Pular para o conteúdo principal
















ABRIL DA CORAL

cores tantas cores
no lânguido corpo
da cobra coral ali
num tronco qualquer
no chão do mundo
confundida ela está
e os seus olhinhos
brilham de prazer
com os raios de sol
e as fatias de sombra
sobre ela que se fia
na sua mímese e na
simbiose e noutros
truques que a coroa
maior da vida exije,
e assim a sobrevivência
lhe dê chances de logo
que possível ou logo
que seja necessário
ela executar de novo
a dança das presas:
dança de vida e morte
que seu veneno fatal
pode, mas, antes, ela
descansa e me deixa
em paz, a apreciar
suas cores em rodelas,
pura matemática, puro
aviso de quem faz
suas próprias contas,
sim, pintura rubra
negra e branca,
a cobrinha sabe de si,
sabe que seu espaço
dimunui, que as águas
estão secando rápida-
mente, não ná mais onde
esconder-se de mim, de ti,
das bombas e queimadas,
das imobiliárias, de deus
e nem mesmo do diabo
que não a criou, natural que ela é
em seu medo de todos


Poema: DARLAN M CUNHA
Foto: alfas.cap.ufrgs.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha