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Homem infinito. Braga Tepi (1972).
*


Muitos vão ao contrário pela vida
como quem viaja numa poltrona
ao contrário num trem, alheio ao fato
real ou não de que não há nada anormal
por trás de uma porta ou num cérebro,
mas algum (fi)asco modula o clima geral.
À parte isso, diz a escultura, diz o homem
à parte isso, não tenho nenhum sonho
nenhuma abstração me comove; e assim
não sendo duna, permaneço firme
no mesmo lugar, isento de sonhar.

*
 poema: Darlan M Cunha
imagem encontrada e trazida de Peregrina Cultural  

https://peregrinacultural.wordpress.com/

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