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Algo me diz da importância de tudo, da suave passada do vento, porém, algo permanece sob Incógnita.












As paredes eram enfeitadas com monstros macrocéfalos, ovos de avestruz, peixes-gato e fetos em formol; do teto, acreditou adivinhar a carmelita, pendiam víboras secas, perucas eriçadas que simulavam mandrágoras, uma esfera de ouro perfeita, um camaleão albino, uma iguana de seis patas, embora sem nós nem rabo, e o fêmur direito de Adão. Num canto, sobre um tapete branco, com os atributos de Osíris entre as patas dianteiras e almôndegas avermelhadas numa grande bacia verde esmaltada, entretinha-se, arrogante e burlão, o bichano siamês que corroborava as pertinentes suspeitas da religiosa.

SEVERO SARDUY. Colibri.
******

Poema de
Darlan

Implícita e explícita, numa só
gota de plasma
teu, irremissível, está a minha
caminhada rumo à ilusão
de nome felicidade - portanto,
sem nada, mas
necessário se faz que eu vá.
******
Recomendo: o trabalho de paciência da professora-pianista Beth Ribeiro, de Paraisópolis, MG, com o coral infanto-juvenil Pequeninos de São Francisco:
http://bethribeiro.multiply.com/music/item/122
http://bethribeiro.multiply.com/music/item/120

Comentários

  1. Nossa Darlan!! que honra!! obrigada Namastê..

    beijos e boas festas

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  2. BETH, querida amiga,
    um trabalho assim, uma visão de mundo desse tipo não pode passar em branco.

    Um abraço. A casa também é sua.
    Darlan.

    ResponderExcluir
  3. Já fui ver o trabalho da Beth. Que beleza
    que está! Adorei!

    E esse cavalinho aí? é o dengoso? hihihi
    Estou trocando o pneu dele, olha só!

    (morro de pena desses animais trabalhadores...)

    ResponderExcluir
  4. Jóia, ZANA, tu viste o que eu vi nesta foto: o trabalho do impassível animal, paciente ao extremo (o nome da foto é Paciência), que tolera a Humanidade há milhares de anos e coisas e tais.
    Ah... o nome que dei a ele é este: "Filósofo"

    Um abraço.
    Darlan

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  5. Uma viagem ao incsnciente do autor hehehe

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  6. Sem dúvida, caro THIAGO... viagem às outras margens.
    Um abraço.

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FLORES SÉSSEIS, VIDROS E ÁGUAS: CONSTELAÇÃO DE OSSOS 1. O ENCANTAMENTO PELOS MATERIAIS Vidros e águas se entendem, agarram-se uns aos outros como um pensamento bom atrai outro de sua estirpe, como as pedrinhas de um caleidoscópio fazem umas com as outras, ou seja, abraçam-se e soltam-se num emaranhado nunca igual, mas sempre com o intuito de união, sua sina sendo a de viverem unidas, mantendo a própria identidade – o que é cada vez mais difícil, mais improvável entre os humanos. Águas e vidros: água doce e vidro plano, água salgada e vidro temperado, água suja e vidro opaco, água limpa de bica e vidro colorido  de igrejas e bordéis, sim, de tudo se faz canção e caução, e o coração na curva de um fio d’água estalando gotículas nas costas dos lagartos (agora tu sabes a razão do sorriso do lagarto, uma delas), úvula e cio, nonada , tiros que o senhor ouviu... , o rio cheio de mormaço, espelho d’água é a sensação de um rio calmo calmo calmo, tu vais com ele, entras n...
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