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BOBA BOLA BALA É BABA BOA BISCA TU NÃO ÉS. OU ÉS ?












CONTOS DELINQUENTES 9,10,11,12

9.
Onde está Patty Boyd ?*

Essa pergunta surgiu-me na terceira madrugada de 2008, e então levantei-me para anotar algo, incentivado pela linguagem do excelente corpo deitado ao meu lado – o da insônia.

A sociedade esquece ou congela certas pessoas, atitudes ou fatos, e assim, estando eu à mercê destas elucubrações, picado por lancetas de inestimável valor para quem não tem pouco a dar nem muito a receber do social, eis-me debaixo de uma bípede dúvida: “O que foi feito de Patty Boyd ?”

*: Patty Boyd. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pattie_Boyd


10.

Sustenta parte do mundo a promessa

A mim mesma prometi este ano reformular conceitos tais abstrações tais ecos e tormentos de tipos vários, prosseguir sem cápsulas nem máscaras de fulana de sicrana ou de beltrana, enfim, nada de sirigaitas tocando bumbo e pandeiro no meu desjejum, isso porque

a mim mesma não prometo nuvens nem fundos pagãos, e muito menos a sua mais completa antítese, e assim é que com exemplos reais e próximos a mim, exemplos de galinhas velhas, gamelas velhas recuperadas por sua mais-valia ou auto-estima (outro termo da moda), digo:

Hora é de tirar a poeira de baixo da cama, varrer todo eco de homem de quem já lhe saiba eu os meandros, as foices, a gripe e os pedidos de vira-te !...


11.
Sem escolha automática

Pensando no rio como gênese e depósito de anseios milenários, nos insetos e efeitos do cio, penso no areal que é a sobra de carícias dos ventos e chuvas e do sol, penso nisso e estremeço sob tanta mordaça

sabendo que haverei de estar de forma cabal comigo mesma logo adiante, que deverei pôr nas mãos o rumo dos pés, pensando nos fios a trançar, nos túneis nunca descobertos, temendo declarações de amor e outras galáxias.


12.
Pensar que sou "uma triste e velha ruiva morando sozinha" ?

Chega-se a mim um frêmito sem raiz palpável, de nada lhe sei dos tufos de riso nem dos riscos que toda mão tem e que só os revela em propícia instância; sei do antúrio em busca da janela, e não da samambaia, sim

quase tudo tenho de triste, guardo algas nos pentelhos e ainda antes de me deitar (nunca durmo) atiro três ou cinco pérolas ao rubi, e bebo em caudal as ausências, porque sendo o que sou devo cuidar-me de mim e de ti.

*: De uma canção “sou um velho triste e ruivo morando sozinho".

DMC

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alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha