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Marco inicial do Brasil




Esta é uma Era de sensações levada a extremos de comer as entranhas do que, até então, era ponto de honra como, por exemplo, a U.S. Constituition, com as suas decantadas emendas. Hoje, após o que houve, não restou nada mais dela, pisoteada que está, pois qualquer coisa o Governo pode, através de qualquer funcionário reles, arbitar sobre os cidadãos.
Leio em algum lugar que alguém possa haver que não seja desta Era.
*

Crêem na ressureição os católicos, na reencarnação os budistas. Será porque seja muito breve a existência, e não pára nos portos, não avisa nas esquinas, não espera lhe dêem razões nem turcos nem gregos, nem árabes nem judeus, nem corretores de imóveis nem frases assindéticas na boca do móvel do crime: a vilãzinha da esquina ?
Crêem na renovação de suas águas turvas certos endereços políticos, gastando a sua verve em todo lugar, a qualquer tempo que se preste às simulações mais díspares. Cuida-te de mim, de ti, de quase todos. Enquanto isso, no fundo de uma execrável bitácula, bebo e ouço Credence Clearwater Revival. Beba do samba.
*

BRASIL

Foi num dia 31 de março que um pesadelo teve início, sim, descosturando o imerso, rasgando o emerso, ou pretensamente o assim visto, é..., as coisas foram num roldão, todos os fogos fazendo fogos de verdade: nada de armistício, nada de audições nas quais alguma crítica da razão pura pudesse ser manuseada. Alguns anos após o seu início, tantos eram os desfalques, a dívida se acumulara tanto sobre tantos seios e ânus, sobre tantos braços e pernas, línguas amputadas em seu pleno verão que, hoje, mal se pode crer que tudo tenha existido entre o nosso e entre tantos outros povos.
Muitas vezes dormia-se em casas alheias, na de parentes, ou não se o fazia em lugar algum, e os únicos tiros que eu havia dado (que os dei, e ainda frescos estavam, enquanto no Exército), antes de escrever e cantar o que fosse, aparentemente, de nada me serviram, e a tantos e tantas. Aparentemente, eu disse, porque eis que se mostrou forte a arquitetura de dentro para fora, eis que a cegueira achou por onde começar a gritar em direção ao sol, para além-lá do Nó.
*

DIABODIÁRIO

São rubros e rústicos os mamilos do Diabo,
deveras enormes em sua generosidade
os seios da Estirpe, bem como tenaz
em suas minúcias a língua
do Amorfo, sim, tudo cabe, nos cabe e entra de vez
pelas janelas abertas
de quem, cansado causador de Estigmas
e Apotegmas, dilui aos poucos na relva e no areal
restantes da Palavra o que era uma vez
se tornara padrão: o Amor.
Então, despertos, concluídos pelo Nada, levo
comigo a inscrição no imo, não uma reles tatuagem
na pele: Todo o Antes sou eu.
dmc

*
Acerca do dito numa entrevista:

Segundo o sociólogo italiano Domenico di Masi, o emprego fixo ainda não acabou, apesar de a direita política em certos países como, por exemplo, a França e a Itália, fazerem crer que sim. Pergunto, daqui do Paliavana, se o emprego, como o conhecemos, estaria em extinção, mesmo se constatando que 85% deles ainda são fixos, convencionais ? Lesta ou morosa será a morte do emprego ? Com sapinhos na boca ou com pruridos nas pudendas ? Prepara-te.
*
Tenebrosa mente

Aqui é o umbigo da escuridão: o princípio e o fim da busca. Aqui, todos os seres se confundem, se abrigam, se questionam...
Continue AQUI
*
Disillusionment

Oh, great dark city.
Let me forget.
I will not come
To you again.

Langston Hughes. The Weary Blues.

Comentários

  1. A existência é breve! Não páro de pensar nisso. Será que continua depois, será que não? Será que eu vou saber tudo o que eu não sei qdo eu for embora daqui?
    Tenho medo!

    bjs

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 mudança * De repente, de modo suave, você se lembra de quando chegou à cidade grande para continuar a estudar, depois veio o Exército, o emprego federal, mochila e violão nas costas, enfim, uma infinidade de erros, de riscos e risos, o amor que rói os tigres, de acordo com um livro cubano, se não me falha a memória com centenas de livros, se não milhares, sim, de repente, você pensa nas pessoas mudando de casa e de cidade, de postura perante a vida (uma luta difícil); quando se muda de casa, vai com a gente uma dupla sensação: de alívio, e de peso pelo que se viveu, a visão a partir da janela, tiques de vizinhos, uma praça e uma pessoa amiga com a qual foi possível conversa de gente grande. Neste momento, pessoas estão carregando ou descarregando móveis, apreensão e entusiasmo, que a vida é breve. *** Darlan M Cunha