
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombetas, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
(dor não é amargura).
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
ADÉLIA PRADO. Bagagem.
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Tela: TÂNIA FILIPPO
Grande lembrança. Adoro a despretensão aguda de Adélia Prado.
ResponderExcluirMuito obrigado, PAULO,
ResponderExcluirpela visita e pelo comentário.
Há anos, eu estive na Rua Ceará, em Divinópolis, com a Adélia, que me deu dois dos livros dela - O Coração Disparado, e Soltem Os Cachorros. Eu já tinh o primeiro livro dela: BAGAGEM. Uma pessoa alegre, um sorriso encantador, enfim, uma pessoa de fácil conversa. Uma casa confortável, mineiramente sadia, sossegada mesmo.
Sim. ela é uma grande poetisa (não escrevo no masculino, embora seja a tônica de tantos analfabetos e "críticos" e "mestres do idioma" assim dizerem: A POETA. Tolices.
Novamente, grato. A Casa é sua. A propósito, PALIAVANA, que é o título do meu Blog -, é uma orquídea, típica da região da Serra do Cipó, MG (mas não apenas de lá). Uma lindura, estonteante.
DARLAN
A propósito, PAULO, adicionei seu linque na guia "BLOGUE COM JEITO", aqui mesmo no PALIAVANA4.
ResponderExcluirUm abraço.
DARLAN