TREM DOIDO DE BOM Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido." _ Darlan M Cunha
na lama que os cobre, que é tempo
é tempo de chuva, do que restou dela
em dezembro e janeiro, a cólica feroz
das nuvens nos pés de fevereiro, eis
o assunto do dia nos jornais, mas
outros assuntos logo serão a bola
da vez, porque já é de novo fevereiro,
e só algumas pessoas dão por exato
conta disso: que os cabelos já não são
os mesmos do fevereiro passado,
mais calmos estando talvez
os dedos das mãos, menos motivos
talvez para sorrir tendo as criaturas
do dia e da noite, insones e dorminhocos,
todos tendo nos ombros os fevereiros
que fizeram por merecer, a canção diz:
"não viemos por teu pranto", então, resta ir
aos vinte e nove dias deste mês (há dele
de vinte e oito), e abrir-lhe o leque,
porque fevereiro é a época dos pés
soltarem de um jeito único a sua mania,
sua ânsia anual por folia, que os pés,
em fevereiro, são reis melódicos: adeus,
bigodes da seriedade; adeus, sutiãs
e outras barbaridades de todas as ©idades!