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ETILÔMETROS: O BAFO DA LEI

Pela Constituição, ninguém é obrigado a produzir prova criminal contra si; e foi pensando assim, lembrando-se disso (apesar das coerções), que uma amiga se recusou a botar a boca no trombone, melhor, no etilômetro - popularmente conhecido como bafômetro. Ora, já cheios de malefícios de leis não cumpridas, já cansados e cansadas de favorecimentos, falcatruas de todo tipo em todos os escalões dos 4 poderes, o poviléu (do qual sou oriundo legítimo) anda meio desconfiado desta nova lei posta em prática a partir do dia 25 de junho de 2008 - LEI SECA. Algo acerca desta desconfiança eu ouvi ontem no Mercado Central de Belo Horizonte, quando alguém a alguém disse que estava "certo de que muito do que se aprovou foi também devido a incrementar as fontes de renda do poder público." Certo ou errado, as pessoas vivem sob tanta pressão que sempre desconfiam de Deus e - pasmem - até do Diabo !

Se se vai a um pronto-socorro, ou se se lê relatórios acerca da quantidade de pessoas mortas e das muitíssimas que ficam inutilizadas para sempre, com mil entraves, custos sociais, o pavoroso e insubstituivel custo psíquico, etc, não há como não estar ao lado de tal atitude legal, minimizadora da guerra do trânsito, a qual corrobora a de dezenas de Estados ou Nações - cada qual com seus detalhes. Por exemplo: no Canadá, isso vale até para guiar lanchas. Na Califórnia, isso vale até para ciclistas. No próximo domingo, dia seis de julho, entra em vigor um aperfeiçoamento da lei de trânsito, em Portugal.

A lei é severa. Quando estou "leve", arrasto-me para casa sozinho. Outra coisa: não tenho carro nem carteira de habilitação. Pode crer. Nunca me fez falta, embora saber dirigir seja algo tão pífio, tão fácil, que é difícil entender as razões de tanta parafernália especulativa, de tanto aparato de mordidas, de tanta burocracia, de tanta sevícia psicológica e financeira pra cima de quem quer, ou precisa, ter uma carteira de habilitação automotiva ou automobilística. Belos nomes que me lembram o livro Todos os Nomes, do José Saramago. Eu sei, tu sabes, nós sabemos. Isso dá verbo. Dá samba de enredo trágico.
foto e texto: DMC

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