ITINERANTE(S), ou LUMIAR
Névoa nenhuma na tez, sobem a Rua do Ouro com ele
o sol e uma canção do Beto Guedes (luz e mistério
há no coração da gente), e o assentar-se num ônibus pode
dar vazão a lembranças com sequelas boas
e más, que o mundo vive tudo
de cada vez, gula de novas lições
oferecendo aos transeuntes: eis um goleiro acessível, mais além
se pode encontrar a pulga que vivia na orelha
do magistrado, bem como ater-se a um suvenir de Curitiba, Bonito,
Bichinho ou Jericoacoara, lá vai ele
nessa estrada na qual tudo o que se move
é sagrado, profana é a falta de dúvida, sim, deve-se
duvidar da boa fé
do divino e da maldade do tinhoso, de tudo se faz canção
e caução, morar na filosofia requer astúcia da mímese, e algum provento
ou aposentadoria pela providência ou pela previdência, deus
é grande porra nenhuma, mesmo
morto, vai pensando nisso
enquanto entra na Rua Estevão Pinto, bebe algum espanto
na Rua Caraça, algo mais no Beco do Espeto, e vai
rumo ao limiar da manhã, irá até quando entrar setembro, boas novas
(in)certa moça grita-as no meio da rua, grita a sua gravidade
de mãe solteira, e o rapaz itinerante continua
procurando loja na qual encontre pincel, brocha
e adequadas cores para pintar a sua música, digo, casinha.
Atrás, e à frente, luz e mistério.
*****
Foto e texto: Darlan M Cunha
Amei o texto. Li e reli.
ResponderExcluirAs suas palavras e o linque (reconheci 3) com palavras das canções do Beto é pra lá de bão.
Ah...lembrei de Lumiar. Uma cidadezinha lá na região serrana do Rio.
Beijão.
Muito obrigado, TÂNIA.
ResponderExcluirSim, você é mesmo inteirada das boas coisas: há alusão a três canções do Beto Guedes nesta postagem: Lumiar (também título de um dos discos dele), Amor de Índio, Luz e Mistério.
Além disso, o Beto mora lá na região do bairro da Serra, BH, e coisas e tais.
Aquele abraço.
DARLAN