
O compositor e cantor português Sérgio Godinho tem uma longa e respeitada trajetória na música de seu país, sendo por isso mesmo muito querido por todos. Assim como alguns artistas de várias áreas (portanto, nem todos), ele viveu e passou de maneira íntegra pelos anos negros da ditadura salazarista (presidente António de Oliveira Salazar, 1933-74). Ele tem muito bom relacionamento com músicos brasileiros. Suas longas e bem elaboradas letras refletem um cotidiano elevado, de inflexões filosóficas em que é facilmente perceptível a angústia de quem vê.
Eis aqui uma de suas letras:
O PASSADO É UM PAÍS DISTANTE
O passado é um país distante
que distante é a sombra da voz
o passado é a verdade contada por outro de nós
Estranho somFoto: JP Casainho
o da memória a recordar
ao longe reconheço a casa
e a língua familiar
estranho, o som da língua
na frase familiar
o mar
galgou numa outra língua, o mar
nunca será demais lembrar
é um outro olhar para outro olhar
Estranha sombra
a que por vezes cobre o olhar
dir-se-ia que escurece só
p´ra então iluminar
as sombras a retalho
na face familiar
o mar
galgou por sobre a sombra, o mar
nunca será demais lembrar
é um outro olhar para outro olhar
Estranho sono
o que nos faz rememorar
na rua paralela o passo
outrora familiar
há casas tão mudadas
na rua familiar
o mar
galgou por sobre a rua, o mar
nunca será demais lembrar
é um outro olhar para outro olhar
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