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MPB e amigos São mesmo imprevisíveis as 24 horas de um dia, de qualquer dia, em qualquer um dos mais de duzentos países do mundo. Três domingos atrás, eu estava no bar do Jair, um pequenino, modesto bar no bairro Betânia, em BH, e então o pessoal convidou-me à mesa, e coisas que tais. E ficamos por ali, conversando sobre política, literatura, o cotidiano de cada um, tudo isto entre uma canção e outra da MPB, violão ao vivo: Clube da Esquina, Jobim, Holanda, da Viola, Vandré, Elomar, Sidney Miller, Cartola, etc.   Horas depois, naquela tarde linda, quando eu já ia embora, uma pessoa, que estava chegando ao bar, ouviu o meu nome, colocou a mão no meu ombro e disse para todo mundo: "este aqui foi o maior lateral esquerdo que eu vi até hoje, e, de quebra, se necessário, excepcional meia-armador". Minha gente: após, 40 anos , exatamente, reencontrei o meu amigo Weliton Afonso, o grande meia-armador do nosso time de juvenis em Santa Bárbara, MG (100 kms de BH, cidade hist
A PALO SECO tempo para engolir em seco a pimenta, ócio nas colinas onde a carne do sol se desmancha para manter-se, por completo, gêmea de nada, igual ao poeta à porta do ressentimento
LIOS   Refém da solidão, pausa nenhuma terás, devendo ao Nada algo mais do que ecos de estradas já rotas, o que sobra para ser escrito nos muros onde o sol se cumpre, nenhuma causa podendo antecipar para si os ovos possíveis da luta corporal. Refém da solidão tu és, de pé sobre  escombros, rumo à abertura  que os ossos do ofício façam por merecer.
REPTO Cuidados tomar com o que vale: a penúltima palavra: ela é a que pode  civilização nova pensar, exarando dicionários e tisnando a cara da paralisia
DIÁRIO Há dias em que tenho quarenta dedos, são mesmo poucos e famigerados sonhados ou vividos mancomunados dias em que eu vivo em dobro.
ERVA erva boa é o susto: põe a gente desperta, seja lépida manhã ou ágil entardecer ou púgil madrugada, ervaçal bom é o enleio dela: miúda de fala, discreta luz sobre a minha cegueira, ela aplica de leve o torpor Foto e poema: DARLAN M CUNHA Visite-me AQUI
O ILUSÓRIO REVISITADO PASTO vivendo de barriga verde, cheio de capim e ilusão de vida pacata, o cavalo cheira a égua – também ela de barriga verde, cheia, a égua lhe quer dizer algo   sobre a lisonjeira (falsa ?) bonança traçada em prosa e verso pelo dono do pasto, livre, a vaca come girrassóis torrados pelo mel cósmico varrendo a colina, ao longe música suave nos flancos da vaca preocupada com o amanhã do seu boi texto: DARLAN imagem
Essa teia e outras: coma, por medo, a sua trama, e beba, por hábito, lenta mente, todo este psicodrama.
MEU NOME É LIVRO, E O TEU ? Você só nasce total, de verdade, a partir do momento, do tempo em que você aprende a ler e a escrever. Não antes. Darlan M Cunha BIENAL DO LIVRO, RJ
PALATO todo cacho de banana tem nele uma trama: basta que olhes o coração ali pendurado: roxo cabedal de doçura, pássaros bicando aquela gratuidade, e assim também o cacho de uvas beliscando a gula da tua úvula, tua glote, tua língua já sem a ironia dos fracos, sem a mentira dos limpos e sem a fachada dos fortes, porque numa simples penca de frutas ou numa fieira de peixes está o céu para o céu da tua boca Texto & Imagem: DARLAN
CONTRÁRIO AR CONHECIMENTO DO INFERNO Deu-se com ele que o dia já lhe parecera, logo ao abrir as percepções, meio nublado, sensações mais que estranhas, senão alteradas, e nem debitou aquilo às cervejas e caipirinhas e, muito menos, aos tipos de petiscos, abundância de afagos, nada disso poderia influir naquela sensação tomando conta de seu corpo e de sua psique. Olhar e reolhar o próprio jardim é qualquer coisa de básico, embora quase ninguém se lembre deste preceito fundamental. Jardim, ou cinzas, sim, jardim, cinzas. Para ele começara, sem que o percebesse, começara o conhecimento do inferno, com suas águas de mágoa e ouro falso, de bocas entreabertas, mas bocas sem céu da boca - só vala abstrusa, seca, metuenda, algo com que todos os perseguidores sonham, sim, mas com ele a coisa seria diferente, pelo simples fato de que era o dono do seu próprio inferno, suas técnicas e táticas eram unas, únicas, unidas ao extremo de se conhecerem de longe, só pelo bafo multiplicado por ene. Queria
RUMO À PER FEIÇÃO PEÇAS SOLTAS Contemple o amor como se fosse um (m)ar profundo, raso, calmo, tempestuoso, com correntes circulares e correntes intermitentes, com muito e pouco alimento, azulado e lilás, cinzento e cheio de crostas gélidas, complete-o de longe e de perto, de dentro e de fora. Lembra que o amor é a esquerda, ou direita, face de sua antítese. Misturado: corpo de água e mente de óleo.
"Você, meu amigo de fé, meu irmão, camarada..." Diga-se isto, diga-se aquilo a respeito de mim, o que sei é que continuo sendo alvo de sonhos, de versos e controvérsias, sim, sou o mono, macaco, mico, símio, figura simiesca, sou (no caso desta foto) um mico-estrêla, e me vejo assim na selva ou mesmo num parque enorme, sempre lidando com as coisas do cotidiano, ecos inerentes a um verdadeiro morador da selva, da mata atlântica: gente. Ah, gente é bicho até legal, mas é um bicho muito aborrecido e aborrecedor. Vê: ele - o bicho-homem - quer rir, e o que faz ? Me chama, me dá um naquinho de pão, e acha o máximo, e pensa que EU também acho o MÁCSIMO, por ficar bem beliscando na mão dele, do homem fabricante de desfolhantes químicos (meus primos do Laos, do Camboja e do Vietnam ficaram sem galhos onde fazerem farra, namorar, voar de galho em galho, fornicar, gritar, amar), e eu não me esqueço disso, mas sempre dou desconto para os humanóides, figurinhas difíceis, dignas de que se
Da mesa da manhã para o mundo RUBIÁCEA O amarfanhado colete já prestes a ir ao dia, levemente impregnado do filho das arábias que em Minas brotou e se cumpriu à mesa onde o olho da samambaia espreita algum brilho possível no amarfanhado colete à espera de que o rosto o seu dono descubra. Foto e poema: Darlan M Cunha
E se não dizemos nada ... DUAL: PAREDES DE FLORES, TETO SÓ CORES, BAÚ DE DESTROSSOS O teto está bailando em compasso de versos e canseiras sobre a cama na qual, sozinhos no mundo, os amantes são raízes soltas, mas também lá está o pó de outras terras há tempos desprendido e há tempos pousado no agora trêmulo teto de canseiras sem nexo, pó bem pousado sobre o apartamento anexo, sim, é deitado que a gente vê melhor o pior e o melhor do mundo. Poema: DARLAN Foto: Jeff Widener