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LÁGRIMA
















A ORELHA DA DÚVIDA, MAS NENHUMA FÁBULA


Fabricar a memória

mais com rugidos do que com silêncios, armando a tenda

sem que com olhos vendados tenha de vender a mercadoria

antes de raspar a salina e tratar-se da anúria.


Fustigar a história

seja com os raios da bicicleta ou com binômios espúrios

ou com as fibras que no chão do mercado dão testemunho

de que ali há frutos (gente ?), o típico torvelinho

do desperdício, certeza de que o amor é peça

singular, testemunho maior

do que é parte da memória: a febre.

DMC

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