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Mostrando postagens com o rótulo deus
O mesmo de ontem, mas diferente. *****   1.      O que há de desnaturado no verbo somar, ainda que ao somar ele carregue consigo o verbo subtrair ? Ora, isto é natural, sempre foi, é e será. Alguém sempre perde algo no jogo: cesto, tijolo, bicicleta, a casa). Ó, quanto há de sombrio em certos sorrisos e certos apertos de mão ? Isto só se sabe depois que o rastilho de pólvora chega ao fim. 2.       Dominus vobiscum. Um dia - já era madrugada - eu e o amigo e vizinho voltávamos da balada, quando de repente Deus saltou à nossa frente e, sem sequer me notar, pregou-nos o óbvio, qual seja, um tenebroso, melancólico e enjoativo sermão, pelo que nos fizemos de desentendidos, deixando-o estático no passeio público. O sermão durou uma eternidade. Nem sei onde ele dormiu - talvez no hotel central ou na pensão da Dona Cacilda, os únicos lugares para isto nesta aldeia. 3.       Na sexta-feira santa do ano passado, eu e o meu amigo e vizinho estávamos em casa, beben
IMOTION SAPATOS VERMELHOS Quando eu era adolescente, novos sapatos mereciam batismo dos colegas: lama cuspo ou graxa, mereciam o rito os quedes ou os sapatos em geral marrons ou pretos. Mas, será que o filho de Pedro, movido pela dura cepa da fé, sustendo vontades que o mundo de deus dá aos seus, nunca desistido do encargo de ser lavoura arcaica, enfim, voltará a usar sapatos pretos em sua finita performance de homem sustentando cara de divino (indicado que foi, pelos pares), pernas e mãos sob o peso do reino do silêncio ? À beira da infância final, talvez se encontrem os dois pares de sapatos, dividindo risos sobre a solércia e o desencanto dos tempos, dívidas entre ratos e gatos entre sisudos, bolorentos, cúpidos corredores nas paredes dos quais um par de sapatos vermelhos chora pesado. ***** A HISTÓRIA DESTE POEMA : Hoje, no final da madrugada, ao assistir ao telejornal na TVE,   televisão da Espanha, falando s