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JUNHO


O sexto mês entra na estrada
do ano, descendo do sono para pôr
a sua mesa o sexto mês do ano,
e no meio dessa rede haverá peixes
ou pássaros a serem capturados
na forma de correspondências
sob a porta, o costume das festas
juninas, alguém pedirá alguém
em sacramento, alguém pedirá
divórcio, e alguém viajará para
nunca mais; já é junho, as costas
de maio ainda estão quentes sobre
as pessoas, mas já se afasta, como
é natural, junho já caminha real,
mesmo de madrugada houve quem
o recebeu de pé, o interior do país
dorme, é dia noutra latitude
noutras longitudes o pavor e o amor
qualificam e desqualificam os seres,
sim, junho veio para ficar durante
trinta dias - a vida útil dessa planta
da qual é natural esperar colher
todos os dias o néctar revigorado.
É junho, flores estalam, e o primeiro
café do mês já está gritando.


Poema: Darlan M Cunha
Photo (from here): http://www.lowbird.com

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