sabão de cinzas
O RIO
Ao largo dele, gente oca raspa a alma dos seus solstícios
no solo da cidade, até virarem pó os homens e as mulheres
e o chão no qual todos
pisam
ou se arrastam.
ou se arrastam.
Ao largo de falas, virtudes e som de motos, a serpe
corrói os minerais do seu leito, vai
cobrindo moças que
lhe entram
e deixam marcas de
crescimento nas lâminas prateadas
e douradas dos peixes,
sempre
no imaginário de
homens, bichos e plantas
a serpente líquida,
espelho no qual tantos e tantas saltaram
para o Nunca;
e assim perfazem a
glória do rio
galhos e gomos, raízes
robustas e frágeis de um solo conturbado,
os frutos do mundo
psíquico de cada um procuram-no
com ânsia de bebês por
mamilos.
Foto e poema: Darlan M Cunha
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