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É muito frio aqui, mas sossegado. foto: David Mintz LEMINGUE * Sei de ti o que o precipício não grita. Nada nele (no abismo) me é desconhecido, mas em ti há furnas e neblinas insondadas, além-lá de onde gritam os homens que não se deixam nem te deixam em paz, ocos à propria e à imagem de deus-pequeno-sabor-de-medos, essa imagem reaparece sempre que temer é necessário. Sina, genealogia, o que sei de ti já saltou para dentro do impossível suor a dois. ***** *: O uso, aqui, do nome deste pequeno mamífero originário da Escandinávia e da Rússia, que também habita o Canadá - o lemingue ( Lemmus lemmus ) - é puramente figurativo, um direito da Poesia. Sei que o mito de suicida que persegue este animalzinho de uns 15 cm e 30 gr, começou com o filme da Disney, feito no Canadá, em 1958, de nome White Wilderness (Selva Branca). Essa infâmia, ou mentira, que desconhece as Ciências Biológicas, a Vida, nunca foi punida. Grassou e grassa. Lembro-me de uma conversa com o
¿Por qué no te callas? ***** BUFAS PARA O MUNDO ! MEMORIA DE MIS TRISTES PUTAS * Sobre o recente episódio diplomático, sado-humorístico, hilário-pentelhos, lítero-musical, também chamado de o prato-do-dia, no qual o Rei da Espanha, Juan Carlos de Bourbon, exije que se cale o presidente venezuelano Hugo Chávez, muito se tem escrito, desenhado, filmado, etc. Dias depois, inquirido sobre o assunto, a saída do presidente Lula foi pífia. Há governos presidencialistas (México, Brasil), nações cujo sistema ou regime é aquele no qual um primeiro-ministro é a peça-chave, políticamente (Suécia, Noruega, Japão, Inglaterra), nações nas quais não há nada mais que uma enorme sombra sobre elas (Myanmar, Paquistão e outras tantas). O presidente Chávez exigiu para si um terceiro mandato, exigiu o que não existia na Constituição da Venezuela, fazendo assim a cama para si mesmo, legalmente / ilegalmente. Eis que em todos os encontros de cúpula ele ofende a um e out
Hugo Rudá S. Caetano do Sul, SP (PICASA) LIVRO DE RECLAMAÇÕES / COMPLAINTS BOOK II (Palavra de rei / Avarias Mecanicistas / Desvios Psíquicos) "SHUT UP !" 1. "? Por qué no te calas ?" (Rei JUAN CARLOS, de España, ao republiqueta venezolano Hugo Chávez) 2. Bracing for the worst. (CNN) 3. "Para él, arte y estrés marchan siempre juntos." (Deutsche Welle, documentário sobre o Hotel Adlon, em Berlim, acerca do funcionário responsável pelas flores, buquês...) 4. "O fascínio é um conceito que ninguém consegue definir." (Humberto Eco) 5. "We should embrace new ways of thinking." (Rainha RANIA, da Jordânia) 6. "Não é o Corão que bate nas mulheres; são os homens que batem nas mulheres." (Ayaan Hirsi Ali, 38, excisada. Escritora. Somália / Quênia / ex-deputada na Holanda / EUA)
edward hopper. strictment confidentiel. LIVRO DE RECLAMAÇÕES / COMPLAINTS BOOK ( TOCAS & MANEJOS, TARAS & IDOLATRIAS, CUSPOS & ECOS ) 1. Via de regra, as pessoas pioram tanto que chegam a ficar irreconhecíveis, indignas de uma honesta lata de lixo. (dmc) 2. Não tive filhos; não transmiti a ninguém o legado da minha miséria. (Joaquim Maria Machado de Assis) 3. O teu terror e o teu amor são de utilidade pública. Furarei a fila. Preciso deles. (dmc) 4. Não fornico; só forneço materiais para reconstruções do que nunca existiu – ou, se existiu, eu não vi nem ouvi. (dmc) 5. Quase igual à exclamação que nos vem com um gol, é a que se configura, e de nós se solta quando retorna a luz elétrica. (dmc) 6. Where are you ? Healing deep wounds. (dmc) 7. O desprezo pela carne nasce com o Cristianismo. (Umberto Eco) 8. "A dor é boa". (Silas, personagem do péssimo livro O Código Da Vinci) 9. Sempre contra a luz, e ainda insatisfeito com o resultado.
Pega-os pelo centro da desatenção, que o equilíbrio é passado. FLOEMA e XILEMA (das metáforas nada anacrônicas) Revela nas cunhas o oco do Mundo, no rosto água certas memórias de toda madeira, essa mão é tua ponte, sombra e água frescas revessas vamos que minha memória continua em ti. DMC ***** Foto: music. tina negus
Pequena trilha de sépalas é o que nos dá a manhã, e nos faz prolífera a tarde, e de algodão a noite. GOSTAR DE TI É UM POEMA, DIZ A CANÇÃO * Ainda que não acorde no ano que vem, por você esperaremos, melhor : por você daremos voz às canções. Nas panelas e camas desta família, temperos da abjeção e do ódio nunca tiveram quarador, nenhuma guarida tiveram os membros de alguma disputa que não fosse clara como a primeira noite de um homem e de uma mulher, sim, nesta família comum (incomum, como todas, por seus delírios, grandes os campos do “a fazer”, colinas e montanhas onde uma água sem igual, decerto, espera-se sempre encontrar)... dizia eu que a parceria com as perdas é mais que sintoma, e é fato que a família em questão também passou por bons bocados, e que ecos de sempre nas quinas dos telhados dão conta de quantas glórias subiram paredes e pisos da casa, quanta doceria e quantos salgados noites fora e noites dentro fizeram o acervo familiar, glosas subindo degraus (primeir
Achas que sabes tudo acerca desta série ? O DESESPERO ROAZ DA INSÔNIA, A INSÔNIA CRUEL DOS ECOS Campos de ouro na boca do touro o marasmo não tem vez alguma, mas vez que outra na boca do mouro entra sal e sai um sol esturricando acres e abelhas, e logo se vê, pela casta desconversa entre si, que os homens e os touros se equivalem e se gostam de tal forma a se vestirem uns aos outros, mestres antigos em trocarem de formas e amantes da mitologia que inventaram para a si mesmos enganarem através da casca e do miolo das Eras, os homens-touro não aplacam o nunca de sua desrazão, nada neles fica de bem com a poeira por eles próprios levantada, e assim as arenas latejam por mais ingressos mais areia nos olhos dos touros porque os homens, há tempos, estão cegos de não saberem onde o touro onde o homem completam o dia e a noite à beira de areias e estrelas, astrolábios para minotauros, ira & desespero entre gralhas e gafanhotos, levas de chiptroncos (cé
Heber Matos Cunha (19-12-1952 / 21-10-1986) A VIDA E A MORTE EM CADA UM Hoje, 21 anos depois do seu falecimento, lembro-me do meu irmão Heber - rebelde inato, preso ao momento, generoso como poucos e, quando preciso, capaz de enfrentar batalhões. E esta relembrança parece dizer que não o conheci bastante, que não saímos juntos tanto quanto seria de se esperar entre pares; ir juntos, por exemplo, ao futebol ou para bebericar umas e outras. Éramos bem diferentes. Ele era, de fato, uma pessoa boa, muito dada aos outros, mal ligava para si mesmo. Dentro de um livro reencontrei a folha nº 2 da Lista de Presenças do seu enterro, ou gurufim, sim, porque gurufim é um enterro alegre, hábito muito comum principalmente nas rodas de sambistas no Rio, também na Bahia não era incomum ter velório em que o morto era louvado com genuína alegria; e se relembrava um caso e outro, peripécias, harmonias e desarmonias. Isto ainda existe, mas é pretexto para imbecis e vadias de todo
SANFONA PARA O CÉU ou SKY IN THE ROAD ou Ich bin ein Weltbürger A NOIVA DA NOITE Salta de dentro de si, como se chuva inesperada fosse sobre a espera . Algo de extremo sabor vive mais além destes muros, na entrada desta casa tudo trabalha para que não erre o caminho o amado, entre o olho da samambaia e os dentes da espera estou. DMC ***** Foto: ZANASTARDUST
"Por la blanda arena que lame el mar / su pequeña huella no vuelve mas / Un sendero solo de pena y silencio llegó / hasta la espuma" DE SE RECORRER AO PEITO Após algum tempo, ouvi uma das minhas canções preferidas, que vem comigo desde a nossa primeira vez, e uma sensação muito boa veio-me, embora desnecessário pareça-me dizer o já dito logo nas primeiras palavras deste texto. Além disso, chamou-me a atenção o fato de que a noção ou a lembrança primeira que tive, logo nos primeiros acordes, foi a de como era ouvir música em long-plays : levantar-se a cada 20 ou 25 minutos, para virar o disco e, com isso, parte de sua concentração ia embora. Caramba ! Foi ontem esta eternidade. A canção é a comovente Alfonsina y el Mar ( Ariel Ramírez y Félix Luna) , na gravação original de Mercedes Sosa – uma canção que fala da muito querida poetisa modernista argentina Alfonsina Storni (1892-1938), suicida – para quem o povo argentino ergueu monumento na praia La Perla , Mar del
Para mim, tem nome o assombro: mar, pois a tessitura da água sempre me aturde, une o terror ao fascínio. EMBORA CURTO O VENTO Onda após onda, permitir-se querer sempre estar à deriva no mar que leve ao barco avariado, ainda que numa angra de tormentos te vejas lançado, ainda que sempre te aturda a tessitura da água ao unir ao terror o fascínio, sim, ainda que numa baía de fundo pedregoso encalhado esteja o barco, afinal. DMC ***** imagem: Da série Conchas , desenho com lapis aquarelado. LIZKASPER
Ir-se-á logo o tempo dos navios Contos da minha casa – 10 UM DOMINGO ASSIM DE POUCAS NORMAS Um jovem casal em frente à minha casa está de mundança. É domingo. Ela chegou hoje cedo, desceu do carro, pegou uns pacotes da padaria logo aqui na rua de trás, o branco avental esvoaçante, o som do carro numa altura diferente do usual em brasileiros e brasileiras : médio. Escavei palavras ou poemas, bebi mais rubiácea, nervos não há em quem se afasta de gente, para quem há muito tempo deixou de gostar de gente; é claro que com aquelas exceções mínimas, mínimo de qualquer múltiplo é o quanto quer para si quem chega a este patamar, mas o mundo é grande em sua pequenez, e eis que de certa forma eu me afeiçoei ao casal – mais a ela, do que a ele. E já me lembro de um fim de madrugada, numa segunda-feira, quando vieram aqui pela primeira vez, sendo que acho que nada havia lá no apartamento, e lá ficaram (vantagem de quem descansa as vistas ao ir à janela de quando em vez, sim, aquele
Altera comigo o palpável e o inimaginágel. Contos da minha casa - 9 Acabou-se o dia, e mal foi percebido, ficando para trás outro compromisso. Mas existe algo mais urgente do que a Morte ? mais exigente do que a Vida ? Em que tipo de pasmo diário ou cegueira se metem homens e mulheres ? No chão da casa há um rastro do qual não se livra quem nela entra ou sai; um rastro silencioso e cheio de detalhes, rico em coloração e pródigo em curvas, sendo que um olhar mais atento a ele pode nos levar a imaginar o não-visto e a sentir o não-possuído, até porque é no chão que a gente deve estar - embora nem sempre, porque flutuar faz parte obrigatória da existência sadia, não-patológica. Dizendo isso, a visita vê uma tela na qual um rosto de palhaço esmiuça as pessoas; um rosto multicor, com uma lágrima e um muxoxo dignos da melhor literatura, que um dos irmãos deixou como um legado de sua visão do mundo que ele vivenciara, até morrer afogado numa praia capixaba. Lá fora, um bem-te-vi acontec
Salta sobre a cobra de vidro esticada no passeio PIANO & CAUDA Juntando as mãos para uma passagem mais apurada, resvalam na platéia os acordes, nos punhos da camisa, o esmero por trás do artista. *** imagem: trabalho de Romero Britto
Contos da minha casa - 6 É mais do que triste o fato de alguém visitar a mãe e ela já não ser, de certo modo, aquela que se conhece, se ela já não fala nada, entranhada num mundo não entendido, nunca alcançado pela neurologia, pela psicanálise e, muito menos, por religião nenhuma. Assim é o ‘mundo Alzheimer’. É mais do que trágico haver gente que tem a cor da tristeza estampada, há pessoas incapazes de sofrer, de morrer com calma, ou sozinhas, pessoas de todo tipo, incapazes ou não de amar o comum, de desamar o comum, e tu pensas em todas estas coisas e noutras também, enquanto vais à casa da tua mãe (tu moras longe, sempre longe, cada vez mais longe da mãe, quando não de ti mesmo, ou de ti mesma), e a tua mãe está inválida, requer extremos cuidados extrema paixão de quem a rodeia, a tua mãe vive com o pulso dos que ardem tão de leve que não há como saber se viva ou morta está, e tu então vês pela primeira vez como é tão precário o existir, o quão tíbios somos, percebes
da casta hindu dos intocáveis (a ralé), passando pelos comedores de batatas (Gogh), aos pulseira-eletrônica, o Mundo se esvai em diarréia, diurese, hemoptise e êmese (vômito) e amnésia NO TOMES VÓMITO AJENO: Das 4 castas hindus: brâmanes, xatrias, vaixias, párias ou intocáveis, o que se sabe é que dos brâmanes (religiosos e nobres) aos intocáveis, (ralé sem acesso a uma posição social, a que lida com animais mortos e gente morta, limpa fezes, e só pode usar as roupas de gente morta, sem aspirar a nada mais do que catar e dar sumiço nas " gloriosas imundícias " alheias), todas as posições são rígidas, embora possam parecer harmônicas ( virtude e resignação são os pilares do hinduísmo, disso resultando toda sorte de aleijões sociais ), enganando os imbecis ocidentais que tanto vêem distorcido, e distorcido proclamam maravilhas do tipo levitação, shantala, a mente tacanha dos janistas , que são tipos que não movem uma unha para liqüidar um inseto inoportuno, um ofídio letal, um
DESDE ANTES, A IMAGEM A INSURREIÇÃO DO VOTO Penso que até mesmo para as pessoas mais atentas aos rumos governamentais e aos desejos da população, foi uma surpresa a reação de grande parte do público presente ao Maracanã para participar da Abertura do PAN-2007 Rio de Janeiro (como se sabe, nem sempre os povos e os governos andam juntos, ou mesmo paralelos). Isso porque, entre outras coisas, sempre temos em conta que uma festa é uma festa, e maior é a abertura dos corações quanto maior a festa. Mas o que se viu no famoso estádio não foi isso, em relação à presença do Presidente da República, o Sr. Luís Inácio da Silva. O que se viu foi a tremenda distância criada entre os dois lados da mesmíssima questão que é a Nação Brasil (muitos sentiram isso com amargura, espanto, choro, vergonha, desânimo... mas para outros, foi motivo jocoso tal situação). Assim, quando o presidente do COB anunciou que estavam abertos os 15º Jogos Panamericanos, desejando Boa sorte, Brasil e Boa sorte, Américas,
BAGA GEM vaga baga gen : fazer Um belo pescoço tem a alegria 1. Então, chega para ti o dia em que vislumbras o que faltava para que a música se fizesse total, do jeito que gostas, mereces e necessitas; o que faltava para que a planta vencesse o obstáculo da grade em torno do jardim, para que o teu assunto diário não ficasse restrito ao de animais caseiros, e assim, imediatamente, já começas a te sentir melhor, alguém mais ávido de si mesmo, pessoa viva, e todos aqueles desejos não atendidos por vários motivos que, em última análise, eram um só motivo, voltam a viver e a pedir e até mesmo exigir-te atenção redobrada, uma afeição para com aqueles sentimentos (inclusive o da dúvida e o do desespero) que estiveram contigo quando ainda contigo o ânimo não dormia - ou o fazia de modo quase imperceptível, sim estás contente que um fio de luz (é muita coisa um fio de luz) estica para ti o possível e o impossível, e então ardes e gritas, avisas aos amigos e amigas, esperneias e até
UMA E DUAS, LOGO TRÊS, E MAIS... Uma jornada de fantasia para todas as idades Saia de onde sair o rumor de que o que se está esperando será um inesquecível caminho para o que a beleza e a paciência concedem, leva nas tuas entranhas algo mais do que possam carregar as tuas mãos e os teus joelhos (ou seja, do tamanho exato dos teus sonhos), pois é do conhecimento público que a luz sobre as coisas e gentes não tem, com gentes e coisas, outro vínculo senão o de marcar encontros à beira da dúvida, da loucura, também do afago possível entre díspares. DMC ***** Arte: Rebecca Warren. Helmut Crumb.
KIKA - 1993 - 2007 Inteirar-se de que a Alegria existe Se alguma vez a saudade , a melancolia, um furor descabido ou uma ameaça de desrazão nos assaltar, saberemos onde pousar as mãos e os pés e o coração e a mente, sim, lembrar-nos-emos do que tu foste para tantos e tantas, sem nada reinvidicar.