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Mostrando postagens de julho, 2011
Rua do TIRA CHAPÉU - Centro Histórico de Salvador, Bahia, BRASIL SHOWCIEDADE Tendo morrido aos vinte e sete, desde então tem sofrido mais barbáries, vindas da boca dos bárbaros, até porque, afinal, o que mais pode haver na garganta profunda de um bárbaro, de uma bárbara? Assim sendo, para muitas e muitos, o fato é que o vício acabou com a criatura em questão; para outras figuras do non sense, e para muitas outras também desqualificadas, a integridade com que se dedicou à própria vida foi o que danou a pessoa, e assim é que o número vinte e sete ficou mais generoso e dramático, maldito e acintosamente imantado, sendo um irresistível chamarisco, campo de apostas tornou-se este número, exato e inexato quanto todos os outros, e é bom não esquecer que os números são ou parecem ser infinitos, deuses da utopia, da ganância, o que há de mais sedoso e espinhento na pauta do sexo, evidenciam o inalcançável, e é por isso que a vida e a morte de certas criaturas não têm sossego, mesmo após pr
POLA OLOIXARAC Sua escolha de carreira e seu caráter retraído não fomentavam as relações com garotas; na faculdade só tinha conhecido duas, e não podia assegurar que reunissem méritos suficientes para ganhar a denominação "garotas"; tinham o estilo de baixinha amorfa que depois herdaria sua filha. Logo se tornaria evidente que o destino e a opção intelectual tinham feito de Rodolfo um elemento forçosamente fiel, monogâmico e heterossexual. Era natural, então, que, assim que a Providência o aproximasse de uma mulher (uma pertencente ao conjunto "garotas"), Rodolfo se aferrasse a ela como certos moluscos nadadores viajam pelo oceano, até que cravam seu apêndice muscular no sedimento como um machado, cuja concha ou manto tem a faculdade de segregar camadas de cálcio ao redor da película mucosa que o lubrifica; ao fim de um tempo esta se rompe e o molusco volta a ficar à deriva, que varia entre o oceano e a morte. Encontrou-a caminhando pela avenida Corr
MADAGASCAR ... traditional village north of Antananarivo DOS GONZOS EMPERRADOS DE UM PORTÃO, ÀS LUZES DO OUTRO LADO amor é qualquer coisa de simples: todo mundo tem um ou dois, e até mais, gênero de primeira necessidade na despensa da vida, parece que o amor pontua em lugares e tempos os mais imprevistos: no mercado, lá onde pega fogo a feira de verduras e legumes, feira de rosas, entre elas os espinhos do amor (dizem que tem muitos), simples assim é este mais que verbo possessivo: amor com amor se paga, diz o provérbio, mas algo simples feito gotas de desespero é amar Texto: Darlan M Cunha Foto: IMÁGENES Y GRÁFICOS
TRABALHAR CANSA  /  LAVORARE STANCA Diz o título do livro de poemas do italiano Cesare Pavese, que trabalhou dez anos nele. Sabemos que trabalhar cansa, que é absolutamente necessário, trabalhar enrijece corpo e mente, etc. Mas me lembro aqui, de repente, daquele sinistro e sarcástico mote sobre uma entrada de campo de concentração: Arbeit ist Freiheit /  O trabalho liberta. Como se vê, o trabalho está sempre na ordem do dia, mas como eu sou do contra, abomino servir a este patrão, e assim é que vivo por aí, de déu em déu, fazendo de mim o que sou, das tripas coração, sempre arredio ao tempo forjado num relógio pregado no pulso, melhor, na mente, o que é estressante. Tá na hora, gente, que o metrô espera, o ônibus espera, a bicicleta espera, a barca espera, o estresse é chefe, patrão, absoluto senhor dos teus anéis. Foto e texto : Darlan M Cunha
FERNANDO DINIZ - interno do Museu do Inconsciente, RJ Nasci na Bahia, no arrabalde Estrada da Boiada ou Aratu, não sei. Tive uma irmã clarinha, nasceu e morreu. Mamãe mudou. Mudou para um barracão no morro. Era uma só rua. Depois veio para o Rio. Eu não tinha nenhum brinquedo quando criança. Então sonhava todo dia com brinquedos interplanetários. O poder de sonhar com o que quiser - menos sonhar com o que é da terra. Houve um tempo em que quis ser engenheiro para casar com Violeta. Mas engenharia não gostaria de estudar. O livro de engenharia é um monte de pedras, pedras e pedras. A caldeira é de tijolos sobre tijolos. Tudo igual. Aí tira o mistério do mundo. Não sei porque milagre passei a gostar da escultura e da pintura.  Depoimento: Fernando Diniz   /  Foto sobre um de seus trabalhos (MI - RJ) MUSEU DO INCONSCIENTE