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sestros, manias, hábitos, tiques... ODEIO TOSSIR Seja uma tosse de carraspana, asmática tosse ou tosse de fundo nervoso , seja oriunda das 400 delícias funerárias do cigarro, o fato é que não me deixo ficar tossegosa em parte e em hora nenhuma, a não ser nos meus momentos realmente pessoais, pois algo que não controlo cai sobre mim de tal forma que me faz odiar tossir. Pessoas há, é certo, que não suportam terem nariz adunco, cílios largos, bunda grande (calipígias), grandes pés ou trejeitos constantes num canto da boca, mas o meu tormento é a tosse. Ela me inquieta, me faz pôr as mãos nalguma roupa imaginária, me faz sorver depressa-com-cuidado o café e o vinho. Acho que não terei filhos - filhos tossem de madrugada, choram e obram obras de outro mundo. Nas madrugadas eu quero coisas prá lá de terrenais, justa sob o meu penhor de pele boa, igual a quem de si não quer se afastar. Não, evito as latitudes da Sombra e as longitudes do Silêncio, todos os nós com os quais se arma o tempo d
Nada entre ambos se fez assim sem uma queimadura na bunda, sem o teor de sal no canto da boca e na sola dos pés, fruto da angústia de uma e duas e outras noites sem nada mais a não ser os gritos de um gato qualquer na sala do mundo, de um grilo na varanda do universo. Ambos são assim: cabeçudos, plenos daquela ignorância que dilata as pupilas de tal forma que já não vêem nada, não sentem nada a não ser justamente o que temem: a Ausência. Mas a Ausência tem infinitas maneiras de se manifestar, entra nas pessoas e sai delas assim: sem dar maiores explicações. E ambos já sabem deveriam saber a que leva isso de se darem como mortos um para o outro.
Contos da minha casa - 3 EMPATIA SEDIMENTADA PELO COSTUME, À FORÇA OU POR INSTINTO ? Há muitos anos ela os acompanha com a maciez de seus passos, guiada pelos odores e o arrazoado da família. Estrela da vida inteira, estende-se nos lugares eleitos, e já nem dramatiza mais outra entrada elétrica de algum intruso ou vizinha, ou seja, fica na dela, embora antes concedesse a si mesma latidos assim meio desaforados aos incautos e às intrometidinhas. Diz-se que o tempo não se cansa, que ir é o melhor remédio – sim, eu disse ir . Embasado nisso, recolho fragmentos dela ainda nova, serelepe e quase tão estridente quanto papagaios nalgum quintal, ou putas na chuva, roubadas na madrugada (Caramba, que parâmetro fostes arranjar, criatura, para dizer algo assim acerca de uma cachorrinha poodle !). Pois é, quem não tem vaca, que se safe de algumas de suas difíceis injunções psicológicas com bicho outro qualquer. No caso desta família, coube-lhe o vezo ou a sorte ou ainda o acervo que co
DIZ Q UE FUI POR AÍ (Zé Kéti - H. Rocha)) Se alguém perguntar por mim Diz que fui por aí Levando um violão debaixo do braço Em qualquer esquina eu paro Em qualquer botequim eu entro E se houver motivo É mais um samba que eu faço Se quiserem saber se volto, diga que sim Mas só depois que a saudade se afastar de mim Só depois que a saudade se afastar de mim Tenho um violão para me acompanhar Tenho muitos amigos, eu sou popular Tenho a madrugada como companheira. A saudade me dói, o meu peito me rói Eu estou na cidade, eu estou na favela Eu estou por aí, sempre pensando nela. ***
LONGA VIDA, D. MARIA JOSÉ 75 ANOS 13 DE ABRIL DE 2007 Minha mãe completa 75 anos. São 10 filhos e filhas, 12 netas e netos e duas bisnetas. Alegria e bondade sem fim.
Entre verdes e outros tons e tonalidades, tu nos acostumaste, ELIANE STODUCTO Entre verdes e azuis também amarelos e vermelhos tu estás sempre recolhendo para nós alguma coisa nova, sem rumo preconcebido, não, nada de trevos de quatro ou de cinco folhas, de pavios longos ou de metragens mínimas impedindo a fala aos que não têm pés para subir nas rampas, nem mãos com as quais atar a língua profana do desassossego profissional. Somos em ti a paciência encontrada e / ou reencontrada, somos a sanha de um novo alento entre as esquinas e as colinas, prados, jardins, cinzas, trapézios, fotos e poemas, sim, seremos ainda o caldo mais apurado com que cobrir, contigo e para ti, os mais suculentos pratos e travessas, as mais límpidas águas de riso e os mais delicados ventos. (DMC) ******* Texto acerca do falecimento (07-04-2007) de pessoa muito querida: Eliane Stoducto . Outros links: http://letradecorpo.cristalpoesia.net/index.html http://papo-de-botequim.blogspot.com/ ******* foto: Eliane Sto
Nem sempre só silêncio ou ausência, só o que existe. Contos da minha casa - 2 ALGUM LUGAR ONDE Uma cortina ali não lhe faria bem, por não lhe dar senão trabalho de manutenção e pouca garantia de privacidade, uma vez que o que mais o incomodava naquele cômodo eram os decibéis vindos da rua, esta herança perversa, doentia, dos tempos coevos, sendo que a sua pessoa era particularmente sensível ao barulho, irritando-se com facildade, ciente de que aquilo é caminho líquido e certo para se adoecer dos nervos, deixando-os em pandarecos. Não, não poria cortina ali, preferindo ficar com algum brilho maior sobre as duas telas instaladas no ambiente que lhe servia de local de estudo e de descanso. De lá, vigiava o mundo, espirrava na fera ondas de sarcasmo e riso, esfregando os pés sempre descalços, beliscando ou bebendo algo mais sucinto do que uma tempestade em copo d'água, um sonrisal, etc. Num dia qualquer, notou estranhos sobrevôos cheios de incógnitas banhando-lhe a fal
O Homem e os tecidos da terra e do céu Contos da minha casa - 1 O PRATO Nos dias em que lá esteve, notou, mais com um ar de curiosidade do que de estranheza, que o silêncio não era própriamente um morador assíduo, e que no mais das vezes, o enfoque à mesa era de se deixar as coisas correrem, até mesmo se alguém risse de alguém. A casa era o que era: a opção única, bem diferente de outra que conhecera, da qual quase todos debandaram, por via talvez de não se entenderem. Coisa comum entre parentes é o se desejarem na Antártida, em Goa, nos Urais. Pois bem: notou que uma vizinha sempre trazia algum petisco, coberto por uma toalhinha de fino tecido bordado, ou simplesmente recoberto com um guardanapo de papel - mas nunca descoberto. E isso tinha a contrapartida: aquele prato, após comida a guloseima, ficava ali até que houvesse algo do mesmo nível amistoso com que enchê-lo: pedaços de bolo, biscoitos, pudim, geléia, fosse o que fosse, aquele prato - que já ninguém mais sabia a quem pertenc
E LÁ VOU EU NESSA ESTRADA FALAS: 1. O som suave de uma aurora distante estremeceu aqui no peito meu. ELOMAR FIGUEIRA MELLO. Músico, Arquiteto, Criador de Bodes. Das Barrancas Do Rio Gavião. Cantada. 2. De maneira que eu andava sempre com um livro na mão, e a minha leitura era feita da soma dos pequenos períodos (entre um compromisso e outro). JOSÉ MINDLIN, da Academia Brasileira de Letras. Bibliófilo. Empresário (Metal Leve). Advogado. 3. Para os muçulmanos, é importante se prevenir contra a mancha patológica em sua própria comunidade. O Corão proíbe a usura, os juros. Isso é considerado um dos piores males. ZIAUDDIN SARDAR, Professor universitário. Escritor. Muçulmano de origem hindu, vive em Londres. (Ent.) 4. Então, para mim, literatura não é comunicação - literatura é expressão. Outra coisa: não é verdade que a televisão afasta o leitor... pelo contrário. ESDRAS DO NASCIMENTO. Escritor, autor de, entre outros, A Dança dos Desejos. (Entrevista) 5. Pois me beijaram a boca, e m
ENFIM, SÓS. ENFIM, JUNTOS. Estamos tão fascinados e envolvidos por nossa consciência subjetiva que nos esquecemos do fato milenar de que Deus nos fala sobretudo através de sonhos e visões. O budista despreza o mundo das fantasias inconscientes considerando-as ilusões inúteis; o cristão coloca sua Igreja e sua Bíblia entre ele próprio e seu inconsciente; e o racionalista ainda nem sabe que a sua consciência não é o total da sua psique. Este tipo de ignorância continua a existir apesar de o Inconsciente ser, há mais de 70 anos, um conceito científico básico e indispensável a qualquer investigação psicológica séria. N ão podemos nos permitir uma atitude de "Deus-Todo-Poderorso", elegendo-nos juízes dos méritos ou desvantagens dos fenômenos naturais. Não baseamos nossos conhecimentos de botânica na ultrapassada classificação entre plantas úteis e inúteis, ou os de zoologia na ingênua distinção ente animais inofensivos e perigosos. Mas, complacentemente, continuamos a admitir que
Saber que o nome te perseguirá por todo o teu sempre, e o dos outros... Olhávamos as velas fazendo sombras no teto cada vez maiores, enquanto o céu ficava completamente negro. Piero tinha uma palmeira em seu gabinete (obtida, sem dúvida, de algum servil exilado), e a palmeira lançava uma selva no teto, um emaranhamento de folhas largas que poderiam facilmente ocultar um tigre. O César sobre a mesa tinha um perfil que o recomendava, e de meu triângulo nada podia ser visto. O gabinete cheirava a a peixe e cera de vela. Ficamos estendiddos no chão por algum tempo, e eu disse: - Vê ? Agora você sabe por que adoro ficar imóvel olhando o céu. JEANETTE WINTERSON. A Paixão. ******* poema de Darlan Poema com músicas de Canhoto da Paraíba Choro na madrugada a tua imagem lembrança que ficou cordão amigo, agudinho tá quentinho o choro na madrugada glória do relâmpago visitando o Recife, pisando em brasas com mais de mil, sim. poema: com títulos de músicas de Canhoto da Paraíba imagem: visualizaçã
Assim somos nós, os malvados: corroemos pela base a base que nos corroeu, desde os primeiros tempos, desde os primeiros acordes dissonantes. Ao quarto dia, os malvados tornaram a aparecer. Vinham chamar ao pagamento do imposto de serviço as mulheres da segunda camarata, mas detiveram-se um momento à porta da primeira a perguntar se as mulheres daqui já estavam restabelecidas dos assaltos eróticos da outra noite, Uma noite bem passada, sim senhores, exclamou um deles lambendo os beiços, e outro confirmou, Estas sete valeram por quatorze, é certo que uma não era grande coisa, mas no meio daquela confusão quase não se notava, têm sorte estes gajos, se são homens o bastante para elas, Melhor que não sejam, assim elas levarão mais vontade. Do fundo da camarata, a mulher do médico disse, Já não somos sete, Fugiu alguma, perguntou a rir um dos grupo, Não fugiu, morreu, Ó diabo, então vocês terão de trabalhar mais na próxima vez, Não se perdeu muito, não era grande coisa, disse a mulher do méd
Espera em si que o ar da manhã se faça, o cão abra o sorriso, a mão cubra outra mão, e a areia cubra tudo. O LIVRO DE AREIA Abri-o ao acaso. Os caracteres me eram estranhos. As páginas, que me pareceram gastas e de pobre tipografia, estavam impressas em duas colunas, como uma bíblia. O texto era apertado e estava ordenado em versículos. No ângulo superior das páginas havia cifras arábicas. Chamou-me a atenção que a página par levasse o número (digamos) 40514 e a ímpar, a seguinte, 999. Virei-a; o dorso estava numerado com outra cifra. Trazia uma pequena ilustração, como é de uso nos dicionários: uma âncora desenhada à pena, como pela desajeitada mão de um menino. [...] Sempre em voz baixa o vendedor de bíblias me disse: - Não pode ser, mas é. O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última. Não sei por que estão enumeradas desse modo arbitrário. Talvez para dar a entender que os termos de uma série infinita admitem qualquer número. [...] J
DE SE IR EMBORA, OU DE SE ACHAR MELHOR ONDE SE ESTÁ, HÁ MUITAS CANTIGAS, MIL TONS , ARES & ÁGUAS, MAS QUE HAJA ALGO DE TI RECADO BEM TEMPERADO Duas amigas, não própriamente decididas a dar um novo rumo em suas vidas, mas, sim, a fazer valer um secreto e antigo desejo (há-os às pencas em cada um de nós), qual seja : o de serem cantoras, sim, cantantes, inundadas de dós e mis, tons e semitons, bemóis agudos e sustenidos maiores, ambas assim meio desassossegadas pela oportunidade que nunca lhes vinha, resolveram por conta e risco, dor e alegria próprias, dar vazão à vontade que logo se tornou um ponto de honra para elas mostrarem sua volição, o que significa, em psicologia, vontade própria para atuar. Fiadas nisso, reuniram um repertório que não as deixava dormir completamente, e se trancaram até que a fornada de seus anseios ficasse pronta para o usufruto geral, dando a todos a oportunidade de conhecer outra capacidade delas: a de cantar, sim, o simples e complexo ato de bem cantar
Da Existência dos Ritos na Criação Artísitica O conhecimento e a detalhada formulação da relatividade de Deus em face do homem e de sua alma constitui, quanto a mim, um dos mais importantes passos no caminho de uma percepção psicológica do problema religioso e, com isso, de uma possibilidade de emancipação da função religiosa das incômodas limitações que lhe são impostas pela crítica intelectual, por sua vez, também com direito a existência própria. CARL GUSTAV YUNG. Tipos Psicológicos, O problema dos tipos na criação poética. ******* Poema de Darlan Pense que não haverá equívoco, ventos, passado e águas não meterão medo, que o tempo dos sustos passou, nenhuma notícia precisará de ajuda para subir os degraus e entrar, ao invés de ficar lá fora criando coragem para dar-te com a boca na tristeza, diga ao sonho que seja ancho, pelo menos parcela maior dos pesadelos. foto: Darlan
Visita-me com toda a sua família o Amor, pedindo que eu lhe dedique algo mais do que uma canção, um talo de fome ou uma aguardente de cujo intento não possa se salvar Ninguém. Vê como é autodidata, como se acha relevante o Amor, este mísero sentimento de perdas & danos. (DMC) Rtusamhara (trecho), de KALIDASA (Índia, séc. ?) E com o seu afã constante, Kama, sempre amoroso, tenta o belo sexo. Agora, as mulheres de ancas redondas como cartolas, reluzem seus bustos adornados com colares de sândalo; suas cabeleiras, banhadas com aromáticas essências, seus pés arroxeados pela rica laca, com argolas de metal que imitam o grasnar dos gansos selvagens. ******* Decameron (trecho da 3ª jornada, 1ª Historieta), de BOCCACIO (Itália, 1313-75) No entanto, aconteceu que certo dia uma de suas companheiras as viu, desde sua janela, rodear o jardineiro e seguí-lo até a sua cabana, e em seguida fez saber disso as outras duas religiosas que estavam em sua cela. Este terceto de zelosas freiras resolveu
PARA ALÉM-LÁ DO QUE ENTRE GRAVETOS E GOTAS DIVERSAS POSSAM OS AMANTES USUFUIR. MEDÉIA: Estou na expectativa de acontecimentos há muito tempo, amigas, só imaginando o que pode haver ocorrido no palácio. Agora vejo um dos criados de Jasão chegar correndo aqui; sua respiração entrecortada indica que nos vem trazer notícias de alguma desgraça singular. MENSAGEIRO: Tu que, violentando as leis, premeditaste e praticaste um crime tenebroso, foge ! Foge, Medéia, seja por que meios for ou por que via, mar ou terra, nave ou carro ! EURÍPIDES. Medéia. ****** poema de Darlan O território se dá em azul, o dia não leve daqui a porcelana o engaste a víbora nela desenhada, sim, que as mãos que assumem a noite também assumam o resto da felicidade. ****** foto de jóias afegãs
DAS DIETAS despudoradas comemos umas e outras assim e assado recomeçam as danças pondo ventania qualquer nas ancas e soltando verbos e jóias com o bracelete de cada abraço, ah, Consegues ? Consigo, sim, morrer assim é tão grácil, cópia daquela chamada pequena morte , e por aí vai e vamos juntos e distantes feito a melodia onde já nos achamos e nos perdemos pelas plantas dos pés as formigas sobem e fazem arruaças com mil e um açoites até que desérticas as ruas e deserdada a invenção do medo sobre as vontades, já que somos mesmo do azar, então, vem e sobe na vida que a vida é degrau e é nossa a Escada Natural, ai ai ai, que bom morrer num outono assim sempre gemendo primaveras nos sertões também no inverno a gente se ajeita um no outro, até melhor, sim, morrer é invenção de filósofos, vamos lá, meu bem, minha flor, meu moinho de vento, meu escaravelho de ouro, minha canção do exílio, olhai os delírios do campo... (DMC) ****** poema de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) És um escravo
E a vida ia entre os muros e as paredes... (Egberto Gismonti. Água & Vinho) DISSERAM: 1. Para a pessoa ser saudável, é preciso que ela tenha uma cabeça boa. Conheço pessoas que são assim muito certinhas e tal, mas que não têm muita cabeça [...] , embora este conceito de "cabeça boa" seja até vulgar. Dr. Elias Knöbel, Chefe do CTI do Hospital Israelita Albert Einstein, SP 2. Com a fotografia digital, não há mais contemplação. Carol Reis, fotógrafa (MG) 3. Se faz Política porque se pensa em mudar as coisas. Eu lhes aconselharia (aos jovens) a não aceitarem a insensibilidade... e há que evitar que toda uma geração caia neste logro (o da insensibilidade). Jean-Claude Jüncker, político belga 4. Com nosso sangue e carne construiremos uma nova grande muralha... Trecho do Hino da República Popular da China ****** Poema de Darlan ID & SUPEREGO O jeito desta sombra é o de não se conformar assim amarfanhada, ou rígida, em qualquer postura que não seja a que ela mesma escolha, r