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                                                               Molly Bloom's soliloquy


MOLLY ZOOM [NÃO] MORA LONGE


são flores os dentes da infiel molly bloom
redonda forma tem o bolo tipo molly zoom
aquela que, mesmo descabelada, dá
a exata conotação às nuanças
do de trás e do da frente, dá
nó em pingo d'água essa filha
das nuvens, assim é molly cum
cantada e decantada bebida
destilada em sórdidos becos
dublinenses e belo horizontinos,
becos de todo lugar, provada em lúgubres
e álacres motes & motejos, pobre garota rica
molly sweet molly
sempre dizendo algo misterioso como
"seu ar não é o meu", molly glue
sendo mestra em monólogos
e poligamia [diálogos fortuitos]
vive bem com a sola dos seus sapatos
e com as unhas rachadas, enfim,
com a sopa rala dos dias, recolhe membros
feito colheitadeira roendo trigo
milho e cevada pelas ruas
cheias de flores plásticas e de lama,
assim os traços e rastros até a casa da
molly sweet (down street)
garota casada, cuja língua de manteiga
enrosca-se no pão e no biscoito
do dia, tão álacre quanto severa
no domínio que ela tem
da entomologia (não vive ela entre insetos ?)
yes, I am Molly [yes I said yes I will Yes]
molly good morning
todos os dias livra-se de cadáveres
de besouros, assim é a fiel
molly bloody molly



Poema: DMC >>>>> Foto: Edílson (EUA)
Molly Bloom é a personagem entretida em monólogo nos três últimos capítulos do livro Ulisses, de James Joyce, escrito entre 1914 e 1921.
O clipe "VOA... BICHO" passou da marca de 4.000 visualizações. Obrigado.:
www.youtube.com/watch?v=bk0osxkd9cg

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