Dona MARIA JOSÉ, minha mãe - hoje: 80 anos
CARTA À MÃE (n. 80)
Querida MÃE,
o que eu vou dizer
que saiba dizer com a profundidade, a largueza e a altitude dignas da senhora,
que hoje, 13 de abril de 2012, completa 80 anos com tanta alegria e disposição
? Ora, eu mesmo, seu filho mais velho, embora não o mais sábio, melhor, o único
desmiolado, mal posso crer, porque sei do rosário de sofrimentos indescritíveis
pelos quais a senhora passou, mormente nos últimos 28 anos – com a perda de
irmão e irmã seus, bem como de três rapazes seus, estes num espaço fantástico
de um ano e dez meses, e também com a perda de sua filha de 51 anos, há muito
poucos anos, falecida e descansando longe de casa, a qual lhe deu três moças
lindíssimas, por dentro e por fora.
Dona MARIA,
cá estou, lembrando-me
de você levantando-se toda madrugada, em Joaíma e depois em Santa Bárbara e
depois em BH, sem fazer barulho nenhum, após ter cumprido, morta de cansaço,
seus deveres de esposa (caramba!), com cinco, seis, oito, nove, dez filhos
sempre de bocas escancaradas - mas eu já estava de olho em você, que nunca teve
tempo para você mesma, até porque por volta dos 14//15 anos a senhora já era, sim, corresponsável por seus irmãos e irmãs mais novos, pois a minha jovem avó
Isaura faleceu após o oitavo parto - o do meu tio Nem; e o meu jovem avô Dino
ficou tão traumatizado que nunca mais casou-se. Então, as minhas tias-avós e a
senhora criaram os pequenos, eram pobres, mas ninguém se perdeu pela vida, com
a honradez sempre no alto. Sim, a morte por parto traumatiza o marido, qualquer
um sente isso, todos sabemos disso, ou quase todos.
Minha MÃINHA,
meu doce de batata
doce com coco ralado,
nota mil é pouco
para a senhora; mesmo assim estou levando presentinho para você, que fica bem
com tudo, qualquer coisa que vista e calce lhe cai bem, eu fico pensando nisso
e noutras coisas, mas há muito tempo deixei o mundo de lado – com raríssimas
exceções, eu ainda olho para alguma coisa dele.
Minha MÃE,
meu cafezal em flor,
muita gente depende
da senhora – vizinhas, ex vizinhas, parentes próximos e distantes, gente
desconhecida, tanto aqui quanto nos EUA, etc; portanto, trate de continuar bem.
Ó, mas na próxima semana eu a levarei para a nova cirurgia na visão, com o
amigo Fernando. Eis que anteontem a senhora e o 'seo' Elviro receberam a visita
do bisneto Bernardo, que vocês ainda não conheciam 'de pegar', e foi mesmo uma
festa. Seo Elviro, mesmo adoentado, ensaiou levantar o danado, e logo disse que
ele deve estar comendo chumbo no almoço, e minério de ferro no jantar, já que o
mineirinho tá pesado, sem ser balofo – e foi gargalhada geral. Mexe em tudo que
vê. Por falar em netas e bisnetas, ai ai ai, os telefones e os computadores vão
virar brasa neste dia 13 de abril – já que as danadinhas e os espoletinhas
moram muito longe, e ficarão ligadas//os, querendo os petiscos da Vovó.
Pois é, Dona MARIA
JOSÉ
iremos beliscar uns
petiscos feitos em casa, e outros que encomendamos em surdina para a senhora,
porque nem pensar em ir para a beira do fogão. Estou indo para BH, mas um buquê
de oitenta flores foi encomendado para a Dama maior do país dos Cunha – Dona
Maria José, e será entregue logo ao raiar do dia, ou seja, agorinha mesmo
(escrevo é no fim das madrugadas, manhãzinhas cheias de frescor, cafezinho
feito sem pressa). Muita música, pois eu sei que vamos acompanhar a senhora nas
suas canções favoritas, como a Valsa n. 1, Flor do Cafezal, e outras que a
senhora gosta e canta e até chora. Por falar em chorar, nada de se esquecer da
sinvastatina e da hidroclorotiazida – coronárias e pressão arterial. Tudo
positivo, como é a mente da senhora.
MÃINHA,
meu doce de goiabada
cascão com queijo Minas,
seu filho se
despede, cheio de alegria, também de apreensão por este mundo que já nem sabe,
ou quase não sabe, que ainda existem mães. Melhor do que beijo de Mãe, é só
outro, mais outro. Até agorinha mesmo, de manhãzinha, é, hoje eu tô com a
macaca – como dizem as minhas amigas malucas. Comprei até roupa nova pra mim, pagável
em vinte mil módicas prestações, minha querida. Ó, quero chocolate
caseiro e cajuzinhos que eu sei que a senhora e a linda neta CRIS fizeram, às
dezenas. Estou sabendo, porque um passarinho me contou, e sobrevoou Sabará, Rio
Acima, Nova Lima, Raposos, Santa Luzia, Brumadinho, Sarzedo, Lagoa Santa,
Mariana e Ouro Preto, e contou para todo mundo.
Um beijo do seu menino
meio desmiolado, mas bom garoto.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirque palavras lindas Darlan!
ResponderExcluirmuitos parabéns à Dona Maria José, pelo aniversário e também pelo filho desmiolado, mas bom rapaz...!
abraço, deste lado do atlântico.
sonja.
Minha querida amiga SONJA,
ResponderExcluirsaudades grandes de Você.
Muito obrigado pela mensagem. Falarei dela para a Dona Maria José. Apareça, que a Casa PALIAVANA 4 é sua - e as outras que mantenho na Internet.
Abraço Você e Portugal.
DARLAN