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     Ainda hoje ele diz não ter cometido o ato do qual muitos o acusam, não todos, e assim ele se agarra ao que rediz, certo de que nenhum morador de vereda, sertão, caatinga, restinga, istmo, ilha, pântano ou floresta, ou da metodologia urbana, sujeita a vidro-cegueira, asfalto-surdez e concreto, poderá provar ter praticado o ato que o colocou em evidência judicial, que o colocou no escuro, no ostracismo (palavra antiga exalando conceito sempre revigorado essa palavra é). Há quem veja e ouça o que inexiste, e faz com que acreditem nisso outras pessoas; mas que tipo de crime pode ou não pode, deve ou não deve cometer uma criatura que maneja um livro, que entra e/ou sai pela boca de sua ótica, do conceito de vida que ali naquelas páginas está ? O que pode gente que lê, senão identificar certas poeiras, micoses, razias, a letargia de certos psiquismos, e assim evitá-las ? Basta? Texto: Darlan M Cunha Arte: Brigadefoice , para o Jornal Rascunho.

bala com bala

Bala Com Bala João Bosco A sala cala e o jornal prepara quem está na sala Com pipoca e com bala e o urubu sai voando, manso O tempo corre e o suor escorre, vem alguém de porre Há um corre-corre, e o mocinho chegando, dando. Eu esqueço sempre nesta hora (linda, loura) Minha velha fuga em todo impasse; Eu esqueço sempre nesta hora (linda loura) Quanto me custa dar a outra face. O tapa estala no balacobaco e é bala com bala E fala com fala e o galã se espalhando, dando. No rala-rala quando acaba a bala é faca com faca É rapa com rapa e eu me realizando, bambo. Quando a luz acende é uma tristeza (trapo, presa), Minha coragem muda em cansaço. Toda fita em série que se preza (dizem, reza) Acaba sempre no melhor pedaço. ***** Arte e foto: KAMEL YAHIAOUI
Sem ruínas não se vive ? Para Don Quixote, e para muitas outras pessoas, parece que não há como se livrarem de escombros, dos moinhos sempre prontos a triturar os melhores grãos da humanidade, levados de roldão junto com o joio, descartados no dia-a-dia. Texto: Darlan M Cunha Arte: Alves (Folha de São Paulo, maio 2013)
O escritor anônimo - Budapeste, Hungria MÁDIDO Os parques de diversões e as praças estão cheios não só de desocupados e de vítimas da síndrome do pânico e de várias outras síndromes, bem como de pais divorciados, luzes apagadas, problemáticos, mães e pais distanciados uns dos outros levam suas crianças ao parque, brigando na justiça, seus gritos não são bem ouvidos pela vizinhança em geral, uma que outra mão lhes deseja bom o dia, enquanto as crianças estão aqui e ali, esperando com quem ficar, a quem pertencerão no próximo fim-de-semana, sob que teto serão enfiadas, mordendo o capim da inocência, os fios primeiros de sua teia, comendo o veneno de um bolo preparado a dois. Assim é como se prepara o incerto futuro da sociedade. Percebendo que corre perigo, mesmo com tantas vertentes, tantos caminhos, o futuro não sabe que drogas injetar no cotidiano, de quanta vigília a mais necessitará para torná-lo dependente e irradiador irreversível, que idílios traficar para alici
SÁTIRA Sim, vou acreditar que as cartas já estão marcadas, sem dúvida, espalharei este modo de vida de acreditar que nossas decisões e atos são tão somente maquinações de um universo já predeterminado, e que o conceito de liberdade é só uma confortável ilusão. Fingirei que creio, enquanto ponho espigas de milho na água com sal e manteiga. Texto: Darlan M Cunha Imagem: lukesurl.com
As crianças riem de tudo - ridentes, risonhas, risíveis, são de trato fácil essas criaturas cuja mente é tão distante do que é humano, que é difícil imaginar, em sã consciência, que sejam filhos e filhas de humanos. As showciedades fazem tantas coisas contra as crianças, que elas logo se tornam humanas, sendo que, de melífluas feito abelhas, elas passam a ser criaturas atarantadas pelos terríveis problemas inerentes a tal fato, sob consequências irremediáveis, a partir de quando uma criança se descobre sem pai e sem mãe numa showciedade de pavios acesos, showciedade com tantas leis, que uma invalida outra, cada uma amputando algum membro de outra.  Texto: Darlan M Cunha Foto: Blog Biblioteca do MPT/RN