Pular para o conteúdo principal
É muito frio aqui, mas sossegado.













foto: David Mintz

LEMINGUE *


Sei de ti o que o precipício não grita. Nada nele (no abismo)
me é desconhecido, mas em ti há furnas
e neblinas insondadas, além-lá de onde gritam
os homens que não se deixam nem te deixam em paz, ocos
à propria e à imagem de deus-pequeno-sabor-de-medos, essa imagem
reaparece sempre que
temer é necessário. Sina, genealogia, o que sei de ti já saltou
para dentro do impossível

suor a dois.
*****
*: O uso, aqui, do nome deste pequeno mamífero originário da Escandinávia e da Rússia, que também habita o Canadá - o lemingue (Lemmus lemmus) - é puramente figurativo, um direito da Poesia. Sei que o mito de suicida que persegue este animalzinho de uns 15 cm e 30 gr, começou com o filme da Disney, feito no Canadá, em 1958, de nome White Wilderness (Selva Branca). Essa infâmia, ou mentira, que desconhece as Ciências Biológicas, a Vida, nunca foi punida. Grassou e grassa.


Lembro-me de uma conversa com o meu amigo BETÃO, já falecido, craque consumado em Biologia, destes que não se descuidam, professor que era em Cursos Pré-Vestibular e em Universidade. Entre gargalhadas (uma das marcas registradas do barbudo, magro e alto BETÃO), falamos (ele falou) acerca desta criaturinha, de instinto, de anomalias e pseudo-anomalias (ornitorrinco), do fato de certos animais e insetos terem atravessado milênios práticamente sem mutações (tubarão, escorpião, aranhas, e um bichinho multípede encontrado numa região de Minas Gerais – o peripatus). Gente assim é, em qualquer lugar e época, uma raridade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha