Pular para o conteúdo principal















NÃO EXATAMENTE / NOT EXACTLY


Ela se acha com motivo para procurar pelos empuxos da ira, a raiva por alimento cheio de enxofre, necessita desta e de outras certezas, mais do que de misericórdia (entalem-se com a misericórdia os necessitados), e não se curva como se espera de uma compulsiva, melhor, impulsiva. Ela é quente, vive de macerar lamúrias e crestrar sorrisos que qualquer primeiro vento leva para longe; ela é de subir no trapézio e saltar de lá, como quem volta do mercado de pulgas, com a sacola cheia de velhas novidades: um palhaço numa tela a óleo, uma boneca de panos, um velhíssimo espelho de cristal (espelho, esfera minha), sim, é com essa que eu vou raspar a casca do dia, até o dia cair de borco no chão do esquecimento.
2.
(Não toquem, não insistam em cadáveres, não digam, por exemplo, o britânico; deixem isso para comentaristas esportivos, seu mundo miúdo de perpetuação do regozijo alheio que nada mais, há tempos, já não é senão cadáver geopolítico, embora até hoje a rainha inglesa pense que é a rainha também de montreal e de perth).
3.
So... this is my attempt to give you a better understanding of my language, my small attempt to celebrate book (=bridge) and to make it interesting and fun (crossing frontiers by giving jargon), beautiful and quirky world of book. So I wrote this some time ago and pasted it on my blog paliavana4.
4.
I think it's better to think about what would be most beneficial for me: silence, smile, book (= bridge), on the road, mud and sand. Be happy, not a fool on the hill. Wall & silence. So I wrote this some time ago and pasted it on my amazing site fotemas (off air, excluded).


Texto: Darlan M Cunha  /  Arte: Job Koelewijn

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tu te lembras, sim... Contos da minha casa - 5 Uma avó de uma amiga minha completou noventa anos – eu disse uma avó porque, afinal, todos temos mais de duas avós -, e as cantigas de sempre logo se fizeram ouvir, devido ao fato de que não há festa de noventa anos todos os dias, todos os meses, sequer todos os anos, não é mesmo, gracinhas e joões ? Embasado nisso, e embasbacado após ver uma linda foto da festa de aniversário 90 de uma avó de uma amiga minha (ufa !), fiz de conta que era comigo, e revi a minha avó, melhor, uma de minhas avós bem aqui ao lado meu, toda liru-liru , empetacadinha, lindinha e ainda e sempre brabinha que só ela. É... falo da minha avó paterna, cuja graça era Senhorinha, isso mesmo, basbaques, este era o nome dela registrado em cartório: Senhorinha Maria de Jesus. Era baixinha, muito brava, mas só de mentirinha, assim com um ar de Dom Casmurro (parte do livro, porque as partes do livro onde entra a tal da Capitu... isso aí, podem deixar de lado,
FLORES SÉSSEIS, VIDROS E ÁGUAS: CONSTELAÇÃO DE OSSOS 1. O ENCANTAMENTO PELOS MATERIAIS Vidros e águas se entendem, agarram-se uns aos outros como um pensamento bom atrai outro de sua estirpe, como as pedrinhas de um caleidoscópio fazem umas com as outras, ou seja, abraçam-se e soltam-se num emaranhado nunca igual, mas sempre com o intuito de união, sua sina sendo a de viverem unidas, mantendo a própria identidade – o que é cada vez mais difícil, mais improvável entre os humanos. Águas e vidros: água doce e vidro plano, água salgada e vidro temperado, água suja e vidro opaco, água limpa de bica e vidro colorido  de igrejas e bordéis, sim, de tudo se faz canção e caução, e o coração na curva de um fio d’água estalando gotículas nas costas dos lagartos (agora tu sabes a razão do sorriso do lagarto, uma delas), úvula e cio, nonada , tiros que o senhor ouviu... , o rio cheio de mormaço, espelho d’água é a sensação de um rio calmo calmo calmo, tu vais com ele, entras nele

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha