Pular para o conteúdo principal

Postagens

sabão de cinzas O RIO Ao largo dele, gente oca raspa a alma dos seus solstícios  no solo da cidade, até virarem pó os homens e as mulheres e o chão no qual todos pisam  ou se arrastam. Ao largo de falas, virtudes e som de motos, a serpe corrói os minerais do seu leito, vai cobrindo moças que lhe entram  e deixam marcas de crescimento nas lâminas prateadas e douradas dos peixes, sempre no imaginário de homens, bichos e plantas  a serpente líquida, espelho no qual tantos e tantas saltaram para o Nunca; e assim perfazem a glória do rio galhos e gomos, raízes robustas e frágeis de um solo conturbado, os frutos do mundo psíquico de cada um procuram-no com ânsia de bebês por mamilos. Foto e poema: Darlan M Cunha
Matriz da cidade de Lauro de Freitas - no entorno da grande Salvador, BA, Brasil. AEIOUAR Rosas e espinhos estalam no dorso azul e amarelo do dia. É tarde no mundo, é cedo no mundo, mas cansaço é bobagem, e assim aroeira e peroba falam disso; entre si, homens se cumprem cercando mulheres e babando na chita - quinhão natural deles, dizem, afoitos por mais veredas abrirem, que o sertão da vida alarga-se cada vez que se dá passo para longe do lombo da mula; mas, ao longe, outras bestas esperam nas esquinas de todas  as cidades do mundo, refestelando-se nas pontas de um cabresto sex machine, judeus e muçulmanos ocupados em seccionar pinto de bebês, enquanto éguas  e vacas e cabritas parem sobre rosas e espinhos, sempre as vísceras da manhã apascentando bichos humanos, antes que o diabo entre de vez no meio do redemoinho. Poema e foto: Darlan M Cunha
Revista Arraia PajéurBR Quero agradecer à Revista Arraia PajéurBR e ao Portal CRONÓPIOS o fato de terem incluído poema de minha autoria numa reunião literária deste nível, em papel. Darlan M Cunha ***** Revista Arraia PajéurBR volta a ser publicada A Arraia PajéurBR, uma revista de formato diferente que muita polêmica provocou em sua primeira fase, entre os anos 2000 e 2004, agora volta a ser publicada, neste ano de 2012, graças a um prêmio nacional que recebeu do Ministério da Cultura (MINC), o Prêmio Nacional de Pontos de Mídia Livre. O novo número da revista terá lançamento nacional nesta quarta-feira, 04 de julho, às 19h30, na Casa da Cultura de Sobral. Durante o lançamento haverá uma conferência do escritor Carlos Emilio Corrêa Lima, editor geral e idealizador da revista que abordará a importância e o real significado da novíssima antologia da literatura brasileira contida no bojo da nova Arraia PajéurBR. A realização é do Instituto ECOA.
O SÉTIMO MÊS De acordo com as primeiras pegadas de julho, que já revolvem a terra e jogam lá dentro os grãos pelos quais ele deverá ser lembrado, cada dia exigirá seus frutos, pondo sob seu monopólio o que lhe for devido. De acordo com os miolos do boi e a língua da vaca, julho   de mimosas será, algum estorvo imprevisto, pois viver tranquilo nunca houve, mas nestes trinta e um dias de páginas ainda em branco algo novo irá visitar-te, e te levantarás e viajarás com essa expectativa, com novas sombras ao teu lado, velhas sombras perdendo-se de vez na última esquina. Verás, no sétimo mês,  nova frestra, a conjugação de um novo verbo exigindo atenção, mas não horóscopo. Foto e poema: Darlan M Cunha
O OVO DO DEMENTE Nada visível é o ovo que aqui se canta sem prévio aviso, água que se decanta nalgum ermo da cidade, numa casa cuja louça espera pelo molar e pelo siso (quando não por outro parágrafo e seu inciso). Nada visível é o estorvo que pode causar este ovo, a priori, sem nenhum aviso de que a água pode ser ou já estar molesta, o que só se saberá a posteriori. Algo visível é o esforço feito para se acusar este ovo de megalomania, de algo qualquer que o rache antes da hora; melhor é que não ache saída o que lá está, e geme, noite e dia. Bem visível é a ânsia do bicho dentro do ovo do qual aqui se fala, ele com a sua gosma de bala, filete de amor arranhado pela dor da (pa)lavra impedida, que reluta, até que a sua flor se cala. Foto e poema: Darlan M Cunha
 SINA pés de pato sempre na água há pés de ida sem vinda, fé remoendo velhos e novos espinhos, pés de doloroso parto, mãos levadas ao solo de um infarto ou de outro hiato, um tempo ruim sopra o mundo, às vezes, não, às vezes, sim, o mundo troca de pés e mãos, salva o dia pela noite, e vice-versa, eis o homem dentro da mulher: enlace de longo alcance querem ambos, a montante e a jusante, os pés no mundo Arte e poema: Darlan M Cunha
Museu do Ouro // Gold Museum // Museo del Oro - Sabará, MG, Brasil Mas não tive certeza de quem eu era e de quem eu seria depois daquele tempo retirada [...] Excerto do livro "Constelação de Ossos" (página 59), da escritora BÁRBARA LIA. O Blog da BÁRBARA: http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/ Foto: Darlan M Cunha
  Bar BIROSKA (Sabará, MG) é citado no meu livro " Umma " SOMBRA Ia todos os dias ao mar, de forma inescapável aos peixes, reavendo talvez algo de si na luz sobre folhas e telhas, fazendo com que homens se juntassem para ver o que faria aquela de todos os dias, sempre com passos de vagar dentro do seu silêncio, mas nel mezzo del camin ela um dia parou, deu meia volta, e nunca mais foi vista - esquecida a toalha em cujo corpo flui ainda sua sombra, seu assombro nunca desvendado. Foto e poema: Darlan M Cunha
DOIS TIPOS DE PÃO: trigo e livro Ficou gritando "que a esperança seja a penúltima a morrer", escandindo verbos e execrando adjetivos e quaisquer sinonímias que levem para fora o amor, enfim, perdido perdido – que o amor pode fazer muito mal. Então, num lapso raro, incrívelmente realista, eis que ele se saiu com essa, algo de si para si: "Vivo quase sempre só,   porque no fundo eu só amo a mim mesmo, por isso sei tão pouco do que seja um relacionamento, porque eu, consciente ou inconscientemente, logo o destruo, portanto, não sou como um circo ou um circense que levanta e abaixa a mesma lona todos os dias de sua vida. Não. Vivo de cabeçadas nos muros, de muro em muro, de urro em urro." E assim é esse tempo de crianças filhas de um carnaval murchando cada vez mais pela escassez de matéria prima para um riso sem manchas; eis, enfim, a alegria com uma perna quebrada, a troca da alegria pela alergia generalizada. Foto e texto: Darlan M Cunha