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Mostrando postagens de fevereiro, 2012
cria fama e... THE OSCAR GOES TO… O artista da fome é um livreto, mas tenho um vizinho que é, ele também, como todos os seus pares, de certa forma, um artista da fome, que sempre está com uma perna quebrada, a outra está luxada, ou com os braços em má situação, ou com um corte no queixo, não fala nada o artista, mas isto é algo antigo nele, porque sempre foi só um fantoche o artista com suas pinceladas, partituras, esculturas, gosta de mostrar que está por dentro das recomendações explícitas e subreptícias de amos e amas: god save the king, god save the queen (more), save the eurotunnel, eurodolar (o país dos dez mil "li" vem aí, vem aí a lavoura de mandarins). Foi nos bailes da vida... Aqui perto de casa há uma grelha enorme no chão de cada pista da avenida, que não dão vazão à água e, principalmente, aos mil dejetos plásticos, sofás, pneus, portas de casas, tijolos, geladeiras e fogões, sanitários e baús. Tudo é lixo, gente. Voltemos ao artista:
                                                                                                                                       FOGUEIRA viu uma fogueira em cada porta de um lugar do qual não se lembra, madeiras e ossos estalando, porque delícia pouca é besteira, porque inferno pouco é bobagem, o fogo é a estalagem na qual aqueces a comida, vai contigo à montanha, recobre de cinzas tuas pegadas, sim, o viajante viu fogueiras em cada rua, o rosto e a bunda da dúvida, o bafo da carne rasgada e bem temperada, sete goles de sorrisos com limão e gengibre, crianças com varas de marmelo nas mãos, correndo atrás do próprio riso, correndo atrás dos pais, de avôs e avós, ó, a vida é um caracol, espiral que não se pode desprezar,   caro amigo, se nenhum de nós tem ninguém em quem confiar; então, confiemos em nós mesmos, pactuemos entre nós mesmos Poema: DMC Imagem // Image: (?)
FROM DIGITAL AGE TO STONE AGE (to wake up or not?) O meu amigo Opabília tem cinco olhos com os quais preserva-se de um mundo todo ele olhos, mais para malévolos (os do mundo) do que para outra intenção. Expressões como pedra sobre pedra, olho por dente, dente por olho e a educação pela pedrada ele segue-as à risca, segue o tema para jovens enamorados mais de si do que do seu entorno, pelo que está bem longe de mim reprovar-lhe tal atitude, que também eu me previno assim, por sempre escamoteado, espicaçado, mas sou carne nua e crua, e só mesmo um tempero adequado para a ele adequar-me eu mesmo, carne dura, fibra por fibra, carne de pescoço – como diz o povo, embebendo-se ele mesmo numa estopa cheia de combustível de imprevisível ascenção, de ignição destemperada, que o povo vive sua pedra, sua pedreira, sua educação pela pedrada na era digital. Foto e crônica: DMC
TURISTA EM VIAS DE ondas e rochas vivem seu tempo (clausura ou fobia, catre ou ambivalência: tudo é anseio), o tempo que lhes dá e tira o vigor (pensou nisso, debaixo da cascatinha, no Caraça), ambas sempre lutando contra ele até se perderem no redemoinho que faz a rocha ser areal, e a água evolar-se (mas essa é teimosa: volta) o tempo também luta contra ele mesmo sabendo que a rocha hoje granulada vai no vento a favor do esquecimento é também um amor numa esquina antiga (tinha olhos curtos, mas limpos)   esperando noutros possíveis e impossíveis ângulos Foto e poema: DMC
SÍNDROME DE FEVEREIRO os pés inquietos de fevereiro reviram-se na lama que os cobre, que é tempo é tempo de chuva, do que restou dela em dezembro e janeiro, a cólica feroz das nuvens nos pés de fevereiro, eis o assunto do dia nos jornais, mas outros assuntos logo serão a bola da vez, porque já é de novo fevereiro, e só algumas pessoas dão por exato conta disso: que os cabelos já não são os mesmos do fevereiro passado, mais calmos estando talvez os dedos das mãos, menos motivos talvez para sorrir tendo as criaturas do dia e da noite, insones e dorminhocos, todos tendo nos ombros os fevereiros que fizeram por merecer, a canção diz: "não viemos por teu pranto", então, resta ir aos vinte e nove dias deste mês (há dele de vinte e oito), e abrir-lhe o leque, porque fevereiro é a época dos pés soltarem de um jeito único a sua mania, sua ânsia anual por folia, que os pés, em fevereiro, são reis melódicos: adeus, bigodes da seriedade; adeus, sutiãs e outras barbari