Pular para o conteúdo principal
DAS DIETAS





despudoradas comemos umas e outras assim e assado recomeçam as danças pondo ventania qualquer nas ancas e soltando verbos e jóias com o bracelete de cada abraço, ah, Consegues ? Consigo, sim, morrer assim é tão grácil, cópia daquela chamada pequena morte, e por aí vai e vamos juntos e distantes feito a melodia onde já nos achamos e nos perdemos pelas plantas dos pés as formigas sobem e fazem arruaças com mil e um açoites até que desérticas as ruas e deserdada a invenção do medo sobre as vontades, já que somos mesmo do azar, então, vem e sobe na vida que a vida é degrau e é nossa a Escada Natural, ai ai ai, que bom morrer num outono assim sempre gemendo primaveras nos sertões também no inverno a gente se ajeita um no outro, até melhor, sim, morrer é invenção de filósofos, vamos lá, meu bem, minha flor, meu moinho de vento, meu escaravelho de ouro, minha canção do exílio, olhai os delírios do campo...
(DMC)
******

poema de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900)

És um escravo ? Então, não podes ser amigo. És um tirano ?
Então, não podes ter amigos.
Tempo demais esteve escondido na mulher um escravo e
um tirano. Por isso, ainda não é a mulher capaz de amizade:
conhece só o amor.
Há, no amor da mulher, injustiça e cegueira por tudo o
que ela não ama. E, mesmo no amor esclarecido da mulher,
ainda há a agressão e o corisco e a noite, ao lado da luz.


Assim Falou Zaratustra
Primeira Parte, Os Discursos de Zaratustra, Do amigo.

Comentários

  1. obom é que nasceram mais elefantinhos hehehe! O poema de Nietzsxheé excelente... todo tirano tb é um escravo!

    ResponderExcluir
  2. É isso mesmo, THIAGO... mais elefantinhas e elefantinhos para barbarizarem as nossas plantações envenenadas... hehe.
    Quanto ao Nietzsche, a mulherada - pelos menos em certos trechos do Zaratustra - fica de cabelos em pé.

    Um abraço.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Bem-vindo, Bem-vinda // Welcome // Bienvenido

Postagens mais visitadas deste blog

FLORES SÉSSEIS, VIDROS E ÁGUAS: CONSTELAÇÃO DE OSSOS 1. O ENCANTAMENTO PELOS MATERIAIS Vidros e águas se entendem, agarram-se uns aos outros como um pensamento bom atrai outro de sua estirpe, como as pedrinhas de um caleidoscópio fazem umas com as outras, ou seja, abraçam-se e soltam-se num emaranhado nunca igual, mas sempre com o intuito de união, sua sina sendo a de viverem unidas, mantendo a própria identidade – o que é cada vez mais difícil, mais improvável entre os humanos. Águas e vidros: água doce e vidro plano, água salgada e vidro temperado, água suja e vidro opaco, água limpa de bica e vidro colorido  de igrejas e bordéis, sim, de tudo se faz canção e caução, e o coração na curva de um fio d’água estalando gotículas nas costas dos lagartos (agora tu sabes a razão do sorriso do lagarto, uma delas), úvula e cio, nonada , tiros que o senhor ouviu... , o rio cheio de mormaço, espelho d’água é a sensação de um rio calmo calmo calmo, tu vais com ele, entras n...
foi uma sensação sem punhos, sem lábios, indício algum de ter existido Quando será que na ocidental sociedade (porque nas outras sociedades, parece, este é um caso perdido, sim, pois nos fazem vê-las, a elas, como casos perdidos. Há sociedades em que as mulheres não têm nem mesmo um nome), repito : quando será que as mulheres não perderão seu nome de solteira após casarem-se - a não ser que o queiram perder, por livre e espontânea vontade, e não pelo arraigado costume de se reconhecer mais esta submissão a que foram e ainda são submetidas perante os homens, costume este que continua roendo-lhes os dias e vazando-lhes as noites ? (DMC) ****** Poema de Astrid Cabral (1936- , Brasil) O FOGO Juntos urdimos a noite mais seu manto de trevas quando as paredes recuam discretas em horizontes de além-cama e num espaço de altiplano rolamos nossos corpos bravios de animais sem coleira e juntos acendemos o dia em cachoeiras de luz com as centelhas que nós seres primitivos forjamos com a pedra las...
 mudança * De repente, de modo suave, você se lembra de quando chegou à cidade grande para continuar a estudar, depois veio o Exército, o emprego federal, mochila e violão nas costas, enfim, uma infinidade de erros, de riscos e risos, o amor que rói os tigres, de acordo com um livro cubano, se não me falha a memória com centenas de livros, se não milhares, sim, de repente, você pensa nas pessoas mudando de casa e de cidade, de postura perante a vida (uma luta difícil); quando se muda de casa, vai com a gente uma dupla sensação: de alívio, e de peso pelo que se viveu, a visão a partir da janela, tiques de vizinhos, uma praça e uma pessoa amiga com a qual foi possível conversa de gente grande. Neste momento, pessoas estão carregando ou descarregando móveis, apreensão e entusiasmo, que a vida é breve. *** Darlan M Cunha