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"Você, meu amigo de fé, meu irmão, camarada..."





















Diga-se isto, diga-se aquilo a respeito de mim, o que sei é que continuo sendo alvo de sonhos, de versos e controvérsias, sim, sou o mono, macaco, mico, símio, figura simiesca, sou (no caso desta foto) um mico-estrêla, e me vejo assim na selva ou mesmo num parque enorme, sempre lidando com as coisas do cotidiano, ecos inerentes a um verdadeiro morador da selva, da mata atlântica: gente. Ah, gente é bicho até legal, mas é um bicho muito aborrecido e aborrecedor. Vê: ele - o bicho-homem - quer rir, e o que faz ? Me chama, me dá um naquinho de pão, e acha o máximo, e pensa que EU também acho o MÁCSIMO, por ficar bem beliscando na mão dele, do homem fabricante de desfolhantes químicos (meus primos do Laos, do Camboja e do Vietnam ficaram sem galhos onde fazerem farra, namorar, voar de galho em galho, fornicar, gritar, amar), e eu não me esqueço disso, mas sempre dou desconto para os humanóides, figurinhas difíceis, dignas de que se olhe por elas, coitadinhas.

Sou, sim, primo do homem e da mulher, mas me sinto envergonhado diante e sob as estrelas e os planetas, por causa deste equivocado parentesco, digamos... por este "erro da Natureza "(é um erro contra mim). Ó... a verdade é que, por mais que nós, micos, macaqueantes ou macaquídeos, nos esforcemos para termos uma convivência sadia com os humanos, sempre os homens e as mulheres nos avacalham o dia, riscam do mapa o nosso solriso. Mas vamos levando.

Venham visitar-nos, mas venham como homem e mulher, nada de graçolas. Aliás, venham visitar-nos como MA-CA-COS que vocês são.

Texto: DARLAN M CUNHA
FOTO: CONCEIÇÃO COSTA

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calmaria

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