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Mostrando postagens de junho, 2012
O OVO DO DEMENTE Nada visível é o ovo que aqui se canta sem prévio aviso, água que se decanta nalgum ermo da cidade, numa casa cuja louça espera pelo molar e pelo siso (quando não por outro parágrafo e seu inciso). Nada visível é o estorvo que pode causar este ovo, a priori, sem nenhum aviso de que a água pode ser ou já estar molesta, o que só se saberá a posteriori. Algo visível é o esforço feito para se acusar este ovo de megalomania, de algo qualquer que o rache antes da hora; melhor é que não ache saída o que lá está, e geme, noite e dia. Bem visível é a ânsia do bicho dentro do ovo do qual aqui se fala, ele com a sua gosma de bala, filete de amor arranhado pela dor da (pa)lavra impedida, que reluta, até que a sua flor se cala. Foto e poema: Darlan M Cunha
 SINA pés de pato sempre na água há pés de ida sem vinda, fé remoendo velhos e novos espinhos, pés de doloroso parto, mãos levadas ao solo de um infarto ou de outro hiato, um tempo ruim sopra o mundo, às vezes, não, às vezes, sim, o mundo troca de pés e mãos, salva o dia pela noite, e vice-versa, eis o homem dentro da mulher: enlace de longo alcance querem ambos, a montante e a jusante, os pés no mundo Arte e poema: Darlan M Cunha
Museu do Ouro // Gold Museum // Museo del Oro - Sabará, MG, Brasil Mas não tive certeza de quem eu era e de quem eu seria depois daquele tempo retirada [...] Excerto do livro "Constelação de Ossos" (página 59), da escritora BÁRBARA LIA. O Blog da BÁRBARA: http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/ Foto: Darlan M Cunha
  Bar BIROSKA (Sabará, MG) é citado no meu livro " Umma " SOMBRA Ia todos os dias ao mar, de forma inescapável aos peixes, reavendo talvez algo de si na luz sobre folhas e telhas, fazendo com que homens se juntassem para ver o que faria aquela de todos os dias, sempre com passos de vagar dentro do seu silêncio, mas nel mezzo del camin ela um dia parou, deu meia volta, e nunca mais foi vista - esquecida a toalha em cujo corpo flui ainda sua sombra, seu assombro nunca desvendado. Foto e poema: Darlan M Cunha
DOIS TIPOS DE PÃO: trigo e livro Ficou gritando "que a esperança seja a penúltima a morrer", escandindo verbos e execrando adjetivos e quaisquer sinonímias que levem para fora o amor, enfim, perdido perdido – que o amor pode fazer muito mal. Então, num lapso raro, incrívelmente realista, eis que ele se saiu com essa, algo de si para si: "Vivo quase sempre só,   porque no fundo eu só amo a mim mesmo, por isso sei tão pouco do que seja um relacionamento, porque eu, consciente ou inconscientemente, logo o destruo, portanto, não sou como um circo ou um circense que levanta e abaixa a mesma lona todos os dias de sua vida. Não. Vivo de cabeçadas nos muros, de muro em muro, de urro em urro." E assim é esse tempo de crianças filhas de um carnaval murchando cada vez mais pela escassez de matéria prima para um riso sem manchas; eis, enfim, a alegria com uma perna quebrada, a troca da alegria pela alergia generalizada. Foto e texto: Darlan M Cunha
JUNHO O sexto mês entra na estrada do ano, descendo do sono para pôr a sua mesa o sexto mês do ano, e no meio dessa rede haverá peixes ou pássaros a serem capturados na forma de correspondências sob a porta, o costume das festas juninas, alguém pedirá alguém em sacramento, alguém pedirá divórcio, e alguém viajará para nunca mais; já é junho, as costas de maio ainda estão quentes sobre as pessoas, mas já se afasta, como é natural, junho já caminha real, mesmo de madrugada houve quem o recebeu de pé, o interior do país dorme, é dia noutra latitude noutras longitudes o pavor e o amor qualificam e desqualificam os seres, sim, junho veio para ficar durante trinta dias - a vida útil dessa planta da qual é natural esperar colher todos os dias o néctar revigorado. É junho, flores estalam, e o primeiro café do mês já está gritando. Poema: Darlan M Cunha Photo (from here): http://www.lowbird.com