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SOLILÓQUIO Acho que vou morrer em casa, mas nunca se sabe, quase nunca. Os suicidas sabem. Só eles detêm esta sapiência, este deboche supremo contra o meio, o garrote vil social. Só eles. Não recomendo. Não vou em contra. Eu mesmo me vi morto, inúmeras vezes me vi morto: morto estive no quarto só meu, morto estive viajando de trem, morto estive, assentado num parque, matutando desesperadamente a ver como conseguir algo para mitigar meus vícios, nenhum deles reconhecido, nenhum deles com a sopeira cheia, o bolso de armazém. Eu quis, sim, matar pulgas e piolhos em mim, de modo absolutamente não convencional, nunca antes feito, mas me esqueci de como é, após anos de pesquisa severa, ultra secreta, particular. Esqueci-me por completo, e isso é coisa do Inconsciente, que quer me ter  por perto, sempre subjugado a ele. Texto e foto: Darlan M Cunha
AS TELHAS, A PONTE Do meio do nada um grito ecoou (seria a lanterna dos afogados dando alarme ?). Súbita hora, dia nenhum a se lembrar com mais vagar e fundura das coisas que virão, sim, o dia esteja aqui bem exposto, e ainda mais o amanhã, porque devemos cuidar das nossas telhas, devemos olhar as estrelas, mas não através das telhas, e, sim, através do sentimento, mas voltemos às raias “de asfalto e gente que corre pela calçada, e entope o meio fio”, até porque não há nada mais interessante do que a desinteressante coisa de nome ser humano, sua arquitontura é - pelo menos para mim e para mais meia dúzia -, é algo digno de nota, mas amanhã será outro dia, nada será como antes, isso embora todo dia seja um dia sem nota de maiores esclarecimentos quanto à feitura de uma ponte sólida e linda que nos leve um ao outro. Texto: Darlan M Cunha Arte e Foto: Tânia Filippo
RAUCHEN VERBOTEN Proíba essa mão de tocar nesta face, de tomar a si o ventre da questão entre ambos, isso pelo repetido cansaço que dás à mente e ao coração de quem agora te diz: proíbe essa mão de querer o que não possa. Ah, e apaga o pigarro.
IMENSO CHIP Relendo umas páginas de O Homem e seus Símbolos, do C. G. Jung e colaboradores, lembrei-me da Biblioteca de Alexandria, construída no século 4, por Alexandre, O Grande. Sempre tive-a no imaginário, e o arrojo dos homens que iniciaram obra deste porte, enchendo estantes e mentes, como hoje se faz, embora a miniaturização, a web. Fala-se do incêndio que acabou com ela, embora tenha sofrido terremotos, saques, desleixo, abandono, e guerras. É de se notar que eram raríssimos os que sabiam ler àquela época. A Fundação Biblioteca Nacional é a sétima maior do mundo, com 9 milhões de livros (orgulho-me de ter registro meu lá), e documentos de todo tipo. Sim, os humanos temos fôlego até mesmo para nos matarmos. Fôlego e fogo, fogos de artifício, fogos de armistício (estes são mais raros do que pergaminhos egípcios, ou ainda mais raros do que encontrar cabelos de uma mulher etrusca, por exemplo, ou um muiraquitã, amuleto dos marajoaras, pequena pedra verde de
IDÉIAS, VISÕES, DELÍRIOS, MIRAGENS Aquele torpor ou ilusão talvez nem tenha mesmo existido (licença para dois), pois o corpo que ao lado estava: tinha ou não tinha uma tatuagem ? Poema: DARLAN M CUNHA Foto: TÂNIA FILIPPO
ITINERANTE(S), ou LUMIAR Névoa nenhuma na tez, sobem a Rua do Ouro com ele o sol e uma canção do Beto Guedes (luz e mistério há no coração da gente), e o assentar-se num ônibus pode dar vazão a lembranças com sequelas boas e más, que o mundo vive tudo de cada vez, gula de novas lições oferecendo aos transeuntes: eis um goleiro acessível, mais além se pode encontrar a pulga que vivia na orelha do magistrado, bem como ater-se a um suvenir de Curitiba, Bonito, Bichinho ou Jericoacoara, lá vai ele nessa estrada na qual tudo o que se move é sagrado, profana é a falta de dúvida, sim, deve-se duvidar da boa fé do divino e da maldade do tinhoso, de tudo se faz canção e caução, morar na filosofia requer astúcia da mímese, e algum provento ou aposentadoria pela providência ou pela previdência, deus é grande porra nenhuma, mesmo morto, vai pensando nisso enquanto entra na Rua Estevão Pinto, bebe algum espanto na Rua Caraça, algo mais no Beco do Espeto, e vai rumo ao limiar da
BECO DO MOTA REVISITADO Fogueira de noiva é açoite Falação moderna, eterna Nomes, sobrenomes na conta deste seu país. Proscrição da noite, pernoite Promissão aberta, incerta Garfos e talheres na sombra deste seu país. Porteiro na noite, açoite Profissão modesta, incerta Partos e prazeres à sombra desse teu nariz. Procissão se entorna, se enrosca Na testa da noite, afoita Talhos e saberes de sobra nesta sua Raiz. [...] ***** Reescrita parcial (DMC) desta antiga, bela e famosa canção da dupla de compositores BRANT / NASCIMENTO. Foto e texto: DARLAN M CUNHA
                                                                                       OS LADOS A pão e mágoa chegaste a mim. Aves no céu da boca percebi, mas a laranja na minha mão pareceu-te ter o nome teu ? Pensaste ficar. Sejamos como nunca fomos: nós de embarcações à deriva, vento nordeste embatendo vento sudeste.                                                              
CABAL Sobre a mesa estendido, o Tempo formou-se pão, luta natural, a boca do Homem avança para o corte matinal e come  a terra através do pão - faca e gravata junto ao pescoço do dia.
FILHOS DO SOL A pimenta veio das veias do mundo, dos seus subterrâneos e velocidades, a pimenta molha a tua boca e se faz medida para cada instante da tua escala de valores, sim, brilham na tua nuca grãos do areal onde há pouco, sob o sol e com um filho do sol rolavas. Foto & Poema: DARLAN M CUNHA
TÓPICOS PARA A COPA DO MUNDO: A BOLA A bola é espermatozóide em busca do prêmio - o gol.  Muitos na corrida desesperada. A TORCIDA: BAFANA BAFANA / BAFO DE MEL, FAVO DE CANA