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  jabuticabeira sabará ( Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) Sabará, MG, Brasil Tão comum quanto pipas no céu são as esquivas dos devedores e as mil acrobacias dos vendedores; mas, se anciãos ainda há que jogam bochas e damas, é porque isso é o que lhes resta, ou o que lhes cabe nessa vida de morte severina de tempos modernos feitos só para até os de trinta anos. Ora, quando as formigas esfregam as patinhas na cabeça, é sinal de alguma preocupação, é alguma tática de aviso ou de sinalização pré combate, ou é mera formalidade para cumprimentar uma formiga do mesmo nível social ? Voltemos às jabuticabas, pois entreter-se com tais negrinhas é de bom tom. Foto e texto: Darlan M Cunha
O GAROTO o garoto pedala num beco de casas brancas com portas e janelas azuis e pedras irregulares sobre as quais ele cai mas sorri e continua como que rumo ao céu da boca da mãe Foto e poema: Darlan M Cunha
Itabirito, MG, Brasil PLANO B Na cidade das sombras, o teatro rói as perdas, socorre-se nelas o otimismo ferrenho, porque nada o faz desistir desta espécie de giroscópio que, embora sombrio, é um estetoscópio com o qual se nota o que se sabe entre atores e atrizes: que em tais lugares a abstração não comove ninguém, e assim o circo e o teatro - ases que se querem com luzes sobre o bem e o mal -, às vezes, ambos se abstêm de aqui e ali se cumprirem, mas teimam e desancam fonemas nas escadarias da cidade só sombras, pura taquicardia de assombros saindo de algum improvisado plano b. Foto e poema: Darlan M Cunha
O OITAVO SELO Casa de areia e névoa estes últimos trinta e um dias, que a vida é breve, mas o recado de ontem seguirá com abas abertas, ou não, sobre o caminho que agora se abre e se estende com todas as suas incógnitas, e nenhuma certeza, a não ser a de que o final da primeira madrugada está calmo, andróginos vazam ruas, vindos de festa, vindas do Nada, criaturas da noite abraçam o cansaço, ao longe, uma dúvida, algo inespecífico não se desgruda da gente que entra neste oitavo selo já com ares de pão velho, de estrada batida por invasores de bíblia nas mãos, os ossos do ofício seguirão dando as cartas, doentes estão os ossos de todos os ofícios, porque trabalhar esse trabalho cansa - o trabalho de viver num trapézio, na corda bamba de um circo cada vez mais pegando fogo, todos los fuegos el fuego, todos los juegos devem ser jogados, a postos os perdedores e os ganhadores, sim, luz em agosto já se faz. Poema: Darlan M Cunha Foto:
sabão de cinzas O RIO Ao largo dele, gente oca raspa a alma dos seus solstícios  no solo da cidade, até virarem pó os homens e as mulheres e o chão no qual todos pisam  ou se arrastam. Ao largo de falas, virtudes e som de motos, a serpe corrói os minerais do seu leito, vai cobrindo moças que lhe entram  e deixam marcas de crescimento nas lâminas prateadas e douradas dos peixes, sempre no imaginário de homens, bichos e plantas  a serpente líquida, espelho no qual tantos e tantas saltaram para o Nunca; e assim perfazem a glória do rio galhos e gomos, raízes robustas e frágeis de um solo conturbado, os frutos do mundo psíquico de cada um procuram-no com ânsia de bebês por mamilos. Foto e poema: Darlan M Cunha
Matriz da cidade de Lauro de Freitas - no entorno da grande Salvador, BA, Brasil. AEIOUAR Rosas e espinhos estalam no dorso azul e amarelo do dia. É tarde no mundo, é cedo no mundo, mas cansaço é bobagem, e assim aroeira e peroba falam disso; entre si, homens se cumprem cercando mulheres e babando na chita - quinhão natural deles, dizem, afoitos por mais veredas abrirem, que o sertão da vida alarga-se cada vez que se dá passo para longe do lombo da mula; mas, ao longe, outras bestas esperam nas esquinas de todas  as cidades do mundo, refestelando-se nas pontas de um cabresto sex machine, judeus e muçulmanos ocupados em seccionar pinto de bebês, enquanto éguas  e vacas e cabritas parem sobre rosas e espinhos, sempre as vísceras da manhã apascentando bichos humanos, antes que o diabo entre de vez no meio do redemoinho. Poema e foto: Darlan M Cunha
Revista Arraia PajéurBR Quero agradecer à Revista Arraia PajéurBR e ao Portal CRONÓPIOS o fato de terem incluído poema de minha autoria numa reunião literária deste nível, em papel. Darlan M Cunha ***** Revista Arraia PajéurBR volta a ser publicada A Arraia PajéurBR, uma revista de formato diferente que muita polêmica provocou em sua primeira fase, entre os anos 2000 e 2004, agora volta a ser publicada, neste ano de 2012, graças a um prêmio nacional que recebeu do Ministério da Cultura (MINC), o Prêmio Nacional de Pontos de Mídia Livre. O novo número da revista terá lançamento nacional nesta quarta-feira, 04 de julho, às 19h30, na Casa da Cultura de Sobral. Durante o lançamento haverá uma conferência do escritor Carlos Emilio Corrêa Lima, editor geral e idealizador da revista que abordará a importância e o real significado da novíssima antologia da literatura brasileira contida no bojo da nova Arraia PajéurBR. A realização é do Instituto ECOA.
O SÉTIMO MÊS De acordo com as primeiras pegadas de julho, que já revolvem a terra e jogam lá dentro os grãos pelos quais ele deverá ser lembrado, cada dia exigirá seus frutos, pondo sob seu monopólio o que lhe for devido. De acordo com os miolos do boi e a língua da vaca, julho   de mimosas será, algum estorvo imprevisto, pois viver tranquilo nunca houve, mas nestes trinta e um dias de páginas ainda em branco algo novo irá visitar-te, e te levantarás e viajarás com essa expectativa, com novas sombras ao teu lado, velhas sombras perdendo-se de vez na última esquina. Verás, no sétimo mês,  nova frestra, a conjugação de um novo verbo exigindo atenção, mas não horóscopo. Foto e poema: Darlan M Cunha
O OVO DO DEMENTE Nada visível é o ovo que aqui se canta sem prévio aviso, água que se decanta nalgum ermo da cidade, numa casa cuja louça espera pelo molar e pelo siso (quando não por outro parágrafo e seu inciso). Nada visível é o estorvo que pode causar este ovo, a priori, sem nenhum aviso de que a água pode ser ou já estar molesta, o que só se saberá a posteriori. Algo visível é o esforço feito para se acusar este ovo de megalomania, de algo qualquer que o rache antes da hora; melhor é que não ache saída o que lá está, e geme, noite e dia. Bem visível é a ânsia do bicho dentro do ovo do qual aqui se fala, ele com a sua gosma de bala, filete de amor arranhado pela dor da (pa)lavra impedida, que reluta, até que a sua flor se cala. Foto e poema: Darlan M Cunha
 SINA pés de pato sempre na água há pés de ida sem vinda, fé remoendo velhos e novos espinhos, pés de doloroso parto, mãos levadas ao solo de um infarto ou de outro hiato, um tempo ruim sopra o mundo, às vezes, não, às vezes, sim, o mundo troca de pés e mãos, salva o dia pela noite, e vice-versa, eis o homem dentro da mulher: enlace de longo alcance querem ambos, a montante e a jusante, os pés no mundo Arte e poema: Darlan M Cunha
Museu do Ouro // Gold Museum // Museo del Oro - Sabará, MG, Brasil Mas não tive certeza de quem eu era e de quem eu seria depois daquele tempo retirada [...] Excerto do livro "Constelação de Ossos" (página 59), da escritora BÁRBARA LIA. O Blog da BÁRBARA: http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/ Foto: Darlan M Cunha
  Bar BIROSKA (Sabará, MG) é citado no meu livro " Umma " SOMBRA Ia todos os dias ao mar, de forma inescapável aos peixes, reavendo talvez algo de si na luz sobre folhas e telhas, fazendo com que homens se juntassem para ver o que faria aquela de todos os dias, sempre com passos de vagar dentro do seu silêncio, mas nel mezzo del camin ela um dia parou, deu meia volta, e nunca mais foi vista - esquecida a toalha em cujo corpo flui ainda sua sombra, seu assombro nunca desvendado. Foto e poema: Darlan M Cunha