
Macunaíntima de mim, vou
coiseiras e improvísios de Macunaíma adantes de arre-conceber a noiviciada
(dmc)
Cantando na fala impura...
e se lembrou de fazer uma pescaria.
Pra disfarçar imaginou noutra coisa. Fazia tempo que pusera reparo num bando de cunhãtãs passeando todos os dias na Praça da República. Perguntou e soube que aquilo eram normalistas. Dormiu sonhando com elas. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que os manos saíssem e levantou, sem reparar, com o pé esquerdo. Tomou banho perfumado com macacaporanga, botou um chapéu fino de ubuçu e deu uma chegadinha no cabeleireiro para pingar essência de pau-rosa no cabelo. Depois foi na Praça da República muito bem disposto. Quando as cunhãtãs vieram saindo da máquina Escola Normal, Macunaíma ficou muito atrapalhado não sabendo qual a mais bonita. Coração batia com saltinhos apaixonados, e Macunáima andava dum lado pro outro sussurrando suavemente: Mani, Mani, filhinhas da mandioca ! Afinal se resolver por uma lindeza de normalistinha branca ver garça-real. Pegou nela e foi caminhando pra pensão. A cunhãtã achou graça e rindo feito boba perguntou: Aonde você me leva ? O herói respondeu: Pra mim !
Mario de Andrade. Macunaíma
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Poema de Darlan
VOLIÇÃO
Mario de Andrade. Macunaíma
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Poema de Darlan
VOLIÇÃO
Vontade consciente para atuar,
uma vontade larga e teimosa
fareja rumo ao Nada, indo
atrás de alguém e de todos,
escadas e escalas rangem
e desde anteontem os dois
se vêem cada vez mais
sem receio de conquista
ou valor de danos & perdas,
olham rumo aos alheios
mamilos urdindo míngua e
nãos: idioma é o que urdem
os mamilos arrastam pintores
às ruínas de antigas salinas
onde a literatura secou e
a tranca da cama diz mais
de gente do que de satanás,
sim e não, satanás diz que
há mais cinzas do que praia
na arte e na memória,
de teto algum já não pende
o divino dedo do terror divino,
o que, sabe-se, atraía o largo
e frouxo umbigo do Tempo
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imagem: enviada por Iara, que a recebeu de Tattyanna (EUA). China.
Eta Mario de Andrade e Darlam. Cada um é cada um, mas dá um gosto danado de ler oceis dois.
ResponderExcluirAbraços amigo mineiro.
É isso aí, mano velho,
ResponderExcluira gente vai, assim ou assado, vai...
Abraços bem matutos, UAI !
Darlan
Oi, VALÉRIA
ResponderExcluirFico-lhe grato pela generosidade, pelas perguntas inteligentes feitas a você mesma (muito importante é isso) e, por fim, pelo fato de eu saber que o meu poema pode despertar nas pessoas uma visão ainda mais larga do cotidiano.
Você está mais do que autorizada a me adicionar em sua lista de favoritos.
Aquele abraço. Darlan.