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seixos calmos





JASÃO
Monstro ! Mulher de todas a mais odiada
por mim e pelos deuses, pela humanidade !
Tiveste a incrível ousadia de matar
tuas crianças com um punhal, tu, que lhes deste
a vida, e também me feriste mortalmente
ao me privar dos filhos !. E depois do crime
ainda tens o atrevimento de mostrar-te
ao sol e à terra, tu, sim, que foste capaz
de praticar a mais impiedosa ação !
Tens de morrer ! Hoje, afinal, recuperei
minha razão, perdida no dia fatídico
em que te trouxe de teu bárbaro país
para uma casa grega, a ti, flagelo máximo,
traidora de teu pai e da terra natal !

[...]

MEDÉIA
Essa injúria é pequena para uma mulher ?

JASÃO
Se ela é sensata. Para ti, tudo é ofensa.
[...]

EURÍPIDES. Medéia.
******

A poem of e. e. cummings (1894-1962. USA)

i thank You God for most this amazing
day: for the leaping greenly spirits of trees
and a blue dream of sky: and for everything
which is natural which is infinite which is yes

- 'i thank You God'
***

Um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 -2004, Portugal)

Labirinto
Sozinha caminhei no labirinto
Aproximei meu rosto do silêncio e da treva
Para buscar a luz dum dia limpo.
***

Foto: Lars Tufvesson

Comentários

  1. Medéia má!! É monstro sim!
    Afinal, ela morre no fim da história ou acaba fugindo?
    Vc viu o meu avatar de Medusa? Hehehe!

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  2. Relembro aqui a pergunta de Sigmund Freud, após, segundo ele mesmo, 30 anos de estudos da "alma feminina": -Afinal, o que querem as mulheres ?

    ResponderExcluir

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alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha