apetites audiovisuais de um Princípio Divino, embora a última sessão, ou ultemoch, como diz a ratazana, já tenha ocorrido há muito tempo; desaparecemos imperceptívelmente, pois - mesmo que os homens tivessem casualmente notado o fim num domingo de junho - seu comportamento e a atualidade de seus negócios, horas marcadas e promissórias, seus hábitos aprazíveis e seus terríveis imperativos não se deixaram transformar nem redimir, cancelar ou superar, de tal forma era ou é imutável a espécie humana. GÜNTER GR
Das pequenas coisas de ontem não falemos mais Acho melhor repousar nos braços, nos membros incompletos da Ilusão, onde a dor é possível de ser suportável, talvez seja. Mas isto não é só comigo, também pertence a ti tal decisão: a de irmos por caminhos diferentes, procurando um final em conjunto. Não parece estranho ? Irreal é o que somos, irreal é o que não somos, nem seremos. A realidade está sempre um passo à frente de mim, de ti, de nós, e a irrealidade chora em seus próprios canteiros alguma folha extraviada ou, simplesmente, algum talo caído. (DMC) Tela: Darlan. Título: Nosso entorno
foi uma sensação sem punhos, sem lábios, indício algum de ter existido Quando será que na ocidental sociedade (porque nas outras sociedades, parece, este é um caso perdido, sim, pois nos fazem vê-las, a elas, como casos perdidos. Há sociedades em que as mulheres não têm nem mesmo um nome), repito : quando será que as mulheres não perderão seu nome de solteira após casarem-se - a não ser que o queiram perder, por livre e espontânea vontade, e não pelo arraigado costume de se reconhecer mais esta submissão a que foram e ainda são submetidas perante os homens, costume este que continua roendo-lhes os dias e vazando-lhes as noites ? (DMC) ****** Poema de Astrid Cabral (1936- , Brasil) O FOGO Juntos urdimos a noite mais seu manto de trevas quando as paredes recuam discretas em horizontes de além-cama e num espaço de altiplano rolamos nossos corpos bravios de animais sem coleira e juntos acendemos o dia em cachoeiras de luz com as centelhas que nós seres primitivos forjamos com a pedra las

OUTRA LUZ TE LEVA PELO BRAÇO, MÃE

Todas as curvaturas da Natureza sendo apenas um traço teu. Ficam comigo e com muita gente mais, minha Mãe, a tua candura e o teu silêncio cheio de fervor nos dias chuvosos; fica o tempero escorrendo pelas fibras do talharim, no queixo de uma filha tão esperta quanto o 'lôro' da vizinhança, sempre agarrado ao barulho mais comum das casas, sim, ficam comigo os teus anseios, Mãe, aquelas jóias sempre caindo da tua testa cheia de rubis, esmeraldas, turmalinas e diamantes, cheia daquilo a que todos nós nos acostumamos chamar de suor, pois eram jóias as tuas gotas de suor e as lágrimas que tu vertias nas madrugadas em que te levantavas para dar-nos outro beijo e ajeitar-nos o cobertor, eram jóias inenarráveis todas aquelas estrelas que tu fazias nos biscoitos, aquela tua fala toda bordada com um tipo de material jamais pressentido pelos pobres deuses e deusas, e assim os anos iam moldando os nossos haveres e deveres, e tu sempre a mesma, Mãe : severa, mas era a mais pura mentira
Talvez lhes falte sal, sono, um repto maior que a morte Garbos constantemente incitava Judas contra mim. Aos poucos, o animal deve ter chegado à conclusão de que eu era o seu pior inimigo. A simples visão de minha pessoa era suficiente para fazê-lo eriçar-se como um porco-espinho. Seus olhos tornavam-se injetados, o focinho e a boca tremiam, e escorria espuma por dentre os seus colmilhos ameaçadores. Precipitava-se sobre mim com tamanho ímpeto que eu receava vê-lo romper a coleira de ferro que o mantinha seguro, embora ao mesmo tempo ansiasse por que ela o enforcasse. Constatando a fúria do animal e o meu próprio temor, Garbos costumava às vezes soltar Judas e, mantendo-o apenas pela coleira, fazê-lo imprensar-me contra a parede. A bocarra rosnante, espumante, estava a apenas algumas polegadas de minha garganta, e o corpo possante do animal estremecia de fúria selvagem. Por pouco se engasgava, espumando e cuspindo, enquanto seu dono incitava-o com ordens ásperas e incitações brutais.