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Mostrando postagens com o rótulo "darlan m cunha"
IASNAIA POLIANA (a famosa propriedade rural do escritor Leão Tolstoi - autor de Guerra e Paz) UM ELO MAIS ATÉ O DESASSOMBRO uma casa sem muro, com muitos silêncios nas frestras, silêncios arados para deitarem normas no chão mais duro da esperança, muro real há nos seus mais ásperos trechos, que a vida é um muro sem antinomias nem antipatias menores, e passar por ele requer mais do que simples (a)versão de um idioma em relação a outro, mais que amor à primeira pista, pelo que o silêncio pode oferecer algo mais do que um copo de cólera a alguém numa varanda Texto: Darlan M Cunha    /   Foto: Maxiriska http://members.fotki.com/maxiriska/about/
Rio Acima, MG Um copo de cólera contra a lavoura arcaica da existência seja o que se beba, e é por isso que ele preza que o total de sua vida esteja mal escrito, os caminhos e sub caminhos estejam mal delineados, números inexatos, nada de matemágica, melhor é a trágica petúnia de números com pernas menores do que o que dizem ser, enfim, baralhar o mundo, dar-lhe pancadas, que as pessoas são quase nada, e o melhor de tudo é por o boné lá onde não se possa apanhá-lo. Ou seja: o melhor é ir. Ir é o melhor remédio. Único. Texto e foto: DMC
O AR EM SEU ESTADO NATURAL Aqui está o meu mais novo livro – um misto de pequenas crônicas, vou assim chamá-las, entremeadas com poemas. As pessoas já familiarizadas, ou não, com as emoções do Clube da Esquina, com suas canções, as entrevistas, as fotos, os casos engraçados, terão aqui um pouco de petiscos para saborear, petiscos com os quais assentarem-se à mesa, assim espero. Nada de entrevistas, de fotos. Escrevi o livro com a leveza necessária, leveza de quem percebe que a amizade é gênero de primeira necessidade, devendo estar na mesa de todos, algo de cesta básica, e este sentimento está presente em toda a obra do referido clube, de modo explícito ou subreptício, ou seja, é como está no livro: o que está sendo apreciado no livro é o  "conceito de amizade", e não própriamente a repetição da palavra, do termo, do substantivo amizade. O conceito é o que vale, e é disso que este modesto livro trata, sem pretender nem mesmo de longe esgotar o assunto. Amigo é coisa pra
DOCUMENTÁRIO O Sr. White – nome de colonizador e pele de nativo tem ele – nasceu e mora na boca das cataratas Vitória, no rio Zambeze. Tem pequena lavoura, não raro arrasada por secas devastadoras ou por semanas de chuva. Diz ele, num documentário, ter sete filhas, oito filhos e três esposas. Pois bem. Outras felicidades espero que o Sr. White conheça, de diferentes modos da sua. Ele, que sabe onde o Zambeze esconde seus peixes, tem um amigo na aldeia, de nome Edwin, artesão que faz “makoros” - grandes e esguias armadilhas para pegar peixes no turbulento e enorme rio. Josephat é ótimo pescador. Peixes secando. Aves comendo sal nos barrancos. A névoa engole o rio, mas mais tarde o sol queimará o algodão dependurado no céu. Arco íris lunares são comuns, como são comuns as risadas dos bichos que ninguém vê ao certo. Todos têm medo mortal dos hipopótamos. O Sr. White, cujo olho direito é coberto de névoa, ou seja, ele tem a sua própria catarata, contempla o
CABAL Sobre a mesa estendido, o Tempo formou-se pão, luta natural, a boca do Homem avança para o corte matinal e come  a terra através do pão - faca e gravata junto ao pescoço do dia.
FILHOS DO SOL A pimenta veio das veias do mundo, dos seus subterrâneos e velocidades, a pimenta molha a tua boca e se faz medida para cada instante da tua escala de valores, sim, brilham na tua nuca grãos do areal onde há pouco, sob o sol e com um filho do sol rolavas. Foto & Poema: DARLAN M CUNHA
ABRIL DOIDO Em abril, a Idéia se dobra e se desdobra sobre o tempo perdido, cruzando colinas e riachos, saturada de sol e sal, ajeita o gorro, reenche o cachimbo e põe fogo na mata da imaginação, e logo saltam do forno imaginário os primeiros assados, estalos de colheita só possível em abril, espremida entre as águas de março e a própria incógnita de como entregar a maio os ossos ainda quentes, talvez não inteiros, do seu ofício, sua herança que, em abril, já se atrasa no riso, malha seus riscos. Poema: Darlan M Cunha Imagem trazida do site MUSEU DA PESSOA
PESADELO AO REVERSO Meu pesadelo tem macia voz, canta disparada, travessia & boi barroso, como quem vai à feira de rua comer frutas e beber licor, sim, meu pesadelo tem 206 ossos, tendões alvinhos e músculos (ou molúsculos ?) tenros feito avelãs, e por isso eu caio da cama, releio minhas memórias futuras e vejo que lá está ela, no meu futuro ela está, e ri da minha impotência em desvendar-lhe a essência, e nem mesmo parte dela, mas o mundo dá muitas voltas, e eu me preparo para quando ela passar à minha porta de novo, ela, meu tormento, pesadelo, ímã ou seja lá o que for. Ó, eu quero essa mulher assim mesmo: descabelada, doida, assanhada, com ou sem marcas do Tempo (bicho mau é o Tempo, ou não ? Bom, há gosto para tudo). Eu quero essa diaba assim mesmo: de modo lento já acendo o fogo, assento-me na cozinha, leio algo, bebo algo, enquanto conto nos nós dos dedos das mãos a hora fatal de eu morrer naqueles tenebrosos braços e abraços, passos e tropassos, beijos e
  GULA É do Homem ser gulos o e avançar sobre o que vê e não, sobre o que cheira e não cheira,  é de sua índole o verbo querer, suas variantes de possuir seja lá o que seja, sim, condenado pelo instinto, vive o Homem a sua trajetória de olhar para o outro lado da correnteza e logo imaginar uma ponte. Foto e texto: DMC (Gula)
O INSTANTE Desde que o silêncio reverberou pela primeira vez na mente do Homem (lembra que nasceste fazendo barulho, de que, ainda no útero, fácilmente audíveis são os reclamos de todos - muito antes de ultrassom), a sua luta para permanecer como parte integrante da Humanidade não teve descanso. Em vão. Quase ninguém sabe nada do silêncio, do seu valor, de que é um pilar sem o qual o equilíbrio não é possível. Não, não quero o silêncio de uma senhora ao lado do filho assassinado, silêncios forçados, silêncios armados, silêncios pagos. Queiramos algo que grite, mas que saiba silenciar a súcia, os latidos e rosnados, miados e chiados, sim, chega de buzinaços por falsos instantes de alegria que trazem com eles a contrapartida da alergia pesada, trazem com eles alguma répicla sempre com peso extra: a da destruição, do revide rubro. É isso aí: nada de dar a outra face e de abaixar o rabo, como o faziam antigamente os cães amestrados - não nós, os legítimos viralatas, donos absolutos
Amadas & Caros, eis aqui nove coisas realmente boas. Complete para dez estas NOVE COISAS BOAS: 1 . Ficar em casa na segunda feira, preguiça ou ressaca, sono ou calor, pés no chão e de bermuda, coisa boa é ficar na água de coco na segundona. 2. Ganhar presente em dia comum, inesperadamente. 3. O beijo não recebido, mas imaginado. 4. Roupa de cama cheirosa, mesmo se antiga. 5. Ficar na banheira – horas, dias, semanas, meses, anos, dormir  lá dentro. Se estiver de ressaca, melhora; se estiver com raiva, melhora; se estiver doente, sara, se estiver sem mulher ou sem homem... Ah, aí já não é comigo nem com a banheira: é ir pra rua procurar homem ou mulher, e logo propor casamento, sérias intenções, hehe. Certo ? 6. Viajar para o interiorzinho. 7. Tocar um instrumento musical. 8. Encontrar aquele bilhete premiado, um dia antes de expirar o prazo – o qual estava numa lata de biscoitos, junto com papéis velhos, contas disso e daquilo, clipes, barbante, vela, etc , e pelo qu