
Todas as curvaturas da Natureza sendo apenas um traço teu.
Ficam comigo e com muita gente mais, minha Mãe, a tua candura e o teu silêncio cheio de fervor nos dias chuvosos; fica o tempero escorrendo pelas fibras do talharim, no queixo de uma filha tão esperta quanto o 'lôro' da vizinhança, sempre agarrado ao barulho mais comum das casas, sim,
ficam comigo os teus anseios, Mãe, aquelas jóias sempre caindo da tua testa cheia de rubis, esmeraldas, turmalinas e diamantes, cheia daquilo a que todos nós nos acostumamos chamar de suor, pois eram jóias as tuas gotas de suor e as lágrimas que tu vertias nas madrugadas em que te levantavas
para dar-nos outro beijo e ajeitar-nos o cobertor, eram jóias inenarráveis todas aquelas estrelas que tu fazias nos biscoitos, aquela tua fala toda bordada com um tipo de material jamais pressentido pelos pobres deuses e deusas, e assim os anos iam moldando os nossos haveres
e deveres, e tu sempre a mesma, Mãe: severa, mas era a mais pura mentira aquela tua severidade quando gritavas aos cinco ventos da nossa rua para que nos trouxessem para casa, porque era hora do banho, ou porque era hora da sopa, hora do dever de casa, de regar as plantas, de descascar
batatas, sim, agora me lembro de um brinquedo jogado num canto, lembro-me de um irmão sorrindo para a lua, da minha irmã caçula pedindo aos céus um bom namorado, e até me esqueci de quem fui, do que sou e do que poderei fazer para que o teu nome nunca despenque da minha boca
e jamais caia da minha tez, porque tu foste a minha Razão, Mãe, e nenhum tormento meu veio de ti, senão o fato de eu lutar para aprender contigo aquela doçura de que falei lá em cima, a luta para pregar no meu coração aquela tua facilidade em lidar com as mais duras lágrimas, Mãe.
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Este texto foi escrito de uma vez, em minutos, em homenagem à Sra. Ignez, falecida anteontem, 18-09-2006, mãe da minha amiga Rosana Prada.
Rosanae deveres, e tu sempre a mesma, Mãe: severa, mas era a mais pura mentira aquela tua severidade quando gritavas aos cinco ventos da nossa rua para que nos trouxessem para casa, porque era hora do banho, ou porque era hora da sopa, hora do dever de casa, de regar as plantas, de descascar
batatas, sim, agora me lembro de um brinquedo jogado num canto, lembro-me de um irmão sorrindo para a lua, da minha irmã caçula pedindo aos céus um bom namorado, e até me esqueci de quem fui, do que sou e do que poderei fazer para que o teu nome nunca despenque da minha boca
e jamais caia da minha tez, porque tu foste a minha Razão, Mãe, e nenhum tormento meu veio de ti, senão o fato de eu lutar para aprender contigo aquela doçura de que falei lá em cima, a luta para pregar no meu coração aquela tua facilidade em lidar com as mais duras lágrimas, Mãe.
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Este texto foi escrito de uma vez, em minutos, em homenagem à Sra. Ignez, falecida anteontem, 18-09-2006, mãe da minha amiga Rosana Prada.
Rosana Prada
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Muito obrigada, meu querido amigo.
ResponderExcluirVc sabe que me emocionei demais com essa linda homenagem. Toda vez que a leio, eu choro.
um abraço bem grande,
Rosana
todo beleza e emoção.
ResponderExcluirROSANA,
ResponderExcluiro fato é que um toque, um silêncio, uma convulsão, um breve estender de braços rumo a uma xícara de café... enfim, sempre há algo e / ou alguém a nos dar e a solicitar-nos a atenção. Assim sendo, que este poema traduza um pouco de zelo e conforto por aquilo que todos passamos, ou passaremos.
MÁRCIA,
ResponderExcluirgrato pela visita, pela doçura das palavras.
É a forma mais maravilhosa de toda a minha vida, que alguém falando do reconhecimento á candura e amor de uma mãe. Parabens.
ResponderExcluirObs.Aproveito para informar ao meu amigo Darlan, da minha grande emoção vendo meu simplório blog,sendo recomendado por alguém de tanto gabarito.O minimo que pude fazer em agradecimento foi, também escrever lá, um pedido aos meus amigos para que vejam as maravilhas que você escreve.
Abraços.
Caro Donini,
ResponderExcluirfico-lhe grato pela gentileza. Falaremos disso com mais vagar, sim, entre aquelas louras e aquelas branquinhas mineiras.
Abraços. Darlan.
Belo e pungente, Darnal. Verdadeiramente emocionante.
ResponderExcluirPuxa vida, caro Marconi, fico-lhe imensamente grato pelo abraço através de palavras. Grato pela visita. Volte, porque a casa está sempre em reformas, necesitando de obreiros e operárias.
ResponderExcluirDarlan.
Olá, Darlan!
ResponderExcluirQuero te convidar a conhecer meu blog.
Quando tiver um tempinho, entra lá, deixe sua opinião e, se gostar,indique aos amigos.
Obrigada!!!
Visitarei, sim, Sara Mello.
ResponderExcluirUm abraço. Darlan
Oi, Darlan!! Muito obrigada por ter ido visitar o blog. Apareça sempre para ver trabalhos novos. Obrigada também pela gentileza de divulgar meu trabalho em seu site.
ResponderExcluirAbraço!!
É isso aí, SARA. Trabalhos bem elaborados têm vez aqui.
ResponderExcluirUm abraço.
Darlan