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EM 1980, ESTIVE NO PERU... E NÃO HÁ COMO ESQUECER.


NEM NOITE, NEM DIA *


Nem noite, nem dia
o absurdo não avisa hora
para requerer moedas
aos filhos do sol; o absurdo é
música sem o aparato da clave
de sol, o alcance do lá
e as simbioses que a dor emite
através de um nó
maior (dó), que o absurdo
ejeta do assento as notas
em que esteja assente
uma diagramação bem formatada
de atitudes sociais, dentro delas
estás tu, todos nós – todos
os ambos, trios, quintetos
e octetos, todo o ror
(the horror, the horror).

Sempre noite, sempre dia
ovos imensos de pássaros,
aves e répteis estão nas ilhas
onde marinheiros de toda cepa
se estarrecem e se maravilham
com eles – os ovos
com o seu incerto futuro, que
o futuro já nos parece dente bambo.

Nunca a noite seja todo
o dia, vice e versa, nada
de amar o próximo, melhor
que se o conheça em sua noite
veloz, com a sua síndrome
de abstinência maior

a qual, talvez, seja a do amor.


Texto: Darlan M Cunha

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