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A PELE DO FUTURO Alguém desce a ladeira, consciente disso, vai e cruza consigo mesmo quando ainda era são,   quando não era estorvo, ou seja, antes de estar na vida branca dos muros entre os quais vêm de leve à mente todos os ontens anteontens e trasanteontes. Eis na borra da manhã o braço do estetoscópio e o sorriso brando, algo de velada despedida há na canseira onde alguém parou para escutar algo do futuro, enfim, porque o futuro também desce ladeiras.     Poema: Darlan M Cunha Foto: bg_noon2
Na alegria e na tristeza - meus pais Maria José e Elviro Ferreira Cunha (Elviro: *1922 - +2012) Setembro tem as suas próprias flores que durarão trinta dias, mas o perfume delas pode durar mais – como o calor de certos seres sobre nós. Foto e texto: Darlan M Cunha
  jabuticabeira sabará ( Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) Sabará, MG, Brasil Tão comum quanto pipas no céu são as esquivas dos devedores e as mil acrobacias dos vendedores; mas, se anciãos ainda há que jogam bochas e damas, é porque isso é o que lhes resta, ou o que lhes cabe nessa vida de morte severina de tempos modernos feitos só para até os de trinta anos. Ora, quando as formigas esfregam as patinhas na cabeça, é sinal de alguma preocupação, é alguma tática de aviso ou de sinalização pré combate, ou é mera formalidade para cumprimentar uma formiga do mesmo nível social ? Voltemos às jabuticabas, pois entreter-se com tais negrinhas é de bom tom. Foto e texto: Darlan M Cunha
O GAROTO o garoto pedala num beco de casas brancas com portas e janelas azuis e pedras irregulares sobre as quais ele cai mas sorri e continua como que rumo ao céu da boca da mãe Foto e poema: Darlan M Cunha
Itabirito, MG, Brasil PLANO B Na cidade das sombras, o teatro rói as perdas, socorre-se nelas o otimismo ferrenho, porque nada o faz desistir desta espécie de giroscópio que, embora sombrio, é um estetoscópio com o qual se nota o que se sabe entre atores e atrizes: que em tais lugares a abstração não comove ninguém, e assim o circo e o teatro - ases que se querem com luzes sobre o bem e o mal -, às vezes, ambos se abstêm de aqui e ali se cumprirem, mas teimam e desancam fonemas nas escadarias da cidade só sombras, pura taquicardia de assombros saindo de algum improvisado plano b. Foto e poema: Darlan M Cunha
O OITAVO SELO Casa de areia e névoa estes últimos trinta e um dias, que a vida é breve, mas o recado de ontem seguirá com abas abertas, ou não, sobre o caminho que agora se abre e se estende com todas as suas incógnitas, e nenhuma certeza, a não ser a de que o final da primeira madrugada está calmo, andróginos vazam ruas, vindos de festa, vindas do Nada, criaturas da noite abraçam o cansaço, ao longe, uma dúvida, algo inespecífico não se desgruda da gente que entra neste oitavo selo já com ares de pão velho, de estrada batida por invasores de bíblia nas mãos, os ossos do ofício seguirão dando as cartas, doentes estão os ossos de todos os ofícios, porque trabalhar esse trabalho cansa - o trabalho de viver num trapézio, na corda bamba de um circo cada vez mais pegando fogo, todos los fuegos el fuego, todos los juegos devem ser jogados, a postos os perdedores e os ganhadores, sim, luz em agosto já se faz. Poema: Darlan M Cunha Foto:
sabão de cinzas O RIO Ao largo dele, gente oca raspa a alma dos seus solstícios  no solo da cidade, até virarem pó os homens e as mulheres e o chão no qual todos pisam  ou se arrastam. Ao largo de falas, virtudes e som de motos, a serpe corrói os minerais do seu leito, vai cobrindo moças que lhe entram  e deixam marcas de crescimento nas lâminas prateadas e douradas dos peixes, sempre no imaginário de homens, bichos e plantas  a serpente líquida, espelho no qual tantos e tantas saltaram para o Nunca; e assim perfazem a glória do rio galhos e gomos, raízes robustas e frágeis de um solo conturbado, os frutos do mundo psíquico de cada um procuram-no com ânsia de bebês por mamilos. Foto e poema: Darlan M Cunha
Matriz da cidade de Lauro de Freitas - no entorno da grande Salvador, BA, Brasil. AEIOUAR Rosas e espinhos estalam no dorso azul e amarelo do dia. É tarde no mundo, é cedo no mundo, mas cansaço é bobagem, e assim aroeira e peroba falam disso; entre si, homens se cumprem cercando mulheres e babando na chita - quinhão natural deles, dizem, afoitos por mais veredas abrirem, que o sertão da vida alarga-se cada vez que se dá passo para longe do lombo da mula; mas, ao longe, outras bestas esperam nas esquinas de todas  as cidades do mundo, refestelando-se nas pontas de um cabresto sex machine, judeus e muçulmanos ocupados em seccionar pinto de bebês, enquanto éguas  e vacas e cabritas parem sobre rosas e espinhos, sempre as vísceras da manhã apascentando bichos humanos, antes que o diabo entre de vez no meio do redemoinho. Poema e foto: Darlan M Cunha
Revista Arraia PajéurBR Quero agradecer à Revista Arraia PajéurBR e ao Portal CRONÓPIOS o fato de terem incluído poema de minha autoria numa reunião literária deste nível, em papel. Darlan M Cunha ***** Revista Arraia PajéurBR volta a ser publicada A Arraia PajéurBR, uma revista de formato diferente que muita polêmica provocou em sua primeira fase, entre os anos 2000 e 2004, agora volta a ser publicada, neste ano de 2012, graças a um prêmio nacional que recebeu do Ministério da Cultura (MINC), o Prêmio Nacional de Pontos de Mídia Livre. O novo número da revista terá lançamento nacional nesta quarta-feira, 04 de julho, às 19h30, na Casa da Cultura de Sobral. Durante o lançamento haverá uma conferência do escritor Carlos Emilio Corrêa Lima, editor geral e idealizador da revista que abordará a importância e o real significado da novíssima antologia da literatura brasileira contida no bojo da nova Arraia PajéurBR. A realização é do Instituto ECOA.