Pular para o conteúdo principal

Postagens

ITINERANTE(S), ou LUMIAR Névoa nenhuma na tez, sobem a Rua do Ouro com ele o sol e uma canção do Beto Guedes (luz e mistério há no coração da gente), e o assentar-se num ônibus pode dar vazão a lembranças com sequelas boas e más, que o mundo vive tudo de cada vez, gula de novas lições oferecendo aos transeuntes: eis um goleiro acessível, mais além se pode encontrar a pulga que vivia na orelha do magistrado, bem como ater-se a um suvenir de Curitiba, Bonito, Bichinho ou Jericoacoara, lá vai ele nessa estrada na qual tudo o que se move é sagrado, profana é a falta de dúvida, sim, deve-se duvidar da boa fé do divino e da maldade do tinhoso, de tudo se faz canção e caução, morar na filosofia requer astúcia da mímese, e algum provento ou aposentadoria pela providência ou pela previdência, deus é grande porra nenhuma, mesmo morto, vai pensando nisso enquanto entra na Rua Estevão Pinto, bebe algum espanto na Rua Caraça, algo mais no Beco do Espeto, e vai rumo ao limiar da
BECO DO MOTA REVISITADO Fogueira de noiva é açoite Falação moderna, eterna Nomes, sobrenomes na conta deste seu país. Proscrição da noite, pernoite Promissão aberta, incerta Garfos e talheres na sombra deste seu país. Porteiro na noite, açoite Profissão modesta, incerta Partos e prazeres à sombra desse teu nariz. Procissão se entorna, se enrosca Na testa da noite, afoita Talhos e saberes de sobra nesta sua Raiz. [...] ***** Reescrita parcial (DMC) desta antiga, bela e famosa canção da dupla de compositores BRANT / NASCIMENTO. Foto e texto: DARLAN M CUNHA
                                                                                       OS LADOS A pão e mágoa chegaste a mim. Aves no céu da boca percebi, mas a laranja na minha mão pareceu-te ter o nome teu ? Pensaste ficar. Sejamos como nunca fomos: nós de embarcações à deriva, vento nordeste embatendo vento sudeste.                                                              
CABAL Sobre a mesa estendido, o Tempo formou-se pão, luta natural, a boca do Homem avança para o corte matinal e come  a terra através do pão - faca e gravata junto ao pescoço do dia.
FILHOS DO SOL A pimenta veio das veias do mundo, dos seus subterrâneos e velocidades, a pimenta molha a tua boca e se faz medida para cada instante da tua escala de valores, sim, brilham na tua nuca grãos do areal onde há pouco, sob o sol e com um filho do sol rolavas. Foto & Poema: DARLAN M CUNHA
TÓPICOS PARA A COPA DO MUNDO: A BOLA A bola é espermatozóide em busca do prêmio - o gol.  Muitos na corrida desesperada. A TORCIDA: BAFANA BAFANA / BAFO DE MEL, FAVO DE CANA
UM ARTISTA DA FOME Jantou lá em casa um artista da fome cujo nome e renome eu desconhecia, dado a nadar fora do contexto, um artista da fome passou a noite numa casa de família pouco conhecida no todo: a casa da palavra, mas logo a mímese e a simbiose entraram e ficaram entre o anfitrião e o hóspede, ambos cheios de fome   pelo que poderia a palavra                                                                                  saciar-nos com o seu sexo                                                                                certamente capaz                                                                                  de maravilhas únicas,                                                                                   de singulares encantamentos tanto pela pedra quanto pela água.                                                                                      Foto e poema: Darlan M Cunha
S S SAL Na calma da manhã as aves ainda em seu conluio, lá fora os entraves do dia saltam poças  de água e sangue, pois é na rua  que as coisas  acontecem,  na calma ou no areal  das mãos revoltas as coisas  acontecem - ou se salvam ou se degradam. Poema: Darlan M Cunha Foto: Orlando Luis Pardo Lazo - http://www.desdecuba.com/generaciony/
ABRIL DA CORAL cores tantas cores no lânguido corpo da cobra coral ali num tronco qualquer no chão do mundo confundida ela está e os seus olhinhos brilham de prazer com os raios de sol e as fatias de sombra sobre ela que se fia na sua mímese e na simbiose e noutros truques que a coroa maior da vida exije, e assim a sobrevivência lhe dê chances de logo que possível ou logo que seja necessário ela executar de novo a dança das presas: dança de vida e morte que seu veneno fatal pode, mas, antes, ela descansa e me deixa em paz, a apreciar suas cores em rodelas, pura matemática, puro aviso de quem faz suas próprias contas, sim, pintura rubra negra e branca, a cobrinha sabe de si, sabe que seu espaço dimunui, que as águas estão secando rápida- mente, não ná mais onde esconder-se de mim, de ti, das bombas e queimadas, das imobiliárias, de deus e nem mesmo do diabo que não a criou, natural que ela é em seu medo de todos Poema: DARLAN M CUNHA Foto: alfas.cap.ufrgs.br
ABRIL DOIDO Em abril, a Idéia se dobra e se desdobra sobre o tempo perdido, cruzando colinas e riachos, saturada de sol e sal, ajeita o gorro, reenche o cachimbo e põe fogo na mata da imaginação, e logo saltam do forno imaginário os primeiros assados, estalos de colheita só possível em abril, espremida entre as águas de março e a própria incógnita de como entregar a maio os ossos ainda quentes, talvez não inteiros, do seu ofício, sua herança que, em abril, já se atrasa no riso, malha seus riscos. Poema: Darlan M Cunha Imagem trazida do site MUSEU DA PESSOA
                COM LICENÇA POÉTICA Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombetas, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos (dor não é amargura). Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. ADÉLIA PRADO. Bagagem. ***** Tela: TÂNIA FILIPPO