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FERNANDO DINIZ - interno do Museu do Inconsciente, RJ

Nasci na Bahia, no arrabalde Estrada da Boiada ou Aratu, não sei. Tive uma irmã clarinha, nasceu e morreu. Mamãe mudou. Mudou para um barracão no morro. Era uma só rua. Depois veio para o Rio.

Eu não tinha nenhum brinquedo quando criança. Então sonhava todo dia com brinquedos interplanetários. O poder de sonhar com o que quiser - menos sonhar com o que é da terra.

Houve um tempo em que quis ser engenheiro para casar com Violeta. Mas engenharia não gostaria de estudar. O livro de engenharia é um monte de pedras, pedras e pedras. A caldeira é de tijolos sobre tijolos. Tudo igual. Aí tira o mistério do mundo. Não sei porque milagre passei a gostar da escultura e da pintura. 

Depoimento: Fernando Diniz   /  Foto sobre um de seus trabalhos (MI - RJ)
MUSEU DO INCONSCIENTE

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