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Mostrando postagens de abril, 2012
                                                               Molly Bloom's soliloquy MOLLY ZOOM [NÃO] MORA LONGE são flores os dentes da infiel molly bloom redonda forma tem o bolo tipo molly zoom aquela que, mesmo descabelada, dá a exata conotação às nuanças do de trás e do da frente, dá nó em pingo d'água essa filha das nuvens, assim é molly cum cantada e decantada bebida destilada em sórdidos becos dublinenses e belo horizontinos, becos de todo lugar, provada em lúgubres e álacres motes & motejos, pobre garota rica molly sweet molly sempre dizendo algo misterioso como "seu ar não é o meu", molly glue sendo mestra em monólogos e poligamia [diálogos fortuitos] vive bem com a sola...
arte: FÁBIO SILVA - Belo Horizonte, MG, Brasil AUSTRAL Longe do sul, os timbres diferem, parecem passos numa trama sinistra, talvez não, é que a gente pode se enganar, às vezes, é certo haver coisas lindas longe da tampa austral, feiuras com sombras maiores do que uma noite de punhais. Longe do sul pareceram-lhe álacres as ondas do mar, não tanto as ondas humanas tropeçando em favores nunca cometidos, mergulhando num palco escorregadio, sim, viajar para longe do sul valeu-lhe saber de fato onde fica o norte, bem como o leste e o oeste no seu perceber austral. Texto e foto: DMC
Dona MARIA JOSÉ, minha mãe - hoje: 80 anos CARTA À MÃE (n. 80) Querida MÃE, o que eu vou dizer que saiba dizer com a profundidade, a largueza e a altitude dignas da senhora, que hoje, 13 de abril de 2012, completa 80 anos com tanta alegria e disposição ? Ora, eu mesmo, seu filho mais velho, embora não o mais sábio, melhor, o único desmiolado, mal posso crer, porque sei do rosário de sofrimentos indescritíveis pelos quais a senhora passou, mormente nos últimos 28 anos – com a perda de irmão e irmã seus, bem como de três rapazes seus, estes num espaço fantástico de um ano e dez meses, e também com a perda de sua filha de 51 anos, há muito poucos anos, falecida e descansando longe de casa, a qual lhe deu três moças lindíssimas, por dentro e por fora. Dona MARIA, cá estou, lembrando-me de você levantando-se toda madrugada, em Joaíma e depois em Santa Bárbara e depois em BH, sem fazer barulho nenhum, após ter cumprido, morta de cansaço, seus deveres de esposa (...
    WISLAWA SZYMBORSKA (Polônia) - Prêmio Nobel 1996 BREVÍSSIMA CONSIDERAÇÃO SOBRE A POESIA DE WISLAWA SZYMBORSKA A lucidez requer ferocidade, e o contrário disso é, para mim, tão claro quanto neve limpa e clara de ovo, ou seja, algo palpável, claramente perceptível. É por isso que a poesia da W. Szymborska é uma das raríssimas pelas quais pego uma cadeira ou me assento numa das muitas pedras que há no mundo, ou me assento no sanitário, quando não numa pracinha qualquer, e lá ficamos eu e ela traçando o futuro da memória – se é que haverá tal futuro. Ah, lembro-me aqui do J. L. Borges, num pequeno trecho que utilizei já em textos meus, ao aludir sobre a lucidez cruel da insônia, ao que acrescento a insônia cruel que a lucidez dá a quem consegue chegar e ficar por lá. Com essa polonesa dá para conversar - entre goles de risos pel infinita imbecilidade humana. Darlan M Cunha ***** FOLHETO Sou o comprimido calmante. Actuo em casa, sou ef...
AMORFOS Que não me perdoe a natureza, por entendê-la plena de tipos amorfos, de ter com ela, vez que outra, venturas de bile, arcaica lavoura sendo a que existe entre nós, quando se trata de ódio puro e simples, melhor, de admiração ressabiada; mas também é lícito dizer que nos temos em alta conta, madrugada afora a natureza me encontra entre disrítmicos graves, e amorfos, aos quais falta o mais elementar dos membros: a cabeça, sim, é a cabeça, irmão, capaz de salvar-te de ti mesmo, irmã rua, irmão beco. Foto e poema: DMC