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ANESTESIA SOCIAL, COMA GERAL, O CRIME COMO CATARSE

Há tempos, todos estão sob um sopor enorme, anestesiados, presos a tanta pequenez que é difícil projetar o quão mais fundo no lodaçal se poderá ir, pois tudo é pressa de ganho, pavor de perder o relógio (mas não o Tempo), e me lembro do compositor dizendo que “meu tempo é hoje”.

Mortes violentas, pavorosas, são parte e totalidade do cotidiano geral, pois a cidade é suicidade, monstrópole, campo de tiro ao alvo, fuga e refugo laboratoriais, palco das nuanças mais díspares sabendo a morte. Levantado do chão não há como ser, se morta a esperança.




Quando se joga alguém de um prédio, corrobora-se qual sistema: o límbico ? o econômico ? o sistema nervoso central que chegou ao limite ? O que cai de um prédio, junto com alguém: a mísera fé judaico-cristã ? a pífia arquitontura muçulmana ? o idioma putrefato da psicologia clínica ? os fios e tramas dos modistas ? Pode-se comprar testemunhos falsos numa feira qualquer, mas o que há no acervo teu, no do outro, no geral, que ainda não se tenha visto ?

Humano demasiado inumano.
(DMC)
***
Arte: CHEN SHAOMA, China, 1972

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alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha