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MANCHA NA PAREDE, RISCOS NA VIDA


O coração é lar vazio, bar em cujo balcão debruça-se uma só pessoa com um eco de solidão perpassando a tarde, ao longe, o mar (vive longe o mar), mais ecos misturam-se às pedras e espinhos, às vezes, ir é mesmo o melhor remédio, por caminhos com ou sem escadas, com ou sem repto maior, o coração pede passagem entre os enfeitados, vestir os nus é preciso, mas a praça tem algo a dizer: logo será noite outra vez, o bar vai fechar, e a igreja contará seus créditos de almas perdidas, pois é, pra quê almas fendidas ? (saiu do nada, da dor fingida / caiu na estrada, subiu na vida), perdidos e achados, secos & molhados (pensem nas mulheres mudas, teletrágicas), mas sinal fechado não é nome certo para um sentimento que está vago.

Arte e foto: Darlan M Cunha

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 mudança * De repente, de modo suave, você se lembra de quando chegou à cidade grande para continuar a estudar, depois veio o Exército, o emprego federal, mochila e violão nas costas, enfim, uma infinidade de erros, de riscos e risos, o amor que rói os tigres, de acordo com um livro cubano, se não me falha a memória com centenas de livros, se não milhares, sim, de repente, você pensa nas pessoas mudando de casa e de cidade, de postura perante a vida (uma luta difícil); quando se muda de casa, vai com a gente uma dupla sensação: de alívio, e de peso pelo que se viveu, a visão a partir da janela, tiques de vizinhos, uma praça e uma pessoa amiga com a qual foi possível conversa de gente grande. Neste momento, pessoas estão carregando ou descarregando móveis, apreensão e entusiasmo, que a vida é breve. *** Darlan M Cunha